Coluna publicada no dia 11/07.
Guilherme Dettmer Drago. Sócio de Reimann & Drago Advogados. Professor universitário.
Era uma vez um mundo globalizado, onde os países faziam juras de amor eterno ao livre-comércio — até que a conta chegou. E, como sempre, quem paga é o povão, aquele mesmo que parcela carne moída no cartão e acha que “geopolítica” é nome de remédio pra coluna.
Donald Trump, o bom e velho cowboy do nacionalismo econômico, decidiu bater na porta do Itamaraty com uma carta nada cordial: 50% de tarifa sobre produtos brasileiros. O Brasil chorou. A esquerda bradou “imperialismo!”. A direita, “soberania!”. E os industriais… esses já estavam em Miami comprando iPhones.
A medida, é claro, foi recebida com aquele ar de surpresa hipócrita por parte de quem ainda acredita em igualdade comercial entre uma Ferrari e um Fusca 72. Sim, meus caros, o Brasil não tem como competir com os Estados Unidos em termos de poder, influência e capacidade de negociar.
E antes que o camarada da camisa vermelha comece a recitar Karl Marx na padaria, é bom lembrar: a esquerda vem tropeçando nas próprias utopias mundo afora. Na Europa, virou figura decorativa. Na América Latina, virou motivo de piada ou tragédia. E no Brasil? Ah, no Brasil ela sobrevive na bolha de hashtags, debatendo revoluções em salas com ar-condicionado e com um Rolex no pulso.
A verdade é que o jogo virou! Não se trata mais de economia, competitividade ou PIB. Isso agora é geopolítica pura, crua e com um tempero amargo de realpolitik.
As grandes potências tratam de proteger os seus — e o resto que se vire com os prejuízos. Multilateralismo? Só se for no discurso da ONU, enquanto drones sobrevoam alguma república esquecida.
O novo mantra do mundo é: proteja o seu, taxe o do outro e abrace o conservadorismo de mercado com a fé de um religioso fervoroso. E o Brasil, perdido entre slogans vazios e promessas de “potência verde”, continua a ser o bom e velho exportador de commodities, com selo de qualidade e imposto de importação.
Enquanto isso, o brasileiro segue pagando a conta — do pão, da gasolina, do plano de saúde, e agora, das tarifas norte-americanas. Mas tudo bem! A gente já se acostumou a pagar por aquilo que não consumiu e a aplaudir quem nos chama de “parceiro estratégico” com uma mão no bolso e a outra no mouse, comprando pelo AliExpress.
E viva o novo mundo! Com bandeiras antigas! E tarifas novíssimas!
Conselho final do tio: tem um dinheirinho guardado? Pois então dolarize!! O quanto antes!!