ECONOMIA DE CAXIAS DO SUL (%)
Mês atual/ Mesmo mês Acumulado Acumulado
Mês anterior ano anterior no ano em 12 meses
Indústria 3,2 3,4 1,0 6,3
Comércio -3,4 8,4 16,3 3,2
Serviços 6,6 7,7 4,3 5,5
Geral 3,1 5,5 4,6 5,6
Ainda que positivo em relação ao primeiro trimestre do ano passado, o desempenho da atividade econômica de Caxias do Sul no mesmo período de 2019 ficou abaixo do esperado e acendeu o sinal amarelo na classe empresarial, principalmente pelo índice nada animador da indústria, ainda o segmento produtivo mais representativo da cidade. Enquanto a economia geral acumula crescimento de 4,6% no trimestre, índice puxado por comércio e serviços, a atividade industrial está restrita a 1%. “A indústria patinou neste período”, definiu Astor Schmitt, integrante da diretoria de Economia, Finanças e Estatística da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC), durante a apresentação, nesta quinta (2), dos indicadores de março.
Também diretor da área, Carlos Zignani antecipou uma situação que tende a se consolidar caso prossigam as incertezas na área federal com relação à votação da reforma da Previdência e adoção de medidas que levem ao equilíbrio das contas públicas. “A ameaça de desemprego começa a ganhar contornos preocupantes”, avaliou. Segundo Zignani, mantida a situação atual, o cenário do segundo trimestre será de muita insegurança.
O assessor de economia e estatística da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), Mosár Leandro Ness, alertou para o quadro estacionário da utilização da capacidade instalada pela indústria. Ao longo do trimestre, o índice parou em 76%. “É algo sério e preocupante, porque a economia precisa ter choques para se movimentar e crescer. A estagnação preocupa e se reflete, dentre outros prejuízos, na falta de investimentos, o que leva a incertezas na geração de vagas de trabalho”, analisou.
Medidas corretas estão travadas
O diretor da CIC, Astor Schmitt, entende que o momento não é de todo ruim, mas poderia ser melhor. Até porque a expectativa era de uma retomada mais efetiva com a chegada do governo de Jair Bolsonaro. “O otimismo que se tinha não se materializou”, acrescentou Carlos Zignani.
Para Schmitt, alguns fatores são determinantes para o quadro atual. Ele cita o estresse forte com a demora nos trâmites da PEC da reforma da Previdência; o alto grau de polarização e divergências entre os três poderes, bem como dos empoderados; e o cenário internacional, onde a principal preocupação é a contração da liquidez, já exposta pelos maiores bancos mundiais, além dos problemas econômicos e políticos com parceiros tradicionais do Brasil, como Argentina e Venezuela. “Ninguém vê uma crise ou recessão séria, mas o ritmo de crescimento arrefeceu”, alertou.
Para o diretor, as medidas anunciadas pelo atual governo federal estão no caminho certo, citando a busca do ajustes fiscal, a racionalidade tributária e redução da burocracia, dentre outras. Pondera, no entanto, que a execução e a velocidade são incompatíveis com a urgência demandada. Atribui esta situação ao fato de os poderes não se entenderem e à guerra declarada ao governo por setores da grande mídia nacional. “Temas que são do interesse de todo o país estão partidarizados. E, por isso, o crescimento que se esperava não está ocorrendo”, complementou Zignani.
Baixa contribuição da Festa da Uva
O comércio foi o setor que apresentou o melhor crescimento no trimestre, com alta de 16,3% na comparação com igual período do ano passado. O resultado é impulsionado pelo ramo duro, com 22,8%, em se destacam os segmentos de automóveis, caminhões e autopeças, com 40,5%; e informática e telefonia, com 27%. Já o ramo mole tem recuo de 3%, com influência muito forte do setor de livrarias, papelarias e brinquedos, com variação negativa de 16,5%.
De acordo com o assessor da CDL, Mosár Ness, os números não podem ser considerados ruins, mas ressaltou que a base de comparação é baixa e havia uma expectativa positiva em relação à Festa da Uva e Carnaval, que não se confirmou. “A Festa da Uva pouco contribuiu para o desempenho do comércio”, definiu. Setores como de vestuário, calçados e tecidos, por exemplo, tiveram receita inferior de 0,6% em março na comparação com igual mês do ano passado. Até farmácias apresentaram resultado negativo de 3%. Também citou que o consumidor manteve-se cauteloso, com redução no índice de confiança.