Coluna publicada no dia 04/07.
Guilherme Dettmer Drago. Sócio de Reimann & Drago Advogados. Professor Universitário
Senhoras e senhores, preparem-se: o Brasil está prestes a cometer uma heresia econômica. Não, não estamos falando de imprimir dinheiro sem lastro — isso já é rotina.
A novidade agora é que o governo resolveu mirar seus canhões fiscais para o topo da pirâmide: os super-ricos. Sim, aqueles abençoados por Deus, pelo mercado e por consultorias tributárias especializadas. O novo alvo da vez é quem realmente movimenta esse país — e, claro, também movimenta seu patrimônio para fora dele quando necessário.
O plano, vendido como “justiça social”, parte da premissa curiosa de que quem tem mais… deve pagar mais. Um disparate lógico digno de quem acredita que o Estado sabe melhor do que o investidor como aplicar recursos.
O governo, com sua alma franciscana e um tesouro esburacado, decidiu que chegou a hora de reequilibrar a balança. Não cortando gastos, claro — isso é para os fracos! A solução é tributar quem produz riqueza, como se fosse fácil.
Imagine o trauma: um empresário que acorda às seis da manhã para gerir dez CNPJs, driblar a burocracia estatal e ainda ter que pagar impostos sobre seu fundo nas Ilhas Cayman. É muita opressão para uma só holding!
O governo, em sua cruzada igualitária, parece acreditar que todos devem andar de metrô e usar o SUS com alegria patriótica. Uma visão poética, quase bíblica! Mas a realidade é outra: o país não funciona sem os super-ricos! São eles que constroem, contratam, exportam, financiam campanhas e — veja só — até doam cestas básicas quando convém. Uma verdadeira elite humanitária.
Mas o discurso oficial é sempre o mesmo: “precisamos combater a desigualdade”. Um mantra bonito, embora raramente inclua diminuir o próprio número de ministérios ou rever as emendas do centrão.
Melhor mesmo é demonizar o sucesso alheio e vestir o Robin Hood vermelho! Taxar bilionário virou símbolo de virtude, ainda que a conta final continue caindo no CPF de sempre: o do médio empresário, do profissional liberal e do autônomo que paga tudo e não sonega nada porque não pode.
No fundo, tudo isso tem cheiro de vingança ideológica. Uma revanche contra quem venceu o jogo da economia, por parte de quem nunca conseguiu entender as regras. Transformaram a inveja em política tributária. E ainda batem palmas no plenário.
Aos poucos, o Brasil vai consolidando um modelo econômico inovador: o do “castigo à eficiência”. Um país onde empreender é heroico, lucrar é crime e ficar rico… bem, isso agora virou pecado capital.
Mas fiquemos otimistas: se sobra governo e falta bilionário, talvez em breve sobre só o governo. Aí sim, todos estaremos finalmente iguais — na miséria, mas com muita justiça social estampada nos boletins oficiais.