Coluna publicada no dia 01/09.
Pois olha, meu amigo, o que já vinha sendo comentado nos bastidores há meses agora ganhou oficialidade no último sábado. Gilberto Cezar, prefeito de Canela, bateu o martelo e trocou o PSDB pelo PSD, num ato ao lado do governador Eduardo Leite. A cena, registrada e anunciada nas redes sociais do próprio Gilberto, não pegou ninguém de surpresa. Era assunto falado, era coisa encaminhada, só faltava a data e o carimbo.
Esse movimento acompanha o mesmo trajeto de Leite, que deixou os tucanos e foi recebido de braços abertos no PSD, partido comandado nacionalmente por Gilberto Kassab. O deputado Lucas Redecker também já fez esse caminho, mostrando que não se trata de um voo solo do prefeito de Canela. É uma revoada maior, um reposicionamento que mexe no tabuleiro estadual e, claro, respinga aqui na Serra.
Agora, a pergunta que fica: e os vereadores tucanos, como ficam? Eles foram eleitos pelo PSDB na eleição municipal passada, carregaram a sigla na urna. Podem simplesmente mudar de partido? Bom, aí entra um detalhe técnico que muita gente não sabe e que é importante explicar: vereadores não podem sair da legenda pela qual foram eleitos, sob risco de perder o mandato. Não existe essa liberdade imediata. A fidelidade partidária, que muitas vezes parece só palavra bonita, tem peso real. Portanto, se algum vereador decidir migrar para o PSD, vai ter que esperar o período da chamada “janela partidária” de 2028 ou então correr risco de ficar sem cadeira.
A fala de Caputo
Claro que, diante dessa movimentação, fui ouvir quem comanda o PSDB localmente. Felipe Caputo, presidente da Câmara de Vereadores e também presidente do PSDB em Canela, respondeu de forma tranquila e direta. Disse, em suas palavras:
“Normal… Gilberto é uma grande liderança e também leal às lideranças que sempre apoiaram ele… já era sabido e isso iria ocorrer… desejo muito sucesso a ele e continuamos juntos em busca do melhor para os canelenses e por Canela… Partido continua…”
Foi essa a manifestação de Caputo. Sem mágoa, sem ruptura. Apenas o reconhecimento de que Gilberto segue sendo uma liderança expressiva e de que o PSDB não fecha as portas nem deixa de existir porque um nome saiu.
O assunto chato dos panfletos
Mudando de pauta, mas ainda dentro do caldeirão político, um tema desagradável chegou até a coluna novamente. Recebi que tanto o secretário de Trânsito e Fiscalização, Adriel Buss, quanto o diretor do Departamento de Fiscalização, Márcio Sauer Dias, tiveram suas famílias filmadas e ameaçadas por um grupo de panfleteiros.
A situação envolve pessoas que fazem panfletagem no Centro, celulares apreendidos e até ocorrência registrada na delegacia. O problema que a pasta enfrenta não está só no comércio irregular em si, que já é uma novela. Está também na forma como algumas pessoas resolveram reagir. Passa da linha, passa do razoável. E isso, convenhamos, preocupa bastante.
Constantino nas redes
Enquanto isso, do outro lado da história política da cidade, quem voltou a falar foi o ex-prefeito Constantino. Ele costuma soltar vídeos nas redes sociais, e no último dia 31 de agosto fez questão de tocar num assunto que mexe com muita gente: os ginásios de esportes.
Constantino listou: ginásio Carlinhos da Vila, ginásio da Escola Bertolucci, ginásio da Escola João Alfredo, ginásio da Escola Severino Travi e ainda um no bairro Lucas. Disse que deixou para a atual administração nada menos que R$ 9 milhões para obras.
Confesso que, assistindo ao vídeo, ficou a sensação de cutucada. Como quem diz: “eu deixei dinheiro, agora é só fazer”.
O tamanho dos ginásios
Só que aí entra um detalhe que precisa ser colocado na mesa. Esses ginásios citados por Constantino são, na prática, espaços escolares. Ginásios voltados para o dia a dia dos alunos, para pequenas atividades internas. Não suportam, nem de longe, grandes competições ou eventos esportivos de maior porte.
Um exemplo é o Carlinhos da Vila, que hoje serve como sede para competições municipais, mas em condições precárias. Quem já entrou lá sabe bem do que falo, espaço limitado, estrutura que não acompanha a necessidade. E eu não preciso repetir mil vezes, já falei disso aqui em outras colunas. A cidade nunca teve, de fato, um ginásio municipal de porte, com a pompa e a estrutura necessária para receber jogos maiores.
O discurso de Constantino, portanto, joga luz sobre uma lacuna histórica: Canela segue sem um ginásio de verdade. Não dá para confundir ginásio escolar com ginásio municipal de referência. Uma coisa é uma quadra coberta para uso de alunos, outra é um espaço para sediar competições.
O desafio da gestão
E aí, a administração atual acaba ficando na berlinda. Porque de um lado aparece a cobrança: “cadê o ginásio grande que a cidade merece?” Do outro, vem a lembrança de que dinheiro foi deixado, segundo o ex-prefeito.