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Da oitiva de Bolsonaro ontem

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Coluna publicada no dia 11/06.

O ex-presidente aproveitou seu interrogatório ao vivo para relembrar as lives que fazia semanalmente enquanto estava na presidência – algo que nunca mais veremos no Brasil com tanta transparência e sinceridade. No entanto, como diz o ditado, “o peixe morre pela boca”, suas próprias falas acabaram sendo usadas mais para atacá-lo do que para beneficiar o povo.

Durante a oitiva, relatou as dificuldades enfrentadas na campanha, afirmando que nada lhe foi permitido e que tudo foi proibido. Sobre suas questões em relação ao voto impresso, disse que sua defesa dessa pauta vem de longa data e tentou exibir um vídeo de Flávio Dino, hoje ministro do STF, no qual ele reclama ter sido prejudicado pelas urnas eletrônicas após uma derrota eleitoral. Também mencionou Carlos Lupi, presidente do PDT e ex-ministro da Previdência, que, segundo ele, mantém até hoje uma publicação no Facebook criticando as urnas eletrônicas.

Quanto à decisão de não passar a faixa presidencial a Lula, justificou que não queria se submeter “à maior vaia do Brasil” ao fazê-lo. Sobre a multa de 22 milhões de reais aplicada ao PL pelo TSE após questionamentos sobre as urnas, pediu que o ministro Alexandre de Moraes devolvesse o valor, alegando que essa penalização foi o estopim para que começassem a avaliar “outra alternativa”. No entanto, ao falar sobre golpe, declarou que “é uma coisa abominável” e que essa hipótese nunca foi sequer cogitada. Repetiu diversas vezes que jamais pensou ou instigou qualquer ação fora das quatro linhas da Constituição.

Sobre os presos de 8 de janeiro, chamou-os de “pobres coitados” e reiterou que considera as condenações exageradas. Segundo ele, os verdadeiros invasores foram embora logo depois dos atos, e apenas aqueles que estavam acampados em frente ao Exército – sem saber exatamente o que estavam fazendo – foram detidos.

Afirmou que deu o seu melhor pelo Brasil e que qualquer declaração mais severa foi apenas um desabafo, pelo qual pediu desculpas aos ministros. Disse que não quer ser condenado e pediu a Deus que ilumine a cabeça dos ministros do STF na hora do julgamento. Declarou-se apaixonado pelo Brasil e revelou que, segundo seus médicos, se passar por mais uma cirurgia como a última, estará “no bico do corvo”.

Em determinado momento, pediu licença a Alexandre de Moraes para fazer uma brincadeira e o convidou para ser seu vice em 2026. O ministro respondeu prontamente: “Eu declino novamente.”

Touro abatido

O melhor presidente que o Brasil já teve estava na lona. Humilhado pelo Judiciário desde a campanha de 2022, passou por mais um momento terrível. Ele mesmo chegou a dizer o quanto se sentia constrangido em estar ali. E, embora tenha feito algumas lembranças que certamente constrangeram o ministro Xandão, como sobre as condenações aos “pobres coitados” que estavam em frente ao Exército, era visível seu estado de recolhimento.

Dá para se dizer que implorou ao inimigo para não ser abatido. E tudo que lhe era perguntado sobre suas falas contundentes contra o STF durante seu mandato era respondido como sendo um desabafo, uma forma sua de reclamar, apenas.

Boca do Leão

Bolsonaro estava na boca do leão e percebeu isso. Mediu as palavras, se humilhou, pediu desculpas, deu explicações e se esforçou para ser visto de forma diferente pelos ministros. A brincadeira em relação ao Xandão ser seu vice entrega tudo. E, ainda por cima, correu um sério risco de ouvir: “O senhor está inelegível!” Ali, Xandão deu uma poupada no touro deitado.

Mas vai ser condenado e preso. Melhor já irmos nos acostumando. Ainda assim, dá para afirmar peremptoriamente que, de fato, em nenhum momento ele tenha imaginado um golpe, por conhecer os trâmites para isso. Mesmo ali, no interrogatório, explicou a complexidade de um golpe de Estado.

Admitiu, no entanto, que analisou outras possibilidades que permanecessem dentro das quatro linhas e, como nada foi encontrado, a questão foi prontamente abandonada.

É inocente, mas vai preso igual

O Bolsonaro tem umas atitudes que realmente chateiam a gente. Lembro que, em 7 de setembro de 2021, eu mesmo fui a Brasília. Ele havia passado os últimos dias falando em “ultimato”, um último “recado”. Milhões foram às ruas — Brasília, São Paulo, pelo Brasil todo. E o que aconteceu? Na quinta-feira (o dia 7 era uma quarta-feira), ele se reuniu com Temer e Xandão, e seguiram a vida como se nada tivesse acontecido.

Eu e meus amigos ainda estávamos em Brasília, acreditando que “algo” aconteceria, quando veio a notícia do encontro deles. E nada! Se não vai fazer nada, então não deveria ficar falando. Agora, está pagando pelas suas falácias, pela sua gritaria, por nomear ministros e ameaçá-los o tempo todo, e na hora do “vamos ver”, nada!

Houve uma reunião que veio a público em que ele insinuou que os ministros tinham sido “comprados”, citando valores, etc. Ontem, tudo isso apareceu no interrogatório. Nesses exemplos, faltou muito ao Bolsonaro.

Porém, se tivesse sido reeleito, hoje a taxa de juros estaria muito mais próxima de zero do que de 5%. O Brasil estaria crescendo 5% ao ano.

Antes tarde…

Podem acreditar: da Argentina só vêm boas notícias. Com um pouco de sacrifício de cada um, é verdade, a economia está se recuperando aos poucos. Além disso, a ex-presidente Cristina Kirchner enfrenta uma condenação de mais de seis anos e deve ir para a prisão.

Inteligência humana

Elon Musk admitiu que exagerou em suas declarações sobre Trump nas redes sociais, reconhecendo que suas mensagens foram ‘longe demais’. São dois líderes que não podem se dar ao luxo de brigar, muito menos agir de forma infantil. A responsabilidade que ambos carregam não permite sequer um piscar de olhos descuidado. No fim das contas, somos todos macacos sentados no galho que eles sustentam.

De casa nova

Hoje à tarde, fui visitar o Dr. Guilherme Dettmer Drago. Advogado, professor de direito e escritor (de livros e artigos), por muitos anos foi procurador e revisor do JI. Muitas causas, hein, doutor?! Bons tempos!

Fui conhecer o novo escritório do amigo, na Rua Santos Dumont, 230, bem pertinho do Mercado Drumm, no Bairro Piratini. Enquanto ele fazia as contas de quantos já passaram por suas salas de aula – como o prefeito de Canela, Gilberto Cezar, e o ex-procurador-geral do município, Márcio Cavalli, que logo mais, às 19 horas, lançará seu livro na João Pessoa, no Espaço Sicredi –, eu lembrava de quantos já passaram pela redação do JI, incluindo ele próprio e Márcio Cavalli.

O tempo vai passando, e seguimos construindo um legado. Desejo sorte ao amigo no novo escritório, em parceria com o também excelente jurista Artur Reimann.

Perguntinha:

Qual a pergunta que não quer calar?

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