GRAMADO/SANTA MARIA DO HERVAL – O prefeito Nestor Tissot acompanhou na sexta-feira (17), no Palácio Piratini, em Porto Alegre, a solenidade de assinatura do contrato para início das obras de pavimentação asfáltica na ERS-373. A obra entre Gramado e Santa Maria do Herval faz parte de um pacote de investimentos de R$ 91,3 milhões, envolvendo ainda, pavimentação entre Capão Bonito do Sul e Lagoa Vermelha (ERS-461) e Cambará do Sul e São José dos Ausentes (ERS-020).
O secretário de Logística e Transportes, JuvirCostella, garantiu a finalização das obras. “Estes recursos já foram disponibilizados, foram empenhados e liberados pelo governo e pela secretaria da Fazenda. Não temos dúvida nenhuma de que são obras com início, meio e fim”, disse Costella.
MORADORES DA LOCALIDADE ALTO PADRE ETERNO
A reportagem do Jornal Integração conversou com os moradores da estrada (ERS-373). O objetivo foi entender a realidade e o que representa para a população receber uma obra desta envergadura. Para quem mora na localidade, o transporte coletivo mais próximo seria na Serra Grande, alguns quilômetros distantes devido à estrada de chão, sendo que o transporte só circula pelo asfalto. A empresa Gramado Turismo tem um itinerário que passa três vezes por dia na Serra Grande e vai até o Centro de Gramado – por volta de 6h, 12h e 18h. A população local sente dificuldades até mesmo para utilizar o transporte por aplicativos devido à falta de pavimentação.
Outro problema é a poeira e, de certa forma, o sentimento de abandono por parte das autoridades. Loiva Comiotto, 72, casada com Darcy Comiotto, 73, sempre morou na localidade de Alto Padre Eterno, na rua Linha Boa Vista, não vê hora do asfalto ser efetivado. “Eu nasci e cresci aqui. Trabalhei por 29 anos como professora na localidade de Alto Padre Eterno. Estamos quase perdendo a esperança. Já ouvimos muitas promessas. Desta vez espero que tenha asfalto, ou que a Prefeitura coloque quebra-molas. Muitos carros passam por aqui e o risco de acidente é grande. Essa ligação entre Gramado e Santa Maria do Herval é muito importante. Espero de coração que desta vez o asfalto venha”, desabafou a professora aposentada.
“Estamos comendo poeira todos esses anos e estamos esperando o asfalto pra ter uma qualidade de vida melhor. É dificílimo de conviver com isso uma vida toda. Eu sofro com renite alérgica, me criei aqui e trabalhamos em casa com a lavoura. Somos agricultores. Mas trabalho metade do tempo com locações em Gramado”, falou Rose Merie Backes, 49 anos, moradora da rua WylliSchumloefl.
A família de Ivanete Zimmer, 40 anos, tem um pequeno comércio no local e a chegada do asfalto será muito importante. “Já foi colocado marcações no passado. Isso deixa os moradores desanimados, pois apodreceu as estacas e o asfalto não veio. O meu marido tem um mini mercado e as prateleiras e as mercadorias estão sempre cheias de pó. Com o asfalto vai melhorar 100%. Mas já estamos esperando há mais de 20 anos”, disse Ivanete, que tem uma filha que trabalha no Centro de Gramado e faz o trajeto diariamente de carro.
Funcionária pública aposentada, Marcina Fontella, 65, morava no bairro Piratini e trabalhou por 22 anos na Prefeitura de Gramado. Atualmente ela mora com um casal de filhos e duas netas em Alto Padre Eterno. “Seria uma dádiva se saísse este asfalto. Não dá nem para estender uma roupa quando tem vento. A poeira suja tudo e fora que as alergias começam a aparecer. Tomara que as autoridades cumpram o que estão prometendo”, disse Marcina.
POSTO TOMAZI – Mesmo para quem já tem asfalto na frente do estabelecimento, o fato de ter uma opção que pode gerar economia de tempo, a expectativa é de que aumente o número de clientes. “Eu estou morando aqui há 89 anos, desde criança moro aqui, meu pai foi o primeiro morador. Vai melhorar uns 60%. A Várzea vai melhorar, além do mais vai ficar 35 km mais perto de Porto Alegre, indo por esta estrada. Para nós do posto vai ser muito bom, além de aumentar o fluxo de clientes, as terras aqui vão valorizar mais”, comentou o Abel Tomazi, proprietário do Posto Tomazi que fica na Estrada da Serra Grande.
TRABALHA EM GRAMADO – “Quando a gente chega em casa, o nariz está pesado de tanta poeira”, afirma Sabrina Wingert, 21 anos, que todos os dias leva 30 minutos para fazer o trajeto de sua casa até o Centro de Gramado. Sabrina é secretária no escritório D’Lourdes Contabilidade na parte da manhã e de tarde fica em casa para cuidar de sua filha. “Eu saio de casa por volta das 7h25. A estrada é muito ruim e não posso andar rápido. Com o asfalto, nossa qualidade de vida vai melhorar. A poeira chega a dar um desgosto. Além da sujeira provocada pela poeira, que todos os dias só piora, os turistas param e perguntam se estão no caminho certo, pois acham que estão perdidos devido a estrada ser muito ruim e que parece que estão indo para roça, em tom pejorativo”, desabafa Sabrina.
Crédito: Lucas Brito/JIH
Texto: Lucas Brito de Barros | [email protected]
