Coluna publicada no dia 03/09.
Não foi só no papel, nas sessões da Câmara ou no protocolo da Prefeitura que o assunto do Ginásio Municipal apareceu. Eu mesmo conversei com várias pessoas, além das que estão na matéria desta edição do jornal. Liguei, recebi ligação — inclusive do ex-prefeito Constantino Orsolin, que fez questão de falar diretamente sobre isso. O tema mexe, cutuca, gera expectativa e certa frustração. O ginásio virou quase uma novela daquelas que parecem que nunca vão terminar.
O que todo mundo diz no fim
E aí tem um ponto curioso: cada um tem sua opinião sobre onde deveria ser construído. Celulose, Parque do Lago, Centro de Feiras, Canelinha. O mapa da cidade virou um tabuleiro de possibilidades. Mas no fim, quando a conversa se acalma, todos concordam numa coisa só: querem é que o ginásio saia. O lugar até divide, mas a ausência da obra une. Não é pouca coisa.
A política
Em meio a essas conversas, ouvi muito — e de gente que não aparece nas citações da matéria — que o ginásio só vai mesmo sair do papel se o prefeito Gilberto Cezar emplacar mais uma candidatura. Como se a obra dependesse não só de recurso, projeto ou licitação, mas também de continuidade política. Eu, particularmente, acho que dessa vez vai sair sim. Com ou sem nova candidatura, a Prefeitura tem dinheiro, local definido e agora a lei aprovada.
Esporte sem secretaria
Outra fala que escutei, repetida em tons diferentes, é que o esporte só vai andar em Canela quando tiver o peso de uma secretaria própria. Hoje é tratado como apêndice, meio de canto, e o ginásio acaba simbolizando isso: muita vontade, pouca prioridade. É quase um retrato da cidade que respira futebol amador, escolinhas, vôlei, futsal, mas não tem ainda a estrutura que deveria ter para sustentar tudo isso.
O “só querer”
Constantino Orsolin foi direto comigo: para o ginásio sair na Celulose era “só querer”. E nessa frase tem muito escondido. O “só querer” é ao mesmo tempo cobrança e uma leve provocaçãozinha. Mudar dali soa, para ele, como birra do governo atual. Tirando a parte política, eu acredito que, realmente, daria pra fazer na Celulose. Mas, eu acho que não é birra.
Entre birra e legado
Não construir na Celulose, para os que cercam o ex-prefeito, é quase um jeito de não dar continuidade ao que Orsolin tinha planejado. E, no meio disso, quem perde é a comunidade? Eu acho que não. Nesse caso, pensar em um local mais apropriado é pensar na comunidade. Quem lê a coluna sabe: eu acredito que o projeto no Canelinha será melhor do que seria na Celulose. Apesar de, o legado de um prefeito, às vezes, ser visto como obstáculo pelo sucessor, não é o caso de Gilberto sobre o ginásio. A convicção dele, me parece, que é uma visão mais ampla sobre o que cerca o esporte, além do ginásio. Eu acho que não sairá só um ginásio ali, coisas bem maiores virão.
E agora?
O local está definido: será no Canelinha. O prefeito Gilberto fala em projeto verdadeiro, licenciamento, recursos preservados da Corsan. Os desportistas dividem opiniões, Orsolin faria na Celulose, a Câmara autorizou no Canelinha. Mas o que importa de verdade é que a cidade está cansada de promessa. O ginásio precisa sair, e sair logo. Porque Canela não pode continuar esperando indefinidamente por algo que já poderia estar pronto há muito tempo.