GRAMADO – Desde a orientação da Defesa Civil como forma de preservação da vida das pessoas, de solicitarem evacuação total no bairro Três Pinheiros no dia 19 de novembro, sob risco de deslizamento de terras, a vida dos moradores mudaram radicalmente. Uma parte foram para casas de parentes, outra pequena parcela em abrigo no ginásio da Escola Senador Salgado, bairro Piratini.
O bairro além de sua grande parte ser residencial, tem a vida comercial com diversos setores da economia. A maior parte são pequenos e médios negócios, que movimentam a engrenagem da economia local.
Alguns não tem funcionários, os próprios proprietários atuam sozinhos. Como é o caso de Tatiane Guerreiro, 37 anos, conhecida como Tati. Proprietária da Loja e Brechó da Tati, ela comercializa roupas e acessórios na rua Caldas Júnior, entrada principal do bairro em frente a ERS-115.
Onde ela tem o empreendimento, um prédio de tijolo de dois pisos é também local de moradia. No final da tarde de quarta-feira (30), junto com o marido Alessandro de Oliveira Fassbinder e os filhos Maria Antônia Guerreiro Fassbinder de 4 anos e Ernesto Guerreiro Fassbinder, 12 anos, retornaram para casa.
Esta mudança repentina deixou a comerciante apreensiva e sem saber o certo que fazer. Visivelmente emocionada com o retorno para casa, ela iniciava a organização do espaço, pela saída repentina naquele dia 19 de novembro.
“Estou bem emocionada quando anunciaram que podíamos voltar para casa. Aos poucos voltando, foi um susto naquele momento o carro anunciando que deveríamos ir embora. Foi bem triste. Saímos desesperados, familiares nos apoiaram bastante nestes dias de angústia. Tenho o meu comércio, meu sustento. Perdi alguns clientes, pois muitos que moravam de aluguel foram embora com medo. Agora, vamos seguir em frente voltar e aproveitar e fazer as vendas para minha loja. Vamos nos organizando e a vida aos poucos voltando ao normal” explicou Tati que neste período ficou abrigada na casa de uma cunhada.
Aliviado em poder voltar ao seu comércio, Rogério Thomazi, o ‘Vermeio’. Ele tem sua empresa na rua Caldas Júnior, a RTZ Eletrônica. Ele revelou que parte dos equipamentos e ferramentas levou para sua casa, localizada na rua Angelino Thomazi, em um sítio na Linha Ávila Baixa.

A loja improvisada é a garagem e o baú de caminhão. Apesar do retorno manterá o local como um plano B, para seu trabalho. “O meu trabalho atendo bastante algumas casas, empresas, supermercados e hotéis direto nestas locais e consigo ter o espaço na minha casa. Mas foi um alívio poder retornar, pois tenho muito serviço e estou colocando em dia, os clientes já estão procurando”, comentou ele na manhã de quinta-feira.
Do trabalho direto para casa
No início da noite de quinta-feira, subindo a rua Octacílio Silva com uma sacola na mão e retornando de um parque temático onde trabalha, estava a moradora do bairro Três Pinheiros, Jasiele de Souza. Apesar dos passos lentos, devido a grande ladeira desta rua, a ansiedade era de logo ingressar na rua Oto Schmitt onde mora e chegar novamente na sua casa onde mora com seu esposo.
No mesmo terreno, residem sua sogra e sogro, além de um casal com um filho. Ela fez uma linha do tempo daquele dia 19 de novembro, até receber uma mensagem pelo celular do seu marido contando que após 10 dias de angustia estava voltando para casa.
“Tudo foi muito incerto bem assustador. Nunca imaginava que algo neste sentido aconteceria conosco. Não sabíamos como nos organizar, uma preocupação muito grande. Meu sogro trabalha com colocação de gesso e conseguiu um apartamento improvisado emprestado, tivemos que instalar torneiras e chuveiro, estávamos em sete pessoas. Sem sinal de telefone e internet. Mas quando recebi a mensagem do meu esposo fiquei muito feliz e fui contando para todos no trabalho que agora tenho uma casa para voltar. Um recomeço em poucos dias, agora as coisas vão se alinhando, sensação de alívio e felicidade”, finalizou.

Texto: Tiago Manique – [email protected]