GIAN WAGNER
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GRAMADO – A Polícia Civil registrou uma queda significativa no número de homicídios em 2019, se comparado ao ano anterior. No ano passado foram dois homicídios, contra nove em 2018. O delegado titular da Delegacia de Polícia (DP), Gustavo Barcellos, associa a diminuição das ocorrências à Operação Thanatos realizada em agosto de 2018, que desarticulou a facção criminosa com a prisão de cerca de 30 pessoas ligadas ao tráfico de drogas, incluindo um dos líderes, que já estava preso e responderá por comandar uma organização criminosa de dentro do presídio.
“A maioria dos homicídios em 2018 tinham envolvimento com tráfico, eram execuções”, explica o delegado. De acordo com a autoridade policial, no primeiro semestre de 2018 houve sete execuções com requintes de crueldade com intuito de mostrar poder por parte das facções envolvidas. De agosto de 2018 até ontem, apenas um homicídio esteve ligado ao narcotráfico. “A diminuição, comparado a 2018, é reflexo da operação realizada. Esse trabalho foi determinante”, avalia ele, que calcula que a média anual de homicídios nos últimos 12 anos, período que está à frente da DP, seja de dois ao ano.
Foram duas mortes em 2019. Uma delas diretamente relacionada ao tráfico de drogas e que foi esclarecida. O outro homicídio, nas palavras do delegado, ‘caiu de paraquedas em Gramado’. Criminoso e vítima eram de fora da cidade e o bandido ‘usou’ o interior do município para a execução do crime. “Era um desentendimento entre duas pessoas de fora da cidade, mas a execução acabou acontecendo aqui”, explica.
Sobre a solução dos casos, Barcellos enaltece que a grande maioria está resolvida. “Temos apenas uma morte em aberto, de 2018, no Carazal. Sabemos que ali foi caso de tráfico de drogas, mas ainda trabalhamos para chegar nos autores”.
PRENDER E MANTER PRESO – “Não só prender, mas buscar provas para mantê-los presos”, disse o delegado ao ressaltar as 126 prisões que de fato culminaram em baixa no presídio. “Não adianta só prender e depois eles saírem. Eles precisam ficar presos, e para isso tentamos juntar o maior número de evidências e provas para entregar à Justiça”, observou.
TIRANDO O PASSIVO – A DP de Gramado remeteu mais inquéritos à Justiça do que instaurou em 2019. Isso é resultado de um trabalho para a diminuição dos passivos que estavam ‘atrasados’. No ano, foram 663 inquéritos instaurados e 667 remetidos à Justiça. “A remessa ser maior que a instauração mostra que tiramos um passivo”, explica Barcellos. Também em procedimentos administrativos, foram registrados 515 termos circunstanciados (TC) e 44 ocorrências com menores infratores remetidos ao Poder Judiciário.
REDUÇÃO DE 70% – O número de furtos e roubos também teve queda significativa. Barcellos diz que “caiu, seguramente, uns 70%”. O delegado acredita que isso tenha ocorrido graças ao trabalho de repressão realizado. “Tivemos aqueles casos pontuais em novembro e pegamos todos os envolvidos graças ao trabalho de investigação”, avalia.
AVALIAÇÃO – Gustavo Barcellos pondera que 2019 parece ter sido violento por causa do que ocorreu em novembro quando dois empresários foram sequestrados e tiveram suas famílias feitas de refém, mas a Polícia considera que o ano foi de bom para ótimo por conta dos índices de criminalidade que reduziram. “Houve uma redução alta na criminalidade e estamos conseguindo mater. Todos os crimes de grande repercussão foram esclarecidos.
Barcellos também revela que é bastante elevado o índice de drogadição no município, independente de classe social. A grande maioria das 126 prisões realizadas ano passado estão ligadas ao tráfico de entorpecentes. Ele disse ainda que existe uma organização criminosa (facção) da região metropolitana que comanda o comércio de drogas na cidade.
“A violência ligada ao tráfico mudou bastante em Gramado. Estou aqui há 12 anos, e neste período vimos a evolução da criminalidade. Era diferente, antes o criminoso era daqui, era conhecido, hoje ele vem de fora, aluga uma casa e transforma em ponto de venda. Hoje toda hora tem gente nova na cidade, os bairros mudaram, a cidade cresceu, ainda assim, com o trabalho investigativo que desempenhamos conseguimos evitar muita coisa estando muitas vezes um passo à frente para evitar algum crime”, ressaltou.
Participação da comunidade é fundamental
O delegado enfatiza à comunidade: “Nós dependemos de informação para trabalhar”. Por isso é essencial a denúncia, anônima ou não. “Todas as denúncias são apuradas. Algumas não dão em nada, outras dão. Às vezes demora, às vezes é mais rápido. Mas a polícia sempre vai averiguar”, garante.
Denúncias podem ser realizadas de diversas formas. Diretamente na DP, pelo telefone 197 ou pelo telefone fixo (54) 3286.2300. A Polícia Civil também tem WhatsApp no (54) 9 9932.9951. O telefone do plantão permanente é (54) 9 9600.2641. Este número ainda não possui WhatsApp.
