Tiago Manique
REGIÃO – O que está ocorrendo em todo mundo, com milhões de pessoas confinadas em casa de quarentena por tempo indeterminado está sendo desafiador. Com a pandemia do coronavírus, além da preocupação com a saúde deste inimigo invisível o fato de não poder sarui de casa e trabalhar, além das dificudades econômicas se apresentando está gerando preocupação, em alguns caso o pânico o que pode afetar a sáude mental das pessoas.
A psicóloga Flávia Bolognesi, foi convidada pela reportagem do Jornal Integração para esclarecer e de certa orientar os leitores de com tenyar proceder nestes momentos e conter a ansiedade. Além disso, falou de algumas discussões em redes sociais sobre o tema, esclarecimentos em fontes confiáveis e também da melhor forma dos pais administrar a ansiedade dos filhos impossibilitados de frequentarem a escola.
A entrevista
Jornal Integração: Como combater ou tentar amenizar o avanço da pandemia do coronavírus?
Flávia Bolognesi: Estamos diante de um vírus novo, aonde sabemos que ainda tem muito a ser esclarecido sobre ele. Portanto, a forma mais sensata de tentar amenizar o avanço da pandemia do coronavírus é seguirmos as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e a conscientização das pessoas quanto a seriedade desta pandemia é preocupante, pois muitas das quais não estão dentro do que se diz grupo de risco, ainda permanecem com algumas condutas incoerentes ao momento. É hora de se resguardar, proteger a si mesmo, ter empatia e respeito ao próximo, principalmente tendo a consciência de proteger ao outro. Evitar aglomerações e reuniões, evitar o contato pessoal, o abraço tão importante, mas é uma fase e precisamos levar em consideração a gravidade disso tudo. Sejamos responsáveis pelo combate à disseminação deste vírus, façamos cada um nossa parte, higiene das mãos com água e sabão, o álcool gel, enfim.Vamos seguir as orientações tão constantemente apresentadas pela mídia, sejamos conscientes, não dá para ficar na postura de que comigo não vai acontecer. Ninguém quer perder um familiar, amigo e uma pessoa querida.
JI: Percebemos nestes dias, muitas pessoas em redes sociais ou grupos de waths compartilhando mensagens e áudios muitas vezes com notícias falsas e até ocorrendo discussão entre amigos por conta disso. É a tensão do momento ou parte da população gosta de absorver notícias negativas, porquê isso ocorre?
FB: Com certeza o momento vivenciado, traz junto dele uma sensação de medo e incertezas diante do futuro e nós como seres humanos, temos uma tendência de querer estar seguros e “no controle” de nossas vidas. E neste momento, estamos vulneráveis a essa situação. Está tudo incerto. Estamos inseguros com questões de emprego, finanças e preocupados com o que acontecerá. Existem pessoas com um perfil destrutivo, que se apropriam destas situações, destas notícias para disseminar o medo e a angústia nos demais, através das redes sociais. Pessoas que precisam de auxílio psicológico, pois muitas vezes se “sentem bem” quando está acontecendo uma tragédia. Precisamos nos proteger e evitar ficarmos assistindo o noticiário o tempo todo, temos que estar informados, mas não absorver todo o tipo de conteúdo vindo da mídia e principalmente evitar entrar em discussões nas redes sociais é um desgaste muito grande, as pessoas tentam opinar, cada um com seu ponto de vista e o respeito acaba quando o outro prefere ter razão se instalando um bate boca virtual. Temos sempre os dois lados da situação e cada um tem sua razão.Equilíbrio e coerência são as palavras de ordem e evite se contaminar com esse tipo de situação, se afaste e você ficará bem melhor.
JI: Uma das grandes preocupações é que o isolamento, principalmente nos idosos e nas pessoas de outros grupos de risco podem ocasionar em problemas psicológicos, em virtude de estarem em confinamento. Como que as famílias e os próprios podem fazer para que não tenham algo neste sentido?
FB: Realmente é grande a preocupação com a questão da saúde emocional das pessoas, diante de toda essa situação de isolamento social. O momento é delicado, precisamos entender que sentimentos negativos vão fazer parte de nós em muitas situações nesses dias, precisamos nos reorganizar diariamente e manter uma ocupação em casa, ter algumas tarefas para realizar e evitar o ócio. Evitar ficar pensando diretamente no problema, em como solucionar tudo isso. O momento é de esperar, não temos muito o que fazer, então, o que podemos é estarmos conscientes de que a criatividade terá que ser uma constante para que possamos desfrutar de nossas casas e das pessoas que convivem conosco. Muitos de nós, profissionais da área da psicologia, se colocam à disposição para conversar, mesmo que virtualmente, dando esse suporte psicológico e auxiliando as pessoas a enfrentarem esse momento. Se você sentir vontade de conversar, se tiver muito difícil enfrentar esse momento, peça ajuda., estamos aqui para isso.
JI: Autoridades de saúde orientam sobre os cuidados na higienização em virtude do coronavírus. O excesso de zelo pode tornar algo neurótico por parte das pessoas?
FB: Os cuidados com a higiene em virtude do coronavírus são indispensáveis. Com certeza, pessoas que possuem uma tendência, ou mesmo um histórico de Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) de ansiedade por contaminação, podem sim desenvolver esse quadro clínico. A importância da higiene está associada aos hábitos necessários, dentro de um padrão, mas que este não seja um gatilho para comportamentos compulsivos e excessivos. Todo excesso pode gerar uma ansiedade e se você possui essa tendência, fique atendo e busque ajuda profissional, caso os sintomas fiquem mais frequentes.
JI: Com muitas empresas paralisadas, o empresário pode ter que demitir ocasionda pela crise econômica e o empregado sofrer com o desemprego. De que forma a pessoa administrar esta situação?
FB: Infelizmente essa situação está afetando economicamente todas as pessoas, tanto o empresário, como o empregado, cada um dentro de sua realidade. O desemprego poderá ocorrer e vai trazer junto dele muitos quadros de pessoas depressivas e ansiosas. E este é o ponto chave da questão. O empregado entender que essa demissão tornou-se necessária, por questões de força maior que não foi por culpa dele nem de seu desempenho. Evitando reforçar um pensamento negativo de si mesmo, de incapacidade e de desespero. Sabemos que não é fácil ficar sem emprego, mas não podemos permitir que além de não ter o trabalho, a pessoa perca a razão e deixe o desespero e a angústia tomar conta. Temos que evitar que seu psicológico, já afetado, fique ainda pior e interfira no enfrentamento que será necessário após tudo isso passar. Vamos sofrer com o desemprego, mas teremos que ter energia para recomeçar depois. O momento é tenso e incerto e se você tiver que enfrentar o desemprego, se apegue na sua família e evite qualquer tipo de vício. Estamos vulneráveis a essa situação, a ansiedade e o medo estão presentes. Mas vale a pena lembrar que os desafios virão e temos que entender que estamos aqui para aprender com eles, evoluir, refletir sobre novas possibilidades. Temos que ser otimistas também, pensar que isso vai passar vai haver uma saída, na medida que for passando o tempo.
JI: Qual orientação aos pais junto a crianças e adolescentes, principalmente de conter a ansiedade e conseguir mantê-los em casa com a mente saudável, já que a orientação é de permanecer neste período em quarentena?
FB: Os pais, em primeiro lugar precisam ter paciência com seus filhos que estão em casa, cheios de energia. Desenvolvam a tolerância e não deixem de praticar a construção de hábitos saudáveis. Estabeleçam uma rotina para eles, flexível, mas que siga um padrão. Ter horário para dormir, fazer refeições, estudar, realizar tarefas e lazer. Aproveitem esse tempo juntos para conversarem, convidem seus filhos para realizar algumas tarefas de casa juntos. Também, aproveitem para conhecer ainda mais seus filhos, se permitam assistir um filme, ou fazer uma atividade que eles mesmos possam sugerir. Sair do mundo adulto e entrar no mundo deles é importante, não se apeguem tanto a ficarem corrigindo ou criticando o tempo todo seus filhos.
Ao invés disso elogiem e demonstrem carinho e amor por eles. Desejo que consigam ver a oportunidade que esse momento também oferece de viver em família, estreitar os laços e desenvolver um novo jeito de ser, ao lado de quem realmente importa. Força e coragem a todos.