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Recuperação de vidas e trabalho: conheça a Comunidade Vale a Pena Viver

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GRAMADO – Ressignificação para a vida, recuperação de pessoas e trabalho. Esses são os pilares que transformaram a Comunidade Terapêutica Vale a Pena Viver em um exemplo para o tratamento de dependentes químicos no país nos últimos 20 anos.A 15 quilômetros do centro, na localidade da Linha Nova, ficam as dependências do projeto sem fins lucrativos, fundado em 1999 por Benoni Moraes, Iara Moraes, Lúcio Neumann e Bárbara Souza.

No Vale a Pena Viver, os internos permanecem residindo durante nove meses. O período é dividido em etapas: desintoxicação, adaptação, conscientização, reformulação e reinserção social. Conforme Neumann, tesoureiro da instituição, os nove meses são tratados como um renascimento. “Eles são gestados para uma nova vida. O dependente se adaptou ao vale tudo e aqui ele aprende um sistema novo de disciplina, horários, trabalhos. Aqui se aprende a fazer de tudo”, revelou.

A cada semana, os residentes são introduzidos em um cronograma composto de horários e tarefas, como a produção de queijo, corte de madeira para lenha, abastecimento da cozinha, manutenção da horta, estudo bíblico, tratamento e manejo dos animais (porcos, ovelhas, patos, galinhas e vacas)e limpeza das edificações. O retiro é supervisionado por uma equipe formada por médico, psicólogas, coordenador técnico, supervisor, psiquiatra, assistente social, supervisor e monitores que farão o acompanhamento da jornada e fazem parte das solicitações da Federação Brasileira das Comunidades Terapêuticas (FEBRACT), na qual a instituição é ligada.

A estrutura da fazenda conta com dormitórios, refeitório, sala de TV, capela, aviário, livraria, campo de futebol, além de uma grande área verde.De acordo com a presidente IaraMoraes, os estudos bíblicos são feitos por meio do ensino católico. O dependente que não partilhar da mesma religião, não precisa realizar as orações, mas deve respeitar permanecer na capela e fazer a reza conforme o seu credo.“Somos leigos católicos, sob orientação católica aqui. A igreja concorda que exista uma capela aqui, mas não ajuda a sustentar financeiramente o Vale a Pena Viver”, explicou Neumann.

Internos assistem a missa realizada na Capela – Vale a Pena Viver/Divulgação

No sexto mês de tratamento, o acolhido ganha o direito de ir para casa visitar a família, além das visitas especiais de domingo na própria fazenda. Nesta semana, a família assina um termo de responsabilidade, com algumas regras, para realizar o acompanhamento do indivíduo. Durante os sete dias, ele não pode ir a festas, beber ou fazer qualquer ação ilícita ao programa. “Caso a gente tome conhecimento que algo correu de forma errada, a pessoa perde o direito de visitação”, alertou Iara. 

AMPLIAÇÃO – A fazenda está recebendo, nos últimos meses, a ampliação dos seus dormitórios. A nova edificação está sendo construída para dar mais privacidade e conforto aos acolhidos. Iara e Lúcio destacaram que nenhum dos investimentos em construções sai da contribuição das famílias, mas de atividades específicas da instituição como jantares, ações beneficentes e doações para angariar fundos, sendo o dinheiro das famílias e acolhidos usado, exclusivamente, para o tratamento individual.

VAGASE PANDEMIA – Atualmente, a instituição fornece 50 vagas sendo que 25 são ‘reservadas’ caso o Governo Federal solicite por meio da Secretaria Nacional de Política sobre Drogas. Por conta disto, o retiro passa regularmente por vistorias e adequações conforme a pasta solicita. O Governo fornece, por cada vaga adquirida, R$ 1 mil para cobrir as despesas do interno. Com a chegada da pandemia, a adesão que era de 30 a 40 pessoas por grupo, baixou para 20 e as visitas foram suspensas. O dependente que quiser aderir ao programa deverá passar por uma quarentena de 15 dias, caso teste positivo, em um lugar mais afastado da fazenda. Do contrário, se o teste for negativo, ele poderá se juntar ao convívio dos outros internos.O processo de internação tem de partir da vontade do dependente. A família não pode interná-lo à força. Antes da internação, é explicado como funciona o sistema na fazenda e o que o interno deverá seguir. Após, se o dependente não estiver de acordo, ele pode desistir.

“Minha vida mudou 100%”                

Lúcio e Iara contaram à reportagem que alguns dos atuais funcionários são ex-dependentes químicos. O JI conversou com um dos monitores que passou pelo processo de recuperação e nos últimos 14 anos continua no local, mas agora ajudando a recuperar outras vidas. “Eu me perdi muito jovem, eu achava que as coisas eram muito fáceis, eu tinha uma família bem estruturada. Não tinha limite, sai de casa cedo e me achava o dono do mundo. Eu perdi meus valores, fui para um lugar distante, conheci alguém e comecei a usar entorpecentes. Fui deixando tudo para trás, inclusive meu filho. Quando vi eu estava no hospital, então me trouxeram para cá. O seu Benoni me acolheu, ele é um pai para mim. Botei os pés na comunidade e foi um recomeço para a minha vida. Eu tive todo o suporte aqui. Minha vida está muito melhor, não tenho a menor dúvida. Minha vida mudou 100%”, contou o rapaz que preferiu não se identificar.

Como presidente desde a fundação da casa, Iara se diz realizada por poder fazer parte da restauração de vidas e pelo trabalho realizado. “Isto aqui é uma realização para mim. Tornei-me um ser humano completo, sou realizada como mulher com este trabalho aqui dentro. Doar-se para este trabalho e ver o resultado é gratificante. Nos deparamos com pessoas sem expectativa de vida e podemos acompanhá-las e ajudar a reconstruir suas vidas. Isto tem uma dimensão muito grande para quem ajuda e outra maior ainda para quem recebe”, declarou.

Neumann destacou Benoni, marido de Iara e ex-administrador da casa, e botou o sucesso do projeto na conta do casal. Benoni teve de se retirar das atividades há cerca de dois anos, por conta de alguns problemas de saúde.“Todo o louvor se deve a Iara e ao Benoni. A comunidade gramadense lembra daqui como se fosse do Benoni, porque ele administrava e estava mais dentro que a própria presidente. Somos meros ajudantes, eu e Bárbara. A diretoria está de pé, hoje, graças ao Benoni e a Iara”, finalizou Neumann.

DOAÇÕES – Quem quiser fazer uma doação ao projeto ‘Vale a Pena Viver’, pode depositar qualquer quantia em dinheiro por meio da conta do Banco Sicredi. Conta 26691-7/Comunidade Terapêutica Vale a Pena Viver/Agência 0101.

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