Coluna publicada no dia 21/05.
Quem passou na frente do Centro de Feiras esses dias tomou um susto. Tapumes na entrada principal, coisa que nunca se viu por ali. A primeira coisa que a gente pensa é: vai cair? Mas depois vem a esperança: será que agora vai? Parece que sim. Pelo menos é o que dizem: primeiros trabalhos de revitalização. A prefeitura anunciou que vai revitalizar ali, e tomara que saia do papel dessa vez.
A verdade é que aquele espaço virou um caos faz tempo. Todo mundo sabe que andarilhos se instalam ali direto, virava abrigo, e não por um ou dois dias — era por semanas. Na gestão anterior, inclusive, teve caso em que a prefeitura teve que pedir pra se retirarem e dar um jeito de mandar de volta pra cidade de origem. É triste, mas é realidade. E aquilo ali, convenhamos, também virava depósito de bituca, lixeira aberta, pichação por tudo que é lado… uma porquice. Passar ali era triste, parecia cenário de filme apocalíptico de baixo orçamento.
Pedido de doação
Vou tentar não me estressar muito aqui, mas tá difícil. Esses dias o DMEL soltou uma nota pedindo que a COMUNIDADE fizesse doação de produtos de limpeza pro Ginásio Carlinhos da Vila. A justificativa? As semifinais e finais da Terceirona vão ter muito público, e é preciso garantir a higiene do local. Ok. Mas… sério mesmo?
Gente, isso não tá certo. A gente tá falando do Departamento Municipal de Esporte e Lazer, que tá DENTRO da Secretaria de Educação, que por sua vez faz parte da prefeitura. E a prefeitura precisa pedir pra população doar PRODUTO DE LIMPEZA pra limpar o ginásio depois de um evento esportivo? Não é como se tivessem pedindo pra ajudar famílias em situação de vulnerabilidade. Estão pedindo coisa básica, de rotina, pra um espaço público.
Vamos aos números: 40 times se inscreveram na Terceirona, com ficha de R$ 335. Isso dá R$ 13.400 só de inscrição. Ok, tem que pagar árbitro, manutenção, evitar goteira, beleza. Mas… e o básico, que é o produto de limpeza? Não tava no orçamento? Se não tem produto de limpeza, não pode ter jogo, simples assim. O que não dá é esse vexame de depender da caridade do povo pra limpar o ginásio.
É o tipo de coisa que deixa a gente envergonhado. E olha que a comunidade sempre ajuda quando precisa, só que tem que ter bom senso. Isso é gestão pública, não é vaquinha de grupo de WhatsApp. Eu não quero ser o chato, mas há outras formas de angariar os produtos. Sei lá, inclui uma taxa de limpeza no valor da ficha e arredonda ela para R$ 400. Qualquer coisa, menos isso.
Medidas protetivas que não protegem
Essa semana rolou mais um feminicídio aqui na região, em Três Coroas. Triste, revoltante, e infelizmente nada surpreendente. O Tiago Manique até falou disso na coluna dele, sobre o quanto as medidas protetivas parecem só existir no papel. E é verdade. A mulher denuncia, consegue a tal medida, mas o cara vai lá e faz o que quer. A polícia chega depois. Sempre depois. E aí? Como é que protege?
Na minha cabeça, se existe um programa de proteção pra testemunha — tipo quando o cara delata esquema de corrupção e some do mapa com nome novo e tudo — então também tinha que existir algo parecido pras mulheres ameaçadas por ex-marido, ex-namorado, psicopata de plantão. Porque a realidade é essa: as mulheres estão sozinhas. A medida protetiva vira papel que o agressor rasga com a cara mais lavada do mundo.
Tem que pensar algo novo, urgente. A lei tem que ser pra funcionar na prática, não só pra discurso. Enquanto isso, mais uma mulher é assassinada, mais uma família destruída, e mais uma vez a gente escreve texto indignado que parece repetido. Porque é isso que virou: repetição. A violência bate ponto, e a proteção chega atrasada. Ou não chega.