Coluna publicada no dia 22/09.
Agora deixa eu puxar outro assunto, que me bateu forte nesse fim de semana. Tava em Canoas com a família, e olha, foi daqueles dias que a gente nunca esquece. Choveu o sábado inteiro, madrugada adentro, granizo, vento, aquele temporal que faz a gente olhar pro telhado e pensar: será que segura? E sabe qual foi a sensação que mais me pegou? O medo.
Não um medo qualquer. Foi aquele medo com memória. A mesma casa onde a gente tava é a que minhas tias tiveram que abandonar em maio do ano passado, quando a enchente levou tudo. O mesmo quarto onde dormimos ficou debaixo d’água naquela época. E quando começou a trovejar e a água cair sem parar, parece que o coração apertou igual. Minhas tias sempre dizem: “o medo volta quando chove”. E eu entendi direitinho o que elas falam. É uma mistura de lembrança e pavor que gruda na gente. É louco como o corpo reage, como se tivesse guardado na pele a sensação de estar ilhado, de ver a água subir sem ter pra onde correr, e eu nem tava lá o ano passado.
Esse fim de semana me fez pensar muito. Porque não é só a tragédia em si que marca, mas tudo que fica depois: o trauma, a insegurança, a falta de paz em dias que deviam ser normais. E, no fundo, me bateu uma tristeza grande: a gente não pode naturalizar viver com medo da chuva.
Anteprojeto
Bah, gurizada sexta foi dia de mais uma novidade em relação ao Ginásio. O prefeito Gilberto Cezar apareceu com o anteprojeto do tão sonhado espaço. Tá no papel, desenhado, bonitinho, e já pronto pra começar a andar pelas etapas da burocracia: licenciamento, depois licitação do projeto final e, aí sim, virar obra de verdade. O bicho vai ser grande: quadra oficial, arquibancada pra 1.500 pessoas, sala multiuso, palco com camarim, bilheteria, hall de entrada, sanitários, vestiários dos dois lados, monitoramento, segurança e até academia pra funcionar o dia todo.
Dona Mabel

E já que falei em família, preciso abrir um espaço gigante aqui pra um registro especial. Dia 21 de setembro foi aniversário da minha mãe, a dona Mabel. Cinquenta e quatro anos dessa mulher que é simplesmente a base de tudo.
Não tem texto que dê conta de explicar, mas eu vou tentar. Mãe é daquelas batalhadoras que não tem tempo ruim. Sempre com um jeito de resolver, sempre com um sorriso mesmo quando a coisa tá feia, sempre pronta pra abraçar e pra empurrar a gente pra frente. É o tipo de pessoa que sustenta a casa, sustenta os filhos, sustenta até os amigos que aparecem precisando de um abraço.
Eu olho pra ela e penso: se eu sou alguma coisa hoje, é por causa dela. Foi ela que segurou todas as pontas, que acreditou quando ninguém mais acreditava, que ensinou que respeito e trabalho valem mais do que qualquer atalho. E o mais bonito: ela nunca deixou de ser leve, engraçada, de rir da vida mesmo quando a vida não tava rindo de volta.
Essa foto aí, ela dando risada daquele jeito que só ela sabe. E eu pensei: é isso que eu quero guardar.
Um registro rápido e importante

Antes de encerrar, só mais um detalhe que merece estar aqui: no dia 20 de setembro rolou o 2º Encontro dos Surdos em Canela. Gente de várias cidades da Serra reunida, trocando experiências, celebrando a cultura surda e reforçando a importância da Libras e dos direitos da comunidade. Evento bonito, de união e aprendizado. Vale o registro. A matéria completa está no site leiafacil.com.