Coluna publicada no dia 05/09.
Voltar a Escola Neusa Mari Pacheco nunca é novidade de verdade. Quem acompanha essa coluna sabe bem: já contei inúmeras vezes que estudei lá de 2007 a 2017, da primeira série até o terceiro ano. Então, falar da escola acaba sendo meio corriqueiro, quase um hábito. Sempre que passo pelo portão, é como se estivesse repetindo um caminho que já é parte natural de mim. Hoje não foi diferente. Fui lá com o colega Tiago Manique e a pauta da vez era sobre a banda marcial, que se prepara para o desfile do 7 de Setembro.
Recebemos aquele acolhimento de sempre do diretor Márcio. A gente se conhece há anos, já levei muito puxão de orelha dele nos tempos de estudante. Dessa vez, ele fez questão de rodar a escola toda com a gente, mostrando cada espaço como se fosse a primeira visita. Eu já conhecia cada detalhe, a caminhada foi mais pro Thiaguinho mesmo, mas eu revivi todos os anos que estive lá na caminhada.
Um giro conhecido
Passamos pelo ginásio, palco das Interséries e do Festival de Dança (já falarei melhor sobre isso). Entramos no auditório, onde tantas apresentações já emocionaram gerações. Vimos a sala de dança, que continua sendo espaço de expressão artística. Visitamos a sala dos instrumentos, coração da banda marcial. Tivemos parada no refeitório, lugar de onde quase mil almoços são servidos diariamente. E claro, a piscina — sim, a piscina da Neusa, que não dá pra esquecer nunca.
Pra mim, nada disso era novidade. Mas mesmo quando não é novidade, revisitar esses cantos tem sua graça. É quase automático: olhar pra piscina, lembrar das aulas, passar pelo ginásio e ouvir o barulho de torcida ecoando. O corriqueiro vira especial só por carregar memória.
A banda marcial resistindo
O papo central com o Márcio foi a banda. Ele contou das dificuldades em manter viva essa tradição, principalmente depois da pandemia. Antes, os alunos seguiam um caminho natural: começavam na banda mirim e depois migravam pra marcial. Esse fluxo foi quebrado, e retomar não é simples.
Mesmo assim, há esforço e esperança. Neste 7 de Setembro, a escola não vai desfilar com todas as turmas, mas a banda marcial estará lá representando a Neusa. É um gesto simbólico, mas cheio de significado. Pra muita gente, o desfile só faz sentido quando a banda entra em cena, e nesse ponto a Neusa mantém seu papel.
O bairro que mudou junto com a escola
Outro assunto foi a transformação do bairro. Quem lembra da região antes dos anos 2000 sabe: a escola recebia, em sua maioria, filhos de famílias de baixa renda e em situação de vulnerabilidade social. Muitos pais trabalhavam o dia inteiro e confiavam seus filhos à escola em turno integral.
Com o passar dos anos, a vida dessas famílias foi mudando. O trabalho duro deu frutos, e a realidade financeira de muita gente melhorou. O perfil social do bairro mudou, e a Neusa acompanhou essa mudança. Hoje, a escola é frequentada em outro contexto, mas continua sendo espaço de referência. É como se tivesse crescido junto com a comunidade.
Dia de gincana, clima de festa
A nossa visita caiu justamente em dia de gincana. O colégio estava fervendo: atividades no ginásio, apresentações no auditório, movimento no salão que os alunos chamam de “salãozinho”. Era barulho, música, correria — aquele fuzuê organizado que só a escola sabe fazer.
Esse clima traduz o que é a Neusa: convivência, amizade, disputa saudável. A gincana parece trivial, mas é um evento que marca os alunos. Eu mesmo já vivi essa correria, já vibrei em provas, já torci em disputas. É o tipo de experiência que passa rápido, mas fica guardada pra sempre.
O festival de danças que ficou na memória
Falamos também do Festival de Danças, que foi um dos maiores eventos da escola até 2019. Todas as turmas, do pré até o terceiro ano, preparavam performances. O ginásio se transformava em teatro, com palco montado, luzes, figurinos, público animado.
Era um dia especial na vida de cada aluno. A preparação já era uma festa, e a apresentação coroava o esforço coletivo. Desde 2019, o festival não acontece mais, mas quem viveu sabe da importância. É um daqueles rituais escolares que parecem corriqueiros quando a gente tá lá dentro, mas que, com o tempo, se revelam inesquecíveis.
O 7 de Setembro de antigamente
O diretor lembrou dos tempos em que os ensaios para o desfile ocupavam o mês inteiro. Não era só a banda, eram todas as turmas. O movimento tomava conta da frente da escola, com crianças do fundamental até jovens do ensino médio ensaiando juntos. O desfile era construído ali, no dia a dia, com disciplina e participação.
Hoje, a realidade é outra. Neste ano, a Neusa será representada apenas pela banda marcial. Pode parecer diferente, mas mantém viva a tradição. E pra quem já participou, só de ouvir o tambor rufar já é o bastante pra despertar lembrança.
O costume e a memória
Visitar a Neusa, escrever sobre o Neusa, lembrar do Neusa — tudo isso virou parte corriqueira da minha rotina. Mas por mais que pareça repetição, nunca é igual. Cada ida, cada conversa, cada gincana vista ou ensaio da banda ouvido tem seu próprio peso.
A escola é assim: acompanha a vida da gente, muda com o tempo, mas permanece sendo ponto de referência. O que pra uns pode ser só uma instituição de ensino, pra mim é também uma memória viva. Falar dela não é novidade, mas é sempre especial.