GRAMADO –“Ficamos um pouco chateados, pois é um sonho que tu sonha por anos, planeja durante um ano todo e, em uma semana, tudo muda”, conta Juliane Wimmer, 27 anos, que estava com o casamento marcado para o final de semana passado, dia 21, e precisou cancelar a cerimônia religiosa poucos dias antes da tão esperada data. “Óbvio que não queríamos que acontecesse, mas é hora de pensar no coletivo, ter responsabilidade com todos. O mais importante é manter a segurança e a saúde das pessoas”, acrescentou.
Juliane e seu noivo, Felipe Roldo, 27 anos, estavam com o casamento marcado há meses. O civil foi realizado na sexta-feira (20) e a cerimônia religiosa ocorreria no sábado, 21, na igreja São Pedro. “Escolhemos a data há mais de um ano, quando começamos a organizar, reservar a igreja, local pra festa, DJ, fornecedores, fotógrafo…”, conta a noiva, agora esposa, já que o casamento no civil ocorreu normalmente.
A recém-casada conta que até uma semana antes estava tudo normal, e que aguardava apenas a chegada da tão esperada data. “Pra nós, até domingo (15) estava tudo certo, aqui em Gramado estava tudo ok ainda”, conta. “Na segunda-feira (16) mudou o cenário e a cerimonialista me ligou dizendo que teria a reunião na Prefeitura, aquela primeira, e possivelmente teríamos que cancelar o evento”.
MUDANÇA DE PLANOS – “Ficamos frustrados, pois mudou da noite para o dia. Na segunda-feira começou a dúvida. De início pensamos que como não havia casos no município, estava tudo ok, que poderíamos manter o casamento”, conta Juliane. “Mas aí as coisas começaram a agravar e os próprios convidados começaram a avisar que não iriam vir por conta da pandemia. Aí passamos a refletir como seria nosso casamento nesta situação e na quarta-feira aguardávamos o decreto para saber o que faríamos”.
“NÃO EXISTE CASAMENTO SEM AFETO” – Manter o casamento diante de tais circunstâncias começou a soar inviável para os noivos ainda antes do decreto de quarta-feira (18), pois a falta de alguns convidados e as recomendações de evitar contato poderiam não dar à celebração a sua verdadeira essência. “Chegamos à conclusão que não existe casamento sem abraço, sem beijo, sem afeto, sem demonstração de carinho. É um momento muito importante para nós e para quem participou da nossa história”, conta Juliane. “Sem poder ter contato físico, não teria emoção”, complementa. “Tínhamos medo também que as pessoas iriam por nós, mas com medo, e na quarta-feira vimos que o melhor era cancelar, mesmo já tendo pago parte das coisas”.
A decisão dos noivos foi, então, de manter o casamento civil e remarcar a cerimônia religiosa. “Nada se compara a ter uma festa onde as pessoas se sintam seguras, saudáveis, felizes, envolvidas com o momento. Começamos já na quarta-feira a desmarcar, procurar os convidados um a um e explicar a situação. Já na quinta-feira vimos que tomamos a melhor decisão”. Os noivos já mudaram para a casa nova, que estava pronta e aguardava o casamento. Agora, esperam a situação atual passar para realizar a tão sonhada cerimônia religiosa e a festa em segurança, ao lado de quem amam.