Setor projeta que quadros devem ser reduzidos em 30% (Foto Gilmar Gomes, Divulgação/Banco de Dados)
A Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul (Movergs) realizou um levantamento com algumas das principais indústrias de móveis do estado e constatou que 83% retornaram às atividades. No principal polo moveleiro gaúcho, Bento Gonçalves, as atividades foram restabelecidas na segunda-feira, 13.
Das empresas associadas entrevistadas, a estimativa é de que os meses de março e abril gerarão perdas que podem atingir 80% do faturamento. Quanto a possíveis perdas para maio, a incerteza do que acontecerá nos próximos dias apontou posições das mais diversas, desde empresários que calculam 70% de prejuízo até os que ainda não conseguem estimar os prejuízos.
A perspectiva de volta à normalidade também é uma questão que divide opiniões, pois 67% acreditam que levarão seis meses, enquanto 16% estimam a metade. Alguns empresários se mostraram mais pessimistas: 8% acreditam que a crise poderá se prolongar por 12 meses e outro tanto sugere acima deste prazo.
Quanto à possibilidade de retorno às atividades, 42% revelaram que todos os colaboradores voltaram, porém 33% reduziram a equipe pela metade e os demais estão atuando com 25% da capacidade da força de trabalho. Em se tratando de demissões, a estimativa da maioria é que a redução no quadro de funcionários poderá ser de até 30%.
Para esse momento, a maioria afirmou que novas práticas estão sendo criadas, como estudos de produtos para serem comercializados via e-commerce, facilitação de trabalho home office, planejamento de lançamentos e prospecção de mercados. Outras afirmaram que ainda não desenvolveram ações.
O presidente da Movergs, Rogério Francio, lembra que a indústria moveleira gaúcha estava apresentando uma melhora gradativa mês a mês. “Em 2019, mantivemos certa estabilidade e muitas empresas voltaram a contratar. O cenário para 2020 era de otimismo”, assinalou. Segundo o dirigente, cada empresa terá que novamente fazer o dever de casa, como nos últimos anos, ou seja, reavaliar vendas, gastos, custos e outros fatores. “Nenhuma empresa gosta de demitir, mas cada empresário precisará olhar para dentro do seu negócio e replanejar o ano de 2020 dentro das possibilidades. Cada um precisa fazer a sua parte, iniciativa privada e governo, focando em salvar vidas, mas também na economia, evitando conflitos de interesse político”, alertou.
Francio salientou que a Movergs articula medidas, junto ao governo do Estado e prefeituras, para amenizar os prejuízos do setor. Em 19 de março, a entidade enviou ofício ao governador Eduardo Leite solicitando o adiamento do pagamento do ICMS; em 24 de março, encaminhou aos senadores e deputados federais gaúchos uma série de sugestões, consideradas fundamentais para a manutenção das atividades.