Tiago Manique
CANELA – A paixão pelo campo vem de berço. Filha de agricultores familiares, Ana Carolina Benetti, 25 anos, segue os ensinamentos e conselhos dos pais residindo na propriedade da família, na Linha Chapadão, na produção de suculentas e no empreendimento de aluguel por temporada, denominado de Paraíso Benetti. E com esta aproximação com o segmento rural, cursou o ensino médio e técnico no Colégio Bom Pastor, em 2017, e ao retornar começou a surgir a paixão pelo movimento sindical.
A vivência no setor e como presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Canela, foi contada durante entrevista na Rádio Integração Digital. O ingresso na diretoria da entidade foi incentivado após participação de uma reunião de jovens agricultores, incentivado pelo então presidente André Faes, e um fato curioso para uma jovem na época com apenas 21 anos. “Participei de uma formação de liderança no movimento sindical e a partir deste momento me convidei para a diretoria e assumi como presidente em 2020”, disse.
Empossada neste mês para um segundo mandato que irá até 2028, a sindicalista se deparou com um dos principais desafios para o pequeno agricultor que é a documentação de registro da propriedade.
“São várias as demandas e uma delas que atendemos no Sindicato é a regularização das áreas de terras. É muito burocrático e difícil não estar diariamente na vida do agricultor. Procuramos sempre trabalhar em um tripé: Prefeitura de Canela, Emater e Sindicato. Pela falta de uma Secretaria de Agricultura [é um departamento vinculado à Secretaria de Obras], às vezes algumas coisas não funcionam devido às muitas demandas da Secretaria de Obras e em alguns momentos encontramos dificuldades de implantar alguns projetos”, comentou.
Cursos, orientações e benefícios para os agricultores. Ana mencionou que o agricultor tem o amparo da entidade sindical nas questões burocráticas com instruções e os 242 associados possuem vantagens em serem sindicalizados.
“É importante que o Sindicato seja a ferramenta de luta do agricultor. Sempre digo que juntos podemos ir longe. Defendemos a agricultura familiar de Canela. Auxiliamos os produtores que nos procuram sobre as contribuições do INSS, bloco do produtor e estamos sempre buscando qualificar. E hoje o associado possui uma carteirinha de um projeto da Fetag com convênios em serviços médicos e diversas empresas com descontos não somente no município, mas em outras localidades do estado”, descreveu.
Outro grande anseio é um local fixo e estruturado para comercializar os produtos. De forma improvisada, duas famílias se revezam aos sábados na frente do Banco do Brasil e na Praça João Wender, na Avenida João Pessoa, além da Feirinha Ecológica aos sábados no Centro de Feiras. Além disso, um sábado por mês no Parque do Lago, a Prefeitura de Canela promove a ‘Feirinha do Lago’ com a participação de um produtor. Na Praça João Corrêa, de sexta-feira ao domingo, famílias se revezam para comercialização de pães, cucas e bolachas nos fornos.
“Temos alguns espaços, mas gostaríamos que tivéssemos um ponto onde todos pudessem se reunir e vender no mesmo lugar, mas temos esta dificuldade. Hoje considero uma grande conquista os fornos na praça, onde a Prefeitura concedeu o espaço para o Sindicato. Seria muito positivo conseguir ampliar o espaço, gostaríamos de poder construir algo positivo com os agricultores, junto com artesãos e o pessoal da Feirinha Ecológica”, projetou.
Financiamento e produção rural
A agricultura canelense se destaca pela diversificação na cultura. Agroindústrias que produzem diversos produtos, silvicultura [produção de lenha], nove aviários, além de cultivar frutas, hortaliças e gado leiteiro são as principais produções no município. Mas o acesso para investimento é uma dificuldade. Como comparação, em 2023, o agronegócio de Canela, que são as grandes propriedades, teve financiamento para 10 produtores, totalizando R$ 7,300 milhões, enquanto 18 da agricultura familiar tiveram acesso a apenas R$ 1,800 milhões. Um dos pontos alertados por Ana Benetti é a dificuldade do pequeno agricultor estar com a documentação em dia e ter acesso aos recursos.
“No geral, mostra a importância de ter tudo legalizado. Por isso, é essencial para o produtor emitir nota no talão do produtor nos últimos 12 meses, pois são estas que darão a capacidade de pagamento, ter tudo organizado para aumentar estes números de financiamentos para a agricultura familiar”, orientou.
Diretoria efetiva
Presidente: Ana Carolina Benetti
Secretário: Rodrigo Livi
Tesoureira: Janice Bado Benetti de Oliveira
Diretoria suplente
1º Suplente: André Faes
2º Suplente: Marlise Schmitz
3º Suplente: José Ricardo Tegner
Conselho Fiscal Efetivo
Marli Meyer Faes
Eliandro de Freitas Livi
Mateus Gottschalk
Conselho Fiscal Suplente
Miria Helena Benetti
William Benetti Livi
Romeu Port
Confira abaixo a entrevista completa. Para acompanhar no celular clicar em OUVIR NO NAVEGADOR.
A entrevista completa pode ser conferida na página do Jornal Integração no Youtube.