Coluna publicada no dia 20/05.
Pelo que se depreende da fala do vereador Nene Abreu, de Canela, na conversa que teve com o secretário de Turismo, Rafael Carniel, até o momento não há definição sobre a contratação dos artistas para a Festa Colonial. Vale lembrar que essa é uma questão antiga e que faltam menos de 60 dias para o evento. O episódio do Ofício de Trevas passou despercebido na ocasião—talvez por ter sido o primeiro—mas, se vier a se repetir, o que acontecerá?
Com as devidas vênias pela insistência: é necessário parar de atribuir a culpa exclusivamente às pessoas. O problema, neste caso, reside no sistema. A Prefeitura de Nova Petrópolis, por exemplo, já firmou há alguns dias um convênio com o Sindicato Rural da sua região (Nova Petrópolis e Picada Café) para a realização do evento municipal, destinando R$ 400 mil à iniciativa.
Segue um trecho do comunicado oficial: “O Poder Público Municipal e o Sindicato dos Trabalhadores Agricultores Familiares de Nova Petrópolis e Picada Café firmaram um termo de fomento nesta quarta-feira, 14 de maio, no Gabinete Oficial. O prefeito de Nova Petrópolis, Daniel Carlos Michaelsen, e o presidente do Sindicato, Ari Arsênio Boelter, assinaram o Termo de Fomento nº 059/2025, que prevê o repasse financeiro de R$ 400 mil pelo Executivo Municipal para a realização do Festival Sabores da Colônia 2025. O evento será realizado de 27 de junho a 6 de julho, na Rua Coberta do Município, com entrada gratuita. O Festival Sabores da Colônia 2025 é uma iniciativa da Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente e da Secretaria Municipal de Turismo e Cultura, em parceria com o Sindicato dos Trabalhadores Agricultores Familiares de Nova Petrópolis e Picada Café.”
Saia justa
Os vereadores de Gramado derrubaram o veto do prefeito Nestor ao projeto de lei do vereador Republicano Roberto Cavalin, que estabelece preferência de vagas para irmãos nas matrículas em escolas municipais. Durante a sessão de ontem à noite, os vereadores que se manifestaram focaram na legalidade do projeto e destacaram que a lei não obriga a criação de novas vagas e não gera custos ao município, reforçando que a prática já ocorre na rede municipal, tratando-se apenas de uma formalização. A posição cautelosa era perceptível, visto que todos fazem parte da base governista.
O líder do governo, Nery da Farmácia, optou por não se pronunciar na condição de líder, mas, como vereador, defendeu a derrubada do veto. A relatora do projeto, doutora Maria de Fátima, argumentou que a tramitação seguiu conforme a legislação federal, citando inclusive precedentes do Supremo Tribunal Federal (STF). Também se manifestaram as vereadoras Professora Denise e Vivi das Damas, além dos vereadores Rafael Ronsoni e Pedro Lazaretti. A vereadora Fernanda Schüt não participou da sessão por questões de saúde.
Dos presentes, apenas o autor do projeto e o presidente da Casa, Ike Koetz, não se manifestaram.
O veto foi baseado na alegação de inconstitucionalidade, sob o argumento de que os vereadores não teriam competência para legislar sobre o tema. A procuradora do município, Mariana Reis, mantém essa posição e segue defendendo a invalidade da norma. No entanto, a lei agora está em vigor e, caso não seja anulada judicialmente, continuará valendo.
Monólogo
Parece que os vereadores enviaram um recado coletivo ao Prefeito. Há reclamações de que, ao participarem das “reuniões” com ele, não têm espaço para serem ouvidos—apenas escutam, sem poder se manifestar.
Quanto ao veto, conforme apurado pela coluna, o Prefeito esperava que os vereadores o mantivessem simplesmente por fazerem parte da base governista. No entanto, ele não considerou que esses mesmos vereadores haviam votado a favor do projeto anteriormente e que, para aprovar o veto, teriam que contrariar sua própria decisão anterior. Assim, percebe-se que faltou diálogo sobre o assunto.
Sinal amarelo
Esse cenário não é novidade. Em 2020, Constantino elegeu 8 dos 11 vereadores em Canela, mas enfrentou desafios. Em votações cruciais, como a permuta do Centro de Feiras pela construção de um novo espaço no Parque do Palácio, chegou a perder votos dentro do próprio partido.
Já em Gramado, por enquanto, a discussão gira em torno de temas pouco relevantes, mas isso não deve durar. Em breve, os projetos realmente importantes começarão a chegar à pauta, com potencial para mudar o panorama político.
Articulação
Temos no horizonte a eleição de 2028, da qual Nestor não vai participar, mas obviamente pensa em fazer seu sucessor. Isso é um dificultador. Com tantos possíveis candidatos, é como caminhar sobre um fio. Nestor precisa pensar nisso. É diferente de quando ele mesmo podia concorrer.
Lembrando que, em 2016, a eleição estava se aproximando e ainda não havia definição sobre quem seria o candidato. No apagar das luzes, Pedro Bala foi escolhido, mas, mesmo assim, perdeu a eleição.
Sem ameaças
É caminhar sobre um fio. Em Gramado, todos os vereadores são de situação, mas isso pode mudar assim que esse fio se romper. Os dois do Republicanos já foram declarados independentes pelo próprio partido. Entre os sete do PP, muitos interesses circulam. As três mulheres são suplentes, mas, se os titulares vierem para a Câmara, de imediato serão independentes. Além disso, dois são apadrinhados politicamente por Rafael Ronsoni, que, na visão do Governo, é o articulador da derrubada do veto.
O melhor seria todos baixarem a guarda e adiarem ao máximo as disputas pessoais, sob pena de um terceiro entrar nesse espaço e levar a eleição de 2028 sem esforço.
O projeto da preferência de vagas para irmãos tem forte apelo popular, e os vereadores sentiram isso junto à comunidade—diferente do Governo. Se essa prioridade já vem sendo aplicada de qualquer forma e esqueceram de pedir aos vereadores que não aprovassem o projeto, vetá-lo deveria ter sido considerado tarde demais.
Segundo Round
Tem mais um veto. O mesmo vereador é autor do projeto que cria a Semana Municipal dos Legendários e o Dia Municipal dos Legendários. Estava até na ordem do dia para votação ontem à noite, mas o vereador Pedro Lazaretti pediu vistas. Isso dá um tempo para todos respirarem e pode até servir como trunfo: se surgirem muitas ameaças, mais uma bomba pode explodir.
Fato é que os vereadores demonstraram união e agora querem conquistar o direito ao diálogo pela força. O articulador de tudo isso já poderia ser comparado ao ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, ou ao atual, Hugo Motta.