Fernando Gusen
GRAMADO – A primeira entrevista de Nestor Tissot desde que deixou o cargo de prefeito em 31 de dezembro de 2016, aconteceu na manhã desta quarta-feira (24), para a rádio do Jornal Integração. Durante cerca de uma hora de conversa no programa Manhã com Informação, apresentado por Daniel Santos, o ex-prefeito e atual presidente do partido Progressista de Gramado discorreu sobre questões políticas do cenário gramadense, falou do processo que se defende na esfera judicial e suas pretensões para a próxima eleição, garantindo que será candidato a prefeito no ano que vem.
Daniel iniciou a entrevista abordando a rotina atual do ex-prefeito e as intenções do partido, que recentemente promoveu jantar de filiações e abonou a ficha de cerca de 70 novos correligionários. “Eu queria me dedicar exclusivamente à empresa, mas os amigos nos convenceram a assumir o partido e recentemente fizemos um evento de filiação, um jantar, onde recepcionamos cerca de 70 novos filiados, e todos os dias recebemos pedidos para novas filiações. E isso para nós é uma alegria muito grande”, referiu.
Conforme Nestor, por conta do apoio e procura que têm recebido na cidade, almeja formatar e apresentar uma boa nominata para a próxima eleição. “Minha idéia, junto com a executiva, é realizar novos encontros em pequenos núcleos nos bairros. Já temos alguns encontros programados. Queremos também ouvir as pessoas, suas sugestões e suas avaliações quanto à atual gestão. Nosso partido terá um candidato a prefeito, então essa busca por informações fará parte do nosso plano de governo”, disse.
A conjuntura para a chapa majoritária, inclusive, já foi tema da executiva progressista. O presidente do partido comentou que já houve contato com os partidos que fizeram parte da base aliada em eleições passadas para destacar que o Progressista tem intenção de manter a parceria para o próximo pleito. “Fizemos contato para dizer que queremos continuar e que estamos abertos para conversar sobre o plano de governo”. Ele também citou que as portas estão abertas para outros partidos comporem a chapa da União Por Gramado, citando de exemplo o PSL, do presidente Bolsonaro, que se formou em Gramado após a última eleição.
Em 24 anos de vida pública, Nestor foi vereador, presidente da Câmara, vice-prefeito e prefeito. Ao ser questionado sobre sua avaliação dos 16 anos em que esteve no governo (8 como vice e 8 como prefeito), Tissot respondeu que “deixamos uma marca muito positiva na cidade. Se olharmos esse período entre 2001 e 2016, Gramado cresceu, se desenvolveu, se distanciou de muitos municípios, se tornou uma cidade conhecida mundialmente, com poder muito grande no seu turismo e enriqueceu. Muito emprego foi gerado nessa época. E logicamente que para continuar com um trabalho desse nível é preciso ter uma administração muito forte e preparada para não perder essa qualidade”.
“E a gente vê que Gramado não é mais a mesma cidade, hoje a gente vê desemprego, a gente vê um povo mais triste, a gente vê a população insatisfeita. Mas enfim, o governo que está aí foi vontade das urnas, é legítimo, e temos que respeitar. E agora cabe a nós alertar a população para estes enganos, para as promessas não cumpridas, para que isso não ocorra novamente”, opinou.
Centro de Saúde da Várzea Grande
Durante o último mandato do seu governo, Nestor tentou comprar um imóvel na Várzea Grande para torná-lo um Centro de Saúde para o bairro, o que não chegou a ser concretizado e acabou se revertendo em uma ação civil pública contra o então prefeito. “Estou me incomodando bastante com isso. Para alegria dos que me denunciaram. Gastando um dinheiro do meu bolso, da minha empresa, pra fazer frente a minha defesa. Houve uma primeira votação na justiça e eu perdi, agora ainda cabem dois recursos. E para tranquilidade do meu partido e intranquilidade do grupo político que está no poder, eu estou apto a concorrer novamente a prefeito”, avaliou.
Nestor também frisou que este processo judicial tem viés completamente político. “Não cometi nenhum erro. Estou sendo injustiçado. Isso é um ato com conotação totalmente política, com interesses políticos de me tirar da eleição. Só que isso está me deixando mais valente ainda e me colocando como pré-candidato já dois anos antes do período eleitoral”, afirmou.
O ex-prefeito expôs sua versão do que aconteceu. “Havia recurso na Prefeitura e tentamos comprar aquela área. Então mandei um projeto para a Câmara com valores abaixo do que as imobiliárias tinham avaliado. Eu tive a intenção de comprar aquela área e pela área ser de meus parentes (primos) o Ministério Público achou que eu não deveria comprar, eu acatei isso retirando o projeto da Câmara, cancelei a minha idéia, não fiz nada, e para minha surpresa recebi dois processos, um criminal e um civil”, comentou.
E prosseguiu: “Tão importante que é um posto de saúde na Várzea, que estão iniciando um agora, por meio de uma parceria público-privada, extorquindo R$ 3,5 milhões de um empresário para fazer o posto e estão fazendo. Ou seja, a minha idéia lá atrás era a certa, por isso hoje estão fazendo um posto. Eu fico decepcionado por ter saído do governo e não poder ter feito essa obra. Hoje esse posto de saúde já estaria atendo a nossa sociedade, mas agora vamos levar mais dois, três anos para termos o posto”.
Mobilidade urbana
Durante a entrevista um ouvinte enviou mensagem instigando o ex-prefeito a falar sobre mobilidade urbana. Nestor comentou que “nós iniciamos lá atrás o projeto do anel viário. Fizemos a primeira parte ligando os bairros Três Pinheiros e Casagrande. E penso que a continuidade do anel viário é muito importante e o que foi investido em estudo recentemente os estudiosos de fora da cidade disseram, no primeiro item, que o anel viário deve ser concluído, ou seja, lá atrás já sabíamos que essa obra seria um dos grandes itens a serem trabalhados para diminuir esse problema em Gramado”.
“Canela está fazendo aquela estrada que vai ligar a Três Coroas (Rota Panorâmica) e enquanto isso nós não estamos nos preocupando com nada, só nos preocupamos em encomendar estudos, só que na prática não acontece nada, é só conversa fiada”, criticou.
“A Borges de Medeiros, que deixamos R$ 3,5 milhões de recursos até agora não está finalizada. Vai chegar mais um Natal, de novo, e aquela bagunça ainda está ali na entrada da cidade. É de se lamentar isso. Muito tempo do atual governo foi perdido fiscalizando o meu trabalho de oito anos, pra ver se encontrava alguma coisa pra me impedir em uma futura eleição”, cutucou.
O vice e o MDB
Sobre a escolha de um nome para compor a chapa como vice, o pré-candidato enfatizou que essa questão será decidida mais adiante. “Vamos resolver isso nos 49 do segundo tempo”, falou. Ele primeiro quer conversar com os partidos que integram a coligação UPG e revelou que o vice pode até ser um nome de outra sigla, não necessariamente do PP.
Em uma eventual aproximação entre seu partido e o MDB, Nestor revelou que isso ficou mais distante, justificando que foi “muito maltratado” por membros emedebistas. “Mas esta é uma opinião minha. Acho muito difícil. Não sei. Tudo é possível. Eu sou uma pessoa de diálogo, de fácil convencimento e não sou eu quem vai colocar empecilho se o futuro assim determinar essa parceria”.
Nestor também confirmou que o Progressista contratou um instituto de pesquisas para fazer um levantamento na cidade. Ele não divulgou dados e índices, apenas disse que nem para o partido isso foi aberto e citou que são levantamentos periódicos para saber como andam os cenários.