


Tiago Manique
GRAMADO – Rio de Janeiro, 7 de julho de 2019 e quando o relógio cravou às 17h,o árbitro chileno Roberto Tobar, apitou o início da decisão da Copa América entre Brasil e Peru que terminou com vitória brasileira e o título da competição. Na arquibancada, mais de 70 mil torcedores apreensivos e outros milhares assistindo pela TV torcendo para Alisson, Éverton, entre outros talentos do time de Tite.
Para que tudo fique alinhado e transcorra o melhor possível dentro das quatro linhas e faça com que a bola role normalmente, personagens anônimos trabalharam incansavelmente para deixar o palco pronto para os jogadores.
Um destes craques dos gramados não é atleta e sim o analista de campos esportivos, o gramadense Tiago Rodrigues que foi juntamente com a empresa em que presta serviços para a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) cuidar do gramado do Maracanã e os Centros de Treinamentos no Rio de Janeiro para as seleções durante o período da Copa América. Com a decisão, foram no total seis partidas realizadas em um dos maiores templos do futebol mundial.
Com aproximadamente 10 anos de experiência neste setor e ter trabalhado na preparação de gramados para Copa das Confederações em 2013, no ano seguinte o Mundial e 2016 nas Olimpíadas no Rio, currículo não falta para que Tiago fosse credenciado para atuar neste ano em uma competição internacional.
E desta vez o desafio foi maior. Os campos ganharam um capítulo a parte, algumas seleções e atletas reclamaram das condições, como o craque argentino Lionel Messi e o técnico Tite. Calendário apertado com excessos de jogos e condições climáticas foram um dos pontos destacados por Tiago para que alguns locais não estejam em condições favoráveis.
“Tivemos muito trabalho, ficamos apreensivos e tensos. Tivemos dificuldade de trabalhar para cuidar dos campos, pois o calendário esportivo do futebol sulamericano é injusto, diferente da Europa, aqui são jogos intensos, no caso o Maracanã, Flamengo e Fluminense utilizam o local. Mesmo que o manejo de reparo é igual que da Europa, aliados as condições climáticas e o período de uma semana que nos entregaram o Maracanã é humanamente impossível deixar o campo 100% como merecia a competição”, explicou.
Ele desabafou tecendo críticas a algumas pessoas por desconhecerem o manejo de trabalho nos campos de futebol. “Fico chateado com alguns comentários de gente formadoras de opinião de parte da mídia, alguns são covardes, não tem conhecimento sobre a situação, não sabem o que realmente acontece”, pontuou.
Arena do Grêmio
Tiago atuou no Rio de Janeiro, mas um dos locais que resultou em mais reclamações foi o gramado da Arena do Grêmio. Mesmo não sendo de responsabilidade do gramadense, mas como é um tema corriqueiro de contestações principalmente por parte do técnico Renato Gaúcho, o analista voltou ao tema das peculiaridades de cada gramado e pontuou que um dos problemas enfrentados na casa gremista foi o projeto arquitetônico da Arena.
“Cada estádio tem uma particularidade e no caso do estádio do Grêmio a arquitetura construída para deixar o torcedor mais confortável, impede que parte do gramado receba luz solar natural, o que torna mais difícil pela quantidade de sombreamento, ai sendo necessário utilizar luz artificial que simula o mesmo do sol, mas que às vezes não é a quantidade necessária”, ponderou.
Logística e contato com astros
Seis horas antes do início de cada partida, o trabalho dentro do campo tem que estar finalizado e entregue e Conmebol, ocorrendo em algumas oportunidades a necessidade de atuar na manutenção no período da noite ou madrugada. Diante destas peculiaridades do trabalho, o contato com astros da bola fica despercebido.
“Agente passa mais tempo preocupado com o gramado do que acontece no palco de jogo, sempre atento para resolver o mais rápido possível trabalhamos para que tudo ocorra bem, então esta parte de jogadores e celebridades fica em segundo plano, passa despercebida muitas vezes nem tomamos visão do entrono, mas claro falando do lado torcedor é gratificante ficar próximo de grandes jogadores”, comentou.
Agora é Gramado
Na segunda-feira (8) Tiago retornou para Gramado onde se prepara para reiniciar suas atividades profissionais na Prefeitura, pois precisou ser exonerado do cargo que ocupa para ir até o Rio de Janeiro. Segundo ele, o método de manejo utilizado nas competições internacionais que atua são os mesmo que aplica nos campos em que as equipes amadoras e o Gramadense atua no município. Ele deu um parecer sobre os andamentos das obras na Vila Olímpica.
“Os campeonatos chegando ao fim tem alguns campos para serem preparados que é como se fosse para jogadores como Cavani e Messi é sempre com o objetivo de dar as melhores condições possíveis. Estamos finalizando na Vila Olímpica o sistema de drenagem mais de mil metros de drenos sendo necessário para dar melhores condições principalmente por causa da chuva e trabalhar para colocar à disposição o mais rápido possível”, finalizou.