Tribuna fervendo

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Coluna publicada no dia 16/09.

A noite mal tinha começado e já tava aquele clima de “segura que vem coisa”. A Tribuna do Povo abriu os trabalhos com a presença da Ana Paula Marcante, que muita gente já conhece da cena cultural da cidade. Ela subiu lá não pra declamar poesia, nem pra falar de livro novo, mas pra dar uma alfinetada daquelas bem certeiras. O assunto? O polêmico adiamento da Feira do Livro de Canela.

Ela lembrou que o episódio rolou na semana passada. Tava tudo pronto, a feira ia começar no dia 12, mas no dia 11, assim, do nada, pá, todo mundo foi pego de surpresa com o adiamento. E até agora, olha só, ninguém sabe exatamente o motivo. Uma feira que já tava nos trilhos, que é tradição, que tem importância cultural e educativa, e de repente some do mapa, como se fosse apenas mais um evento de segunda linha.

Foi um desabafo que mexeu. Não só porque o pessoal da cultura anda carente de espaço, mas também porque foi dito com aquele tom de quem já tá cansada de remar contra a maré. Quem ouviu percebeu que tinha verdade no que ela falou, e isso foi só o começo. Vale a pena ver/ouvir o que ela disse.

Ironia no ar

Depois da Ana Paula, quem pegou o microfone foi o vereador Lucas Dias. Ele chegou já trazendo na mão um papel, a manifestação da artista Lisi Berti, que também é um expoente cultural em Canela. Fez a leitura e, na sequência, deixou bem claro que tava frustrado com a forma como o governo municipal conduziu esse assunto.

Lucas disse algo que parece até óbvio, mas que carrega peso: que sempre que o governo precisar, ele vai estar lá pra ajudar. Mas o jeito que ele falou… olha, eu tava acompanhando ao vivo e não consegui ver aquilo sem notar um certo tom irônico. Era quase como se dissesse: “Olha, vocês pisaram na bola feio, mas se precisarem, eu ajudo, viu?”.

O discurso dele não foi só bronca, foi também uma cutucada elegante, meio no limite entre o apoio e o puxão de orelha. Ficou claro que o vereador tava mais irritado com a forma da comunicação do que com o adiamento em si. A base do governo se mostrou incomodada de ficar sabendo das coisas pelo Facebook e pelo Instagram.

Rodrigo Rodrigues

Na sequência, outro que falou foi o vereador Rodrigo Rodrigues. E adivinha? Mesma coisa: ficou sabendo pelas redes sociais. Ele não economizou no tom de lamento. Disse que a situação foi ruim pra todo mundo, mas o que mais pegou foi justamente essa sensação de falta de diálogo.

Rodrigo soltou a frase que talvez tenha sido a mais marcante: nenhum vereador sabe ao certo o que aconteceu. Ou seja, não é só a comunidade que ficou perdida. Os representantes do povo também foram deixados no vácuo. A vereadora Graziela Hoffmann também entrou nessa onda, reforçando o coro de indignação.

E aí tu começa a somar: três vereadores de situação, todos reclamando publicamente de um episódio mal-conduzido. É pouco? Eu diria que não. É no mínimo sintomático. A base não ficou muito feliz.

O caso da Severino Travi

Mudando de assunto, mas não tanto assim, o vereador Cabo Antônio trouxe mais lenha pra fogueira. Ele puxou um episódio que aconteceu na Escola Severino Travi e que, sinceramente, se for confirmado nos detalhes, é grave.

Segundo Antônio, enquanto rolava um rito de passagem na escola, a troca de direção, quando os alunos teriam ficado sem monitoramento. Foi nesse intervalo que uma brincadeira entre os estudantes passou do ponto. Jogaram um colega pra cima, ele acabou caindo e se machucou.

Até aí, já é preocupante. Mas o que veio depois é que deixou todo mundo com a sobrancelha levantada: de acordo com o vereador, os alunos se preocuparam e levaram o colega até os professores e até mesmo até a secretária de Educação, que estava lá. Só que em nenhum momento a criança teria sido encaminhada ao hospital.

Somente quando a mãe chegou é que ele foi levado ao HCC e, posteriormente, até Caxias do Sul. E lá, pasmem, foi constatado traumatismo craniano. A história assusta. Porque, se for isso mesmo, mostra falhas graves não só na escola, mas no acompanhamento e na tomada de decisões.

Paralelepípedo

E como se não bastasse, ainda teve espaço pra outro caso que parece até piada, se não fosse trágico. O vereador Rodrigo Rodrigues trouxe um relato de cair o queixo: um acidente na Rua Teixeira Soares, que tá há meses em obras da Corsan.

A cena foi mais ou menos assim: um trabalhador passava por ali quando um paralelepípedo solto voou quando o veículo passou por cima, atingiu o carro, trincou o vidro, acionou os airbags e deixou o sujeito inconsciente. É surreal. Imagina tu tá indo trabalhar, ou voltando pra casa, e do nada um pedaço da rua voa contra ti?

Rodrigo foi duro. Disse em alto e bom som que talvez essa seja a tragédia que precisava acontecer pra alguém, finalmente, fazer alguma coisa em relação às obras inacabadas da Corsan. Foi um soco no estômago ouvir isso. Porque é exatamente assim: a cidade convive há meses com buracos, remendos e obras intermináveis, e ninguém parece assumir a bronca de resolver de vez.

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