CANELA – A Prefeitura irá pagar 100% do transporte dos universitários canelenses a partir de 2024. A decisão irá favorecer veteranos, calouros e futuros estudantes das universidades privadas que utilizam vans e ônibus contratados pelos próprios alunos por meio de associações para ir até as regiões metropolitanas. Atualmente, o Executivo paga 70% dos custos do transporte, mas somente duas entidades estão regularizadas para receber o montante.
A notícia foi revelada pela secretária de Educação, Esportes e Lazer, Janete dos Santos. Segundo ela, a decisão saiu após uma conversa com o prefeito Constantino Orsolin, que o ‘ok’ para a pasta seguir com os trâmites em busca de ajudar os estudantes.
“Foi o primeiro ano que senti na pele a angústia dos universitários e a nossa (secretaria) também. Nós temos um modelo muito engessado e é cada um por si. Sentimos que não teríamos como ajudar (se continuasse assim). Eles que tinham que correr atrás de tudo, mas eles são jovens, estão iniciando, trabalham, são muitas coisas. Nós sentimos que poderíamos melhorarmudando a lei”, destacou a secretária.
O projeto de lei será baseado no que já existe em Gramado, onde o transporte é gratuito há muitos anos. Inclusive, muitos estudantes canelenses cogitavam para de estudar, pois não tinham condição de arcar com os custos mensais para ir até a faculdade.
“Abri o processo e consegui uma cópia (da lei) de Gramado para trabalharmos com aquele modelo para facilitar. Está dando certo, porque não vamos olhar? Vimos muitos adolescentes tendo que desistir e trancar o semestre. A gente sabe da dificuldade, alguns jovens são estagiários, inclusive. Eu fui uma, nós temos que ter empatia. Queremos que eles sigam os sonhos, então vamos dar essa ajuda. É um compromisso para que no ano que vem seja melhor”, sublinhou ela.
Dificuldade de regularização e falta de auxílio
Neste ano, os universitários continuarão arcando com os valores acerca do transporte. Uma das entidades que realiza a contratação do serviço é a Associação de Universitários da Feevale (AUF). O presidente da associação, Theobaldo Reis, que assumiu em 2021, reclama que a Prefeitura dificulta o processo de regularização. Segundo ele, reuniões eram feitas para tentar desburocratizar o tema, mas a Educação não dava andamento aos processos pedindo, a cada entrega, mais documentos. Juntamente a isto, informações eram repassadas de forma desorganizada por setores responsáveis. “Por exemplo, quando estávamos regularizando para receber o dinheiro referente ao ano passado, a secretária nos chamou lá, mas ela não sabia de nada. Um tempo depois uma pessoa me chamou e disse que eu poderia dar seguimento. Cada um diz uma coisa, e naquele momento já não valeria mais a pena entrar com o processo, já que temos que nos adiantar para receber os 70%, mas o dinheiro não pode ser usado de forma retroativa”, explicou.
Ele revelou a reportagem que, neste ano, quando voltou a procurar a Prefeitura para receber os valores, foram pedidos mais documentos. “Enfim, começamos a nos organizar para esse ano. O que acontece? Eles dizem que está faltando coisas, é sempre assim. Parece que é só quando vamos atrás, eles podem avisar antes. Sentimos que parece que uma resistência da Prefeitura em nos ajudar”, relata.
A AUF ficou por três anos sem receber o aporte por conta da falta de prestação de contas completa, segundo a pasta educacional. A última havia sido realizada em 2019. Em 2020, antes de Reis assumir, a associação não procurou a Prefeitura para solicitar o transporte, já que as aulas presenciais estavam suspensas por conta da Covid-19.
Mais de R$ 6 mil por aluno
Neste ano, a entidade cobrou R$ 200 para o ingresso de novos universitários. Quem já estava associado pagou R$ 100 para renovar a inscrição. A AUF cobrava R$ 34 a passagem, desde o ano passado. Segundo o presidente, os aumentos nos preços da gasolina e nas manutenções das vans e ônibus refletem no preço da passagem, mas a diretoria decidiu não elevar o valor. A decisão causa a subtração de R$ 200 por mês do caixa da entidade.
Théo explicou que uma dívida com a prestadora de serviço foi revelada quando a presidência foi passada para ele. “A AUF tinha algumas dívidas quando eu assumi. A Transneves me procurou e me comunicou o valor da dívida, que circulava entre nove e dez mil reais, para quitá-la. Com isso cobramos, no início de 2022, R$ 200 de inscrição e o valor de R$ 30, no primeiro semestre, e de R$ 34, no segundo, era para sempre termos dinheiro e manter o fluxo de caixa. Tem várias coisas além do transporte que gastamos”, destaca.
Por exemplo, um aluno que presencia cinco cadeiras por semana e, consquentemente, utiliza o transporte na mesma proporção gasta R$ 170 por semana, R$ 680 por mês e R$ 6.800 por ano, somente em passagens. A AUF possui 54 inscritos.
Passagem ficará entre R$ 10 e R$ 12
Com o repasse no valor de R$ 389.733,75, aprovado pela Câmara de Vereadores no dia 15 de maio e assinado pela secretária Janete no dia 23, referente a 70% do total pedido pela entidade, o preço das passagens ficará entre R$ 10 e R$ 12, por dia, para os universitários.
“É um alívio. Muita gente tem vontade de estudar e não são motivados pelo Poder Público. Gente sabe que faculdade privada não é barata. Ter que marchar com quase R$ 2 mil de mensalidade e mais o transporte não é fácil. Pro bolso é um alívio”, finalizou.