Coluna publicada no dia 19/09.

Essa foi a frase que andou rodando e gerando um certo zum-zum-zum pela cidade. Quando o assunto chegou até mim, a primeira coisa que pensei foi: “olha aí, mais uma daquelas informações que corre pela metade e vira um furdunço”. Muita gente ouviu “compra” e pensou logo em espaço esportivo, ginásio, quadra, enfim. Mas não, não é nada disso. O projeto não tá 100% fechado, mas a ideia é outra completamente diferente: se a prefeitura realmente ficar com essa área, ela vai virar uma escola municipal.
E não é qualquer escolinha, não. O terreno tem 4.500 metros quadrados, e no meio dele já existe um prédio com 2.200 metros quadrados, que é a quadra de sintético que todos conhecem. A ideia é adaptar e qualificar esse prédio pra receber uma escola-modelo, que funcione em tempo integral, oferecendo não só salas de aula, mas também espaço pra convivência, atividades culturais, esportivas e tudo aquilo que faz diferença na vida das crianças.
É um movimento estratégico. A área fica numa região central, que permite atender uma demanda enorme da comunidade. Quem acompanha de perto sabe que a rede municipal de educação sempre quer mais vagas e com a necessidade de espaços mais modernos. Então, se esse projeto andar, a coisa muda de patamar.
O estilo Gilberto
Agora, tem uma coisa que eu acho importante destacar. Quando eu fui atrás dessa informação, não fiquei só no corredor da prefeitura, nem me baseei em fofoca de esquina. Eu fui direto no prefeito Gilberto Cezar. E ele, como sempre, foi muito direto: “não está 100% definido”. Explicou que o processo é de desapropriação, não de compra, e que o levantamento foi feito pela Secretaria de Educação justamente pra atender essa demanda.
Isso mostra muito do estilo do Gilberto. Ele não é de sair prometendo, não é de criar expectativa vazia. Ele prefere deixar as coisas maturarem, avançarem em silêncio, e só quando a engrenagem já tá bem montada é que ele abre a boca pra falar. E sinceramente? Eu acho isso um acerto.
A gente já viu muitos sair anunciando projeto com foto de projeto, com vídeo, com promessa bonita, e depois nada acontece. O resultado é frustração, descrédito, e a sensação de que política é só conversa. O Gilberto foge disso. Ele prefere o “menos fala e mais entrega”.
O detalhe que muda tudo
É aí que muita gente se confunde: não é a mesma coisa dizer que a Prefeitura vai comprar uma área ou que vai desapropriar. Compra é simples: se negocia com o dono, paga o valor que as partes combinarem e assunto encerrado. Desapropriação é outro bicho. É um processo previsto em lei, que começa com a declaração de utilidade pública. Depois vem a notificação ao proprietário e a proposta de indenização. Se o dono não concordar com o valor, a disputa vai parar na Justiça, onde um juiz define quanto vale o terreno. A diferença parece detalhe, mas muda tudo. Quando alguém lê que a Prefeitura “vai comprar a Ingool”, interpreta errado. Não é compra, é desapropriação. E não é espaço esportivo, é escola. O detalhe não é só semântico, é jurídico. E é justamente esse detalhe que garante que o dono não perde a área sem receber por ela. Por isso, eu prefiro incomodar o prefeito, mandar mensagem, esperar resposta, do que sair publicando a moda louco.
Até onde eu sei, o proprietário da área ainda não sabe. Não quer dizer que não foi notificado, mas ainda não sabe. Enfim…
O plano da escola-modelo
E aqui vale abrir o foco: não é qualquer escola. A prefeitura fala em criar uma unidade de referência, com ensino em tempo integral. Isso significa mudar a lógica de como a educação é oferecida na cidade. Não é só deixar a criança mais tempo dentro da sala de aula. É oferecer espaço pra atividade cultural, oficinas, esporte, convivência.
Imagina uma escola onde a criança entra de manhã e sai no fim da tarde tendo tido aula, almoço, reforço escolar, atividade artística e prática esportiva. Isso muda a vida não só da criança, mas também da família, porque dá suporte real.
E eu não sei se tu concorda, mas quando a gente fala em futuro da cidade, nada pesa mais do que educação. Ginásio é importante, claro. Mas escola é o que deixa legado.
A dança das cadeiras
Agora, deixa eu puxar o assunto pro outro lado: a nomeação que movimentou os corredores essa semana. O César Prux, que antes era secretário-adjunto de Obras, foi efetivado como secretário mês passado. E aí, no movimento natural, o Toquinho Brito, que era diretor do Departamento de Obras, virou secretário-adjunto essa semana.
Pra mim, não tem mistério nenhum. O Toquinho, conhecido por ser trabalhador, daqueles que não se escondem atrás de mesa é o braço direito de César. Tá sempre na rua, acompanha obra, resolve pepino. Então, a escolha dele é natural. Não é estrondosa, não é surpreendente, mas é coerente.
O áudio do Carlão
Mas aí entrou o tempero da semana: o vazamento do áudio do ex-vereador Carlão, ligado ao PDT. Nele, o Carlão aparece cobrando do prefeito o porquê de não ter sido ele o escolhido pro cargo de adjunto.
O áudio, que circulou pesado no WhatsApp, mostra um Carlão visivelmente chateado. Ele fala que trabalha há mais de 40 anos na prefeitura, que ajudou muito o Gilberto, que fez campanha, que acreditava merecer esse reconhecimento. Repetiu várias vezes que estava desapontado, muito desapontado mesmo.
Mas é curioso: ao mesmo tempo em que cobra, ele também diz que não está questionando a competência do Toquinho. Reconhece que o escolhido tem capacidade. O ponto dele é que acreditava que, pelo histórico e pela dedicação, seria ele o nomeado.
E ainda completa dizendo que isso não vai fazer ele parar de trabalhar. Pelo contrário, vai trabalhar ainda mais.
Bastidores e lealdades
Eu trago isso aqui como curiosidade de bastidor. Porque a política é feita disso: expectativa, reconhecimento, frustração. Todo cargo de confiança, toda nomeação, mexe com sentimentos. Sempre tem quem esperava ser escolhido e não foi. E quando isso vaza em áudio, a cidade inteira ouve, comenta e tira suas conclusões.
No fim das contas, o prefeito escolheu seguir com a linha de trabalho dele, valorizando quem já estava no setor, quem já tocava a máquina por dentro.
Direto na fonte
E aqui eu volto a bater naquela tecla: por isso é importante ir direto na fonte. Porque corredor fala, gente especula, mas a informação só ganha peso quando vem de quem decide.
Ainda mais num tempo em que a fofoca corre mais rápido que a notícia oficial. O WhatsApp tem esse poder: em questão de minutos, um áudio se espalha pela cidade inteira. Às vezes com pedaço, às vezes com interpretação enviesada. Inclusive, eu mandei uma mensagem para o Carlão, que não me respondeu até o fechamento da coluna.
Matéria x Coluna
E pra quem ainda confunde, aqui vai a diferença:
- Matéria é aquele texto imparcial, só com o fato.
- Reportagem é a matéria aprofundada, com entrevista, pesquisa, números.
- Coluna opinativa é essa que tu tá lendo agora: tem o fato, mas tem também a minha opinião, o meu bastidor, a minha interpretação.