Quem é ela?
Fotógrafa
Como se define?
Sonhadora, determinada e destemida, muitas vezes teimosa e sempre fiel aos seus valores e propósitos.
Marta é natural de Constantina/RS. Nasceu em 24 de abril de 1987. É filha de Gilmar e Lenir e tem dois irmãos: Maiara e Giovani.
Sua trajetória escolar iniciou na Escola Joaquim Nabuco. Depois seguiu seus estudos no colégio São José, onde concluiu o ensino médio e depois cursou cinema pela PUC/RS.
Hoje morando em Gramado trabalha como fotógrafa. Vive um relacionamento sério com Luca Tomazi e tem um filho, Daniel, de 10 anos.
Seu sonho de menina e o que marcou sua infância?
Tive uma infância tranquila. Brincava com os amigos da vizinhança, adorava brincar de escolinha, de Barbie ou de casinha e muitas vezes acompanhava meus pais na roça, eles são agricultores. Mas, desde criança eu sabia que não queria ficar lá, queria algo mais, algo diferente que eu não sabia bem o que era. Uma das coisas que eu mais gostava de fazer era recortar as fotos mais lindas das revistas de moda que eu ganhava e colava em cadernos, como se estivesse trabalhando como editora de revista. Eu gostava do belo e queria trabalhar com comunicação, só não sabia que me comunicaria através da fotografia. Cheguei a cursar quase um semestre de jornalismo em Chapecó/SC, mas vi que não era para mim, por conta da timidez. Em seguida, mudei para o curso de design de produto. Mais uma vez foi uma escolha errada. Até que ganhei uma bolsa para o curso de cinema da PUCRS em Porto Alegre. Ali eu dei pulos de alegria; Iria morar numa cidade que eu achava incrível e estudar algo fora do padrão, podendo exercer meu lado criativo e sonhador.
Profissional:
Quando e como você sentiu despertar o interesse pela sua profissão?
Durante a faculdade percebi que as aulas de imagem me interessavam mais. Lembro até hoje de um exercício em que precisávamos contar uma história com apenas 9 fotos, testando ângulos, enquadramentos, luz, cores e desafiando nosso olhar para nos conhecermos. Ali me apaixonei pela fotografia, pois não se tratava apenas de congelar uma imagem, mas contar uma história com ela. Vai ver por isso até hoje o storytelling (narrativa) é tão importante pra mim. Quando você conhece a história daquela foto ela ganha mais valor. Era o auge do Orkut e publicava algumas fotos desses experimentos. Até o dia que uma menina que precisava de fotos para seu book de modelo viu e veio orçar comigo. Até ali eu não imaginava que ganharia dinheiro com a minha fotografia. Fechamos o ensaio e com ela vieram mais quatro amigas. E as clientes foram se multiplicando, nunca mais parei. Isso foi por volta de 2009, eu cobrava R$ 50,00 por um ensaio feliz da vida. Não pelo dinheiro, mas porque eu tinha algo que fazia com que as pessoas se conectassem comigo e estava encontrando meu propósito.
O início de tudo:
No final da faculdade eu já sabia que seria fotógrafa, mas os trabalhos eram esporádicos e eu precisava praticar, precisava aprender mais. Então assim que me formei arrumei meu primeiro trabalho logo num estúdio fotográfico. Carteira assinada, 8 horas diárias, 5 dias por semana. Essa era a minha rotina no estúdio fotográfico do Everton Rosa, em Novo Hamburgo. Eu diagramava álbuns e fazia tratamento de imagem. Aprendi muito nesse lugar, foi de fato meu início, pois antes eu só sabia na teoria. Foi ali que aprendi a mexer nos programas de edição e desde então incentivo tanto meus clientes a terem um álbum para chamar de seu, como se fosse um livro contando parte da sua história. A questão é que eu não consegui me ver presa dentro de uma sala, na frente do computador o dia inteiro. Eu queria mesmo era fotografar e me encantava trabalhar com luz natural, não gostava da luz artificial de estúdio. Chegou o momento em que eu precisei ter a coragem para arriscar e correr atrás do que eu queria, mesmo sem garantia nenhuma de que aquilo daria certo pra mim. Conversei com minha família e eles apostaram em mim: Ganhei minha primeira câmera fotográfica. Antes eu fotografava com uma cybershot da Sony e contava com o empréstimo de câmera dos amigos.
A responsabilidade:
Quando ganhei a câmera veio junto a responsabilidade de bancar sozinha meu sustento. Eu precisava fazer dar certo. Então tomei uma decisão: mudei para o Rio de Janeiro. Eu tinha grana para bancar meus custos por um mês lá. Se não desse certo, voltaria para o sul. Eu morava com uma amiga lá, que me apresentou para os amigos atores dela e comecei a fazer fotos para eles usarem nos testes da TV. Quando percebi, eu estava com muito trabalho, conheci muita gente interessante, fiz muito portfólio e fui ganhando a confiança dos clientes e de mim mesma. Ali eu acreditei e assumi que era fotógrafa.
Seus maiores desafios:
Depois de 2 anos no Rio de Janeiro, aconteceu algo que eu não planejava para aquele momento da minha vida: Eu estava grávida do Daniel. Foi um misto de felicidade com desespero. Um grande susto, na verdade. Eu sabia que tudo mudaria e precisava mais uma vez fazer escolhas e tomar decisões difíceis. Decidi voltar para o sul e ter meu filho perto da família, com o pai dele. Depois que passou o susto e eu entendi que eu não precisaria parar de fotografar, aquele filho que estava na minha barriga me deu mais incentivo, me deixou mais forte e ainda mais corajosa. Não sei o que acontece quando a gente vira mãe, mas a confiança aumenta e o fato de sermos responsáveis por mais uma pessoa faz com que a gente não tenha medo de mais nada. O Daniel nasceu e depois de 5 anos outra mudança acontecia na minha vida: a mudança para Gramado. Desde a adolescência eu sonhava em morar aqui. Minha primeira vinda pra cá, numa excursão da escola, foi na época do Natal Luz e a cidade parecia mágica pra mim, lembro dos detalhes até hoje. A minha sorte foi chegar aqui e conhecer pessoas que foram essenciais nesse momento da minha vida: O Lucas do Gramado Blog e Nathália Tondo (Benta ateliê), que me indicaram e trouxeram os primeiros trabalhos na cidade. Desde então nunca mais parei e hoje estou numa posição ou num lugar que sempre sonhei em estar.
Como você consegue conciliar a vida pessoal com a profissional?
É quase impossível separar vida pessoal da profissional. Tem cliente que vira amigo e tem amigo que vira cliente. Muitas vezes carrego o filho junto comigo para trabalhar, quando possível e outras vezes conto com a ajuda da minha sogra ou do namorado para ficar com ele, pois não tenho a família por perto. Aprendi a criar minha rede de apoio e tem dias que corro de um lado para o outro para dar conta de tudo. A empresa sou eu, seja no atendimento, na edição, na diagramação de álbuns, na elaboração dos contratos… O que menos faço é fotografar! Mas, faço questão de conhecer muito bem o cliente e me conectar com ele e sua história, pois muitas vezes para nós fotógrafos pode ser mais um trabalho, enquanto para eles aquele momento do ensaio é único, não vai ser repetir. Então no fim das contas, não é só sobre fotografia, é sobre fazer com que aquele momento tão especial para o cliente viva para sempre.
Suas maiores conquistas:
Tive pequenas conquistas valiosas nesses anos como fotógrafa: uma delas foi o Prêmio Troféu Seleção 2022 do Jornal Integração. Garanto que quando fiquei sabendo da notícia passou um filme na minha cabeça, pois lembrei de todos os desafios, de como parecia tão impossível dar certo numa cidade tão “disputada” com tantos profissionais talentosos na minha área buscando seu lugar ao sol. Saber que tantas pessoas que não me conhecem, mas que de alguma forma acreditam no meu trabalho (mais do que eu muitas vezes) me escolheram para estar ali foi surreal. Outra conquista foi no dia em que peguei a chave da minha sala comercial. Olhar para aquela sala vazia e branquinha e saber que ali seria meu cantinho para criar, fotografar, receber clientes e escolher cada detalhe que faria parte desse espaço, do jeito que eu sempre sonhei, me trouxe mais ainda o senso de responsabilidade e a certeza de que estou trilhando o caminho certo.
Sua mensagem:
O meu recado para as mulheres leitoras desta coluna é este: “Não tenham medo dos desafios, eles vêm para nos tornar melhores e para conhecermos partes de nós mesmas que muitas vezes nem imaginávamos que tínhamos. E espero que todas nós possamos encontrar uma forma genuína, espontânea, verdadeira de deixar nosso legado e conquistar nosso lugar no mundo através da nossa profissão. E por fim, que em algum momento da nossa vida possamos trabalhar com o que gostamos e do jeito que acreditamos. Eu cheguei nesse momento, e apesar dos altos e baixos, recomendo! Chegar no final do dia, deitar a cabeça no travesseiro e ter a certeza de ter feito as escolhas certas faz tudo valer a pena”.