A chegada de mercadorias também foi menor pelo Porto de Rio Grande (Foto Divulgação/Banco de Dados)
As exportações industriais atingiram US$ 1,6 bilhão no primeiro bimestre do ano, em queda de 29% em relação ao mesmo período de 2019. A forte retração, porém, ainda não parece ter relação com o surto de coronavírus, que começou na China, o maior comprador do estado. Segundo a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), a principal influência na redução de 57,9% nas vendas para os chineses no acumulado do bimestre se deu pelos embarques antecipados de tabaco entre agosto e novembro de 2019. Excluídas estas vendas, a diminuição para o país asiático é de 38,7%.
Outros fatores também explicam a redução das vendas externas para a China no período. Embora alimentos, setor gaúcho com maior volume de embarques tenha ampliado em 397,3% as exportações no mês e 504% no acumulado de 2020, o volume de vendas para os chineses caiu fortemente. Celulose teve recuo de 29,9% no total exportado, explicado em parte pelos preços mais baixos. No ano, a quantidade exportada retraiu 67,7% e, os preços, 21,3%.
Na avaliação dos dirigentes da FIERGS, os efeitos do coronavírus talvez tenham afetado mais as importações gaúchas pela interrupção das cadeias de suprimentos. As compras de insumos e produtos da China caíram 17,7% no mês. A retração foi mais intensa nos bens intermediários, 20,7%; e, nos de consumo, 12,1%. Os bens de capital sofreram recuo de 10,4%. Os itens com queda mais acentuada foram rolamentos e engrenagens, com 35,1%, seguidos de partes e peças para veículos automotores, 23,5%.
De acordo com a FIERGS, a eventual falta desses produtos tem o potencial de diminuir ou até paralisar linhas de produção no estado, mas a extensão do impacto dependerá da velocidade de normalização do fornecimento nas próximas semanas. O resultado do bimestre ainda carrega o desempenho muito ruim de janeiro, quando caíram 39,7%. Produtos químicos acumulam retração de 28% e tabaco, 38,8%, os mais expressivos dentre os setores exportadores.
ALIMENTOS SEGUEM EM ALTA
As exportações da indústria gaúcha totalizaram US$ 822,2 milhões em fevereiro, queda de 15,8% em relação ao mesmo mês de 2019 (US$ 976 milhões). Dos 23 segmentos da indústria de transformação que tiveram algum embarque para outros países no segundo mês do ano, 17 caíram na comparação com o mesmo mês de 2019. Destaque para tabaco, com 29,3%, e químicos, 35,7%. O setor de químicos sofre com a queda de 69,1% dos embarques para os Estados Unidos.
Alimentos registraram nova alta, porém desaceleraram para 8,3%, a oitava variação positiva consecutiva na comparação mensal. Os grupos de carne de frango in natura avançaram 69,6% e, de carne de suíno in natura, 71,3%.
A indústria gaúcha adquiriu US$ 454,4 milhões em mercadorias, com retração de 45,4% ante fevereiro do ano passado. No acumulado do ano, o valor totaliza US$ 1,1 bilhão, diminuição de 29,8% em relação a 2019.