Coluna publicada no dia 09/09.
Eu vou repetir aqui só pra não deixar dúvidas: salvo surgir algum fato novo, eu não vou mais escrever sobre o ginásio. Juro. Já chega. Pra mim, e imagino que pra muita gente também, essa questão já tá encerrada: o ginásio vai ser no Canelinha. Ponto final. Mas claro, né, como a Câmara resolveu dar material de sobra ontem, eu não tenho como fugir desse assunto agora. A diferença é que essa talvez seja a última vez que eu volto nele.
O que pegou dessa vez foi a bronca dos vereadores Roberto Danany e Alberi Dias. Eles disseram que não votaram pela mudança de local do ginásio, e que o projeto que passou na semana passada não tinha nada a ver com isso. Só que aí vem o detalhe: a justificativa oficial, no ofício assinado pelo prefeito Gilberto Cezar, fala justamente da alteração do local. Tá escrito lá, preto no branco, que o projeto se justificava “em razão da necessidade de alteração do local previsto para a construção do Ginásio Municipal, originalmente situado no Bairro Celulose”.
Ou seja, a mudança tá bem clara, não vai ser na Celulose, mas parece que os vereadores que levantaram a bronca não se deram conta disso. Aí é que a coisa complica: como é que alguém vota uma matéria sem saber exatamente o que está votando? E mais: depois de aprovada, reclama?
Caputo entrou em cena
Na sessão de ontem, o presidente da Câmara, vereador Felipe Caputo, resolveu colocar os pingos nos is. Falou com todas as letras que não tinha culpa se alguns colegas não sabiam no que estavam votando. “Se os senhores aprovaram e não sabem que foi aprovado, a culpa não é minha”, disse ele, num tom firme e, um tanto, irônico.
Caputo explicou que o projeto original falava em garantir financiamento para o ginásio no bairro Celulose. Só que, depois da reavaliação, esse vínculo com a Celulose foi retirado, abrindo caminho para que o Executivo definisse um novo local. E ele foi bem direto: quem decide onde vai ser o ginásio é o Executivo. Ou seja, a Prefeitura.
E ainda lembrou algo importante: a área da Celulose tinha sido comprada com recursos do Fundeb, que são exclusivos da educação. Pra usar aquilo, seria necessário comprar de novo, gerando um custo a mais. Ou seja, além da questão técnica, tinha um entrave jurídico e financeiro bem considerável.
A bronca da Celulose
E aqui eu vou me permitir uma observação: a única coisa que ainda sustenta a ideia de construir o ginásio na Celulose é a questão afetiva. Muita gente tem ligação com o campo histórico, com o que foi vivido ali, com a memória. Eu entendo. Mas cidade não se move só por afeto, e sim por necessidade. Canela precisa de um ginásio funcional, não de um monumento à nostalgia.
Claro, vai ter quem diga que o terreno é bom, que já tá consolidado, que daria certo. Mas, olhando com calma, a Celulose sempre foi uma opção mais emocional do que prática. O Executivo já decidiu, o projeto já passou, e sinceramente, não tem mais volta. Chega.
De luva
Agora, voltando aos vereadores que reclamaram, fica no ar uma pergunta que não quer calar: como é que eles não perceberam o que estavam votando? A justificativa tava anexada, não era um documento secreto. É grave dizer que não sabiam, porque dá a entender que o voto foi dado no automático.
Caputo acabou dando aquele tapa com luva de pelica, sutil, mas que doeu mais do que grito.
Jefferson na área
Mudando de assunto, a sessão de ontem teve também a volta de uma figura conhecida: Jefferson de Oliveira, que ocupou a cadeira como suplente do vereador Jone. O curioso é que o Jeff já foi presidente da Câmara no governo passado, já foi MDB de carteirinha e até prefeito em exercício em algumas oportunidades. Mas, na última eleição, concorreu pelo PSD — e acabou virando, de certa forma, o primeiro prefeito do partido em Canela, ainda que só interinamente. Afinal, ele assumiu o cargo de prefeito em exercício no dia 15 de outubro, dias após a vitória de Gilberto.
Ontem, no plenário, Jefferson mostrou alinhamento com o atual governo. Fez um discurso político, daqueles bem afinados com o prefeito Gilberto Cezar. Falou em paciência, em continuidade, que no primeiro ano o governo atual está usando os recursos deixados pelo governo anterior, enfim… um discurso de situação.
Pra quem acompanhou os tempos em que ele era MDB, foi até curioso ver esse alinhamento tão natural. Mas política é isso: hoje se está de um lado, amanhã se está de outro, e o importante é o discurso estar bem afinado.