Coluna publicada no dia 23/05.
Não foi nenhuma surpresa a saída do Rafael Carniel da Secretaria de Turismo de Canela. Quem acompanha de perto já estava vendo que o clima ali dentro não era dos melhores. E olha, cinco meses é pouco, muito pouco para julgar o trabalho de alguém, ainda mais numa pasta pesada que nem essa. Mas também não dá para ignorar os sinais. E os sinais estavam ali, piscando em neon: não conseguiram nem organizar uma forma de fazer o Ofício de Trevas, na Páscoa, e nem vislumbre de como iriam contratar os artistas para a Festa Colonial, pelo amor de Deus! Nem isso?
Como é que contrata, então?
No nosso Chimarrão Atualidades, que eu e o Cláudio Scherer tocamos firme toda manhã, já demos o caminho das pedras mil vezes. Quer contratar artista? Cria convênio com associação, repassa o dinheiro, a associação contrata e depois presta contas, tudo redondinho, tudo dentro da legalidade. Simples, né? Pois parece que em Canela é mais fácil subir de joelho a escadaria da igreja do que fazer isso funcionar. É como se tivesse uma força invisível segurando tudo. Ou melhor, nem tão invisível assim.
Sapo enterrado? Não, é um cemitério inteiro!
Tem gente que diz que tem um sapo enterrado em Canela. Eu já estou achando que é um cemitério completo. E vou te dizer: não adianta trocar secretário, prefeito, vereador, zelador do parque. Se o sistema continuar esse trambolho emperrado, Canela vai seguir nesse ciclo vicioso de frustração. Tem coisa que parece que é feita para não dar certo mesmo. Quando alguém tenta fazer algo novo, já vem a mão invisível puxando para trás, dizendo “aqui sempre foi assim”. Pois então, vai continuar assim: parado.
As palavras de despedida falam mais do que parecem
A frase que o Rafael soltou na despedida foi polida, com jeitinho de assessoria de imprensa, mas disse muito. Falou de “divergências administrativas” e de “dinâmica característica do município”. Traduzindo: do jeito que o sistema funciona não dá. E talvez o maior problema seja justamente isso — ninguém rema para o mesmo lado. Canela é um barco com três leme e nenhum rumo. E quando alguém tenta fazer diferente, o sistema engole.
Cansaço e desistência: quem ainda quer lutar?
O cara pediu pra sair. Não foi demitido, não foi chutado. Pediu pra sair. Cansou. E quando alguém sai por cansaço, é porque já tentou de tudo e viu que bater cabeça com parede não leva ninguém a lugar nenhum. É um recado. Forte. Preocupante.
E agora? Vai mudar ou vai seguir no looping?
Agora tem outra pessoa no lugar. Vai fazer milagre? Acho difícil. Porque como já disse, o problema não é quem está na cadeira, é o chão que tá torto. Ou muda a estrutura, ou vai ser mais do mesmo. A gente precisa parar de colocar esperança em nome novo e começar a cobrar mudança de verdade. Cobrar coragem de fazer diferente. Se não for assim, Canela vai continuar linda na foto e triste na vida real. Gramado tem a Gramadotur para promover os eventos! Canela deveria se espelhar!
Fica o aviso
A gente fala com carinho, porque ama essa cidade. Mas amor também é puxar a orelha quando precisa. Canela merece mais. Mais organização, mais coragem, mais vontade de sair do lugar. E principalmente, mais gente querendo ajudar de verdade — e menos gente torcendo para dar errado só pra dizer “eu avisei”.