A sessão legislativa desta semana, realizada na UCS de forma itinerante, foi marcada, sobretudo, pelo anúncio do fechamento da ONG Amigo Bicho (matéria nesta edição). No início da sessão, já na sua primeira fala, o vereador Jerônimo Terra Rolim (PSDB), que sempre esteve envolvido com a entidade e a causa animal, deu a triste notícia.
No final, e mais contundente, criticou a administração municipal, especialmente o prefeito Constantino Orsolin. Rolim não só demonstrou como confirmou uma profunda mágoa com o mandatário. Ele citou casos como as contas de governo da gestão de Constantino de 2009, a atualização da planta de valores que elevou o IPTU e o aumento do número de CCs, projetos que ele tendia a votar contra, mas que, segundo ele, foi convencido a votar favoravelmente com a promessa de recursos à Amigo Bicho. “Em tudo isso eu votei a favor do prefeito Constantino Orsolin, ele nos traiu. Traiu a Amigo Bicho”, desabafou.
Tribuna do Povo
Na sessão legislativa desta semana, o ocupante da tribuna foi o diretor da escola Neusa Mari Pacheco, professor Márcio Boelter, que falou sobre as intenções propostas pelo governo de Eduardo Leite (PSDB). “Estar aqui hoje é motivo de tristeza, é quase dizer que é motivo de humilhação. Os nossos professores estão massacrados, humilhados, nós estamos há cinco anos sem nenhuma reposição salarial, nem a reposição da inflação foi nos dada. Nós estamos amargando o parcelamento dos salários e os últimos parcelamentos têm nos feito sofrer muito. Porque o salário de outubro, senhoras e senhores, começou a ser pago hoje (dia 18) em uma mísera parcela de R$ 700. E o restante será pago em minguadas parcelas”, sublinhou.
“Viemos aqui humildemente pedir aos senhores vereadores, que junto com seus deputados, para que, se este projeto for à votação da Assembleia, que os deputados votem contra. O melhor seria nem ir à Assembleia, assim como ocorreu com o IPVA, que a sociedade se revoltou e dois dias depois o Governo recuou. Por isso lhes pedimos, por favor, pressionem os seus deputados”, solicitou.
Carlão de licença saúde
Na semana passada o vereador Carlos Oliveira (PDT) se licenciou do cargo de vereador por duas semanas para tratar de problemas de saúde. Em seu lugar assumiu o 1º suplente da coligação, Clério Sander (PCdoB).
O Sistema…
“O sistema não está pelo melhor. O sistema está por aquilo que os partidos entenderem melhor para si. E enquanto nós formos reféns de partidos políticos, o Brasil não vai à frente”, a frase é do Jerônimo Terra Rolim (PSDB), dita na sessão de segunda.
Esta frase diz bem o que é a nossa realidade. E não há sequer uma centelhazinha no final do túnel que nos permita sonhar com a mudança deste sistema. Cansamos de ver, dia após dia, no noticiário nacional, que os políticos legislam para si. A própria Constituição é falha nesse sentido, os protegendo excessivamente.
Um pouco antes de Rolim, o vereador Ismael Viezze (PDT), ao falar sobre a situação dos professores, também falou sobre política e sobre o sistema. Na sua opinião, a longo prazo, com investimentos em educação, o sistema pode ser alterado.
O sistema das Emendas
Ismael também comentou algo bem interessante sobre as emendas parlamentares e a forma como elas são usadas como ferramenta política e politiqueira. “Talvez esse seja o pior problema que temos na política brasileira, a troca de favores, a troca de emendas por votos. E posso dizer pra vocês que testemunhei isso pessoalmente, quando acompanhei o prefeito a Brasília, junto com o Jonas e o Savi, foi isso mesmo que a gente viu. Percorremos 51 gabinetes dos nossos deputados federais e em cada um nós ouvimos: ‘Vou apoiar o projeto de vocês, mas depois espero que nas eleições vocês possam me retribuir’. Era descarado. E eu acredito que a única forma de mudar isso, a longo prazo, é investir na educação, na cultura, na arte, nos esportes, é isso que transforma e nos dá esperança de termos melhores cidadãos e, claro, melhores políticos”, opinou.
“Vou sair do partido”
Os vereadores acharam estranho uma afirmação de Alberi Dias (PPS) segunda-feira, quando se referiu ao projeto com as medidas do Governo que atinge professores: “Se a minha deputada (Any Ortiz do PPS) votar a favor desta porcaria, eu vou sair do partido”.
O que causou surpresa é que o Alberi vai mudar de partido e não será por causa do posicionamento da deputada Any Ortiz. Inclusive, quando Alberi retornava para o seu lugar, o vereador Marcelo Savi retrucou dizendo: “Todo mundo já sabe que tu vai vir para o MDB”.
Alberi vai mudar de partido simplesmente porque se permanecer no PPS ele terá que fazer mais de 2.300 votos para se reeleger. A regra mudou, e pelo novo sistema o partido precisa atingir o quociente eleitoral, que em Canela é, com base em 2016, em torno de 2.300. Ou seja, a ameaça de sair do partido conforme o voto da sua deputada não colou.