Coluna publicada no dia 08/10.
Pois é, agora é oficial: Gramado vai mudar o sistema de coleta de lixo a partir do dia 20 de outubro. Tá tudo explicadinho na matéria que publiquei — e, olha, vale a pena ler pra entender direitinho o que muda, porque não é pouca coisa. O resumo é simples: segunda, quarta, sexta e sábado o caminhão recolhe o lixo orgânico, e terça e quinta o seletivo. É o tipo de coisa que parece pequena, mas muda o cotidiano de todo mundo — do morador que acorda cedo pra levar o saco até a esquina, ao coletor que passa com o caminhão antes do sol nascer.
Mas sabe o que é interessante nessa história? É que Gramado, que é tão referência em tanta coisa, agora precisa se espelhar em Canela quando o assunto é coleta. É, leitor, o jogo virou. Já faz tempo que eu venho dizendo que uma cidade tem que olhar pra outra, aprender com o que dá certo e corrigir o que tá faltando. Pois nesse caso, o espelho tá logo ali, do outro lado da divisa.
O lixo que move vidas
Em Canela, a triagem do lixo não é só uma etapa do processo — é o sustento de famílias inteiras.
Aqui, o que a gente descarta vira renda pra muita gente na COOCAMARH, a Cooperativa de Catadores de Materiais Reutilizáveis e Recicláveis da Região das Hortênsias. É dali que sai o sustento de cooperados que trabalham firme todos os dias separando o que o resto da cidade deixa pra trás. E aí vem a parte mais importante: se tu não separa o lixo em casa, tu tá prejudicando diretamente essas pessoas.
Não é papo bonito de consciência ambiental, é o básico da solidariedade. A cooperativa depende do que chega bem separado, limpo, sem resto de comida, sem mistura. Cada latinha que vai pro lugar errado, cada garrafa que vai junto com o lixo molhado, é tempo perdido e dinheiro que deixa de entrar pra quem tá ali na linha de frente, trabalhando com as mãos — e, muitas vezes, com o coração.
Gramado, por outro lado, ainda não tem uma triagem própria. Os resíduos seguem pra Parobé e São Leopoldo — seletivo num canto, orgânico noutro. Ou seja: o que a gente aqui na serra vê acontecer na rua, o gramadense ainda vê ir embora de caminhão. A cidade tá avançando agora com essa reestruturação, mas ainda falta dar o passo que Canela deu lá atrás: valorizar quem trabalha com o que os outros descartam.
Gramado em busca de um ritmo
Claro que a mudança em Gramado é bem-vinda. Organizar os dias, treinar os coletores, criar uma rotina mais clara, tudo isso é necessário. O secretário de Obras, Wiliam Camilo, e o diretor de Resíduos, Jonatas Galle, explicaram bem: a ideia é educar, não punir.
Mas é fato que a cidade ainda tá ajustando as engrenagens. Falta aquele elo humano, aquele rosto por trás do processo, que a gente sente tanto aqui em Canela quando visita a COOCAMARH. Lá, a coleta tem nome, tem gente por trás da triagem.
Gramado, por enquanto, trabalha pra que o sistema funcione tecnicamente — e tá certo. Só que o verdadeiro sucesso vai vir quando o morador entender que separar o lixo não é um favor pra prefeitura, é um compromisso com quem vive disso, com o meio ambiente e com a própria cidade.
Enquanto isso, por aqui, Canela segue tocando ações que mostram que o meio ambiente não é um tema de gabinete — é prática.
O Bota-Fora
Um exemplo disso é o Bota-Fora que acontece neste sábado, dia 11. E olha, se tem projeto bonito e funcional, é esse.
A ação é simples, mas muda a vida de muita gente: recolhe resíduos eletrônicos e volumosos, tipo sofá, geladeira, colchão, TV, computador, rádio… tudo aquilo que ocupa espaço em casa e que muita gente não tem como levar pro destino certo. A equipe passa direto nas calçadas, sem custo nenhum. A pessoa só precisa colocar o material na frente de casa, no dia da ação.
É uma ideia que resolve dois problemas de uma vez só: ajuda quem não tem como se desfazer das tralhas e evita o descarte irregular no mato, em rios ou terrenos baldios.
Canela, mais uma vez, sai na frente — porque o poder público vai até o cidadão, em vez de esperar que o cidadão vá até ele.
E pra quem quiser acompanhar, o Bota-Fora deste sábado atende os bairros São Luiz, Bom Jesus e Boeira, passando por todas essas ruas aqui:
PRAÇA SÃO LUIZ
RUA ARNILDO HAAS
RUA CEZAR PEDRO RAYMUNDO
RUA ALVIM MARTINS DE OLIVEIRA
RUA DOUTOR ESMERALDO M PEREIRA
RUA OURIDES SOUZA RODRIGUES
RUA LUIZ MORAES
RUA ERNILDO WALDOLINO JACKS
RUA OLAVO LUIZ DA SILVA
RUA JOÃO DANTE DOS SANTOS
RUA LUIZ FACCHIN
RUA FRANCISCO A MONTENEGRO
RUA PEDRO NICANOR DE OLIVEIRA
RUA PROFESSORA APARECIDA ADAIR SABINO SOARES
RUA BENITO BERTOLUCI
RUA LOUREIRO DA SILVA
RUA DOUTOR RUY VIANNA ROCHA
RUA EDMUNDO DRECHSLER
RUA MOYSES DA SILVA NUNES
RUA JOÃO MARIA DOS SANTOS
RUA FERNANDO SPALL
RUA ANTÔNIO ZINI
RUA PEDRO BISOL
RUA FELISBERTO DE MORAES
RUA DOS DIREITOS HUMANOS
RUA PADRE CACIQUE
RUA LEVINO STAHNKE
RUA CATARINO CLÉO PACHECO
RUA PATRÍCIO ZINI SOBRINHO
RUA TIA LAURA
RUA CEZAR PEDRO RAYMUNDO
RUA ANTÔNIO ZINI
RUA GUILHERME DIENSTMANN
RUA PADRE CACIQUE
TRAVESSA ROMEU
RUA GUILHERME DIENSTMANN
RUA ARY BALDASSO
TRAVESSA ARMINDO ALBERTO FINGE
RUA LEOPOLDO WALTER FELDMANN
RUA GERALDO AUGUSTO G ENGELBRECHT
RUA JOSÉ LIBARDI
RUA SYLVIO HOFFMANN
RUA GUILHERME DIENSTMANN
RUA SEVERINO TRAVI
RUA LUIZ THOMAZI
RUA SÃO FRANCISCO
RUA JOSÉ JOAQUIM RAYMUNDO
RUA MATHILDE ESTEVES VELHO
RUA FIORAVANTE BASEI
RUA AQUIDABAN
RUA JOÃO PESSOA
AVENIDA CÔNEGO JOÃO MARCHESI
RUA BERNARDINO TIMÓTEO DA FONSECA
RUA JOSÉ JOAQUIM VELHO
RUA SEVERINO TRAVI
RUA SÃO JOÃO
AVENIDA MARECHAL CASTELO BRANCO
RUA PAULINO ZINI
RUA FERNANDO FERRARI
RUA JOÃO FRANCISCO DE OLIVEIRA
RUA DOUTOR RUY VIANNA ROCHA
Ufa! É chão, mas é serviço bem-feito. É Prefeitura no território, lidando com o problema na origem. E ainda tem destinação certa: o que é eletrônico vai pra COOCAMARH, e o que é volumoso, tipo móveis, segue pro aterro em São Leopoldo. Nenhum colchão vai pro arroio, nenhuma TV velha vai parar no matagal.
Um convite à simplicidade
Então, se tu tá lendo isso aí com o chimarrão na mão, dá uma olhadinha na frente da tua casa.
Tem aquele saco meio misturado, com resto de comida e latinha junto? Dá tempo de separar. Tem aquele micro-ondas velho que não liga mais? Espera o Bota-Fora, ele passa aí.
E se tu é de Gramado, anota: orgânico nas segundas, quartas, sextas e sábados; seletivo nas terças e quintas. Tudo certo, tudo no seu dia.











