MARTINA BELOTTO
PAÍS – A conta de luz que chega mensalmente à sua casa sempre vem acompanhada de uma observação indicando a cor da bandeira tarifária no documento. Verde, amarela ou vermelha. Essa classificação é definida de acordo com o custo necessário para gerar energia elétrica a cada mês. Quando a bandeira está verde, normalmente em épocas de mais chuva, o consumidor não desembolsa a mais. Já quando a bandeira está amarela ou vermelha, as contas são acompanhas por taxas de acordo com cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.
No dia 21 de maio, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou que o valor das bandeiras amarela e vermelha, nos patamares 1 e 2, sofrerão reajustes. Entre os preços reajustados, a bandeira que mais aumentou foi a amarela, que subiu de R$ 1,00 para R$ 1,50 a cada 100 quilowatts-hora (kWh), o que representa uma alta de 50%. O patamar da bandeira vermelha 1 passou de R$ 3 para R$ 4 a cada 100 kWh, um crescimento de 33,3%. Já o patamar 2 da bandeira vermelha passou de R$ 5 para R$ 6 por 100 kWh consumidos, um aumento de 20%.
Confira o valor dos reajustes
Conforme a Aneel, o reajuste serve para adequar o custo extra gerado nos períodos em que a produção de energia fica mais cara. O objetivo é que a arrecadação com as bandeiras fique o mais próximo possível do valor extra gasto com a geração de energia. A Aneel também esclarece que existem outros fatores, além das condições para gerar energia, que podem influenciar no reajuste. Entre eles estão os custos de aquisição de energia, o pagamento de encargos setoriais, os custos de transmissão (transporte de energia) e o pagamento de impostos.
Segundo o diretor-geral da Aneel, André Pepitone, o reajuste anunciado em maio evitará que a conta da bandeira tarifária fique deficitária em 2019. No ano passado, o déficit foi de cerca de R$ 500 milhões, que foram incluídos nos reajustes tarifários. “A alteração foi especialmente motivada pelo déficit hídrico do ano passado, que reposicionou a escala de valores das bandeiras”, afirmou a Aneel em nota.
Entenda como funciona o sistema das bandeiras tarifárias
Criadas em 2015, as bandeiras tarifárias funcionam para financiar os custos extras da geração de energia elétrica no Brasil. São três as bandeiras existentes: verde, amarela e vermelha. Elas mudam mensalmente e são indicadas na conta de luz. Em seu site, a Aneel também indica qual será a tarifa utilizada no mês.
A bandeira verde indica que os reservatórios de água estão cheios e que não há problema para a geração de energia pelas hidrelétricas. Ou seja, o consumidor não precisará pagar mais em sua conta. Já na bandeira amarela existe um custo adicional. A cor indica que os níveis dos reservatórios de água estão menores. O extra cobrado é calculado de acordo com cada 100 kWh gastos. Por fim, a bandeira vermelha é utilizada para indicar uma baixa de água ainda maior nas usinas hidrelétricas. Neste caso, o consumidor paga valores mais altos por 100 kWh consumidos.
Além de implicar em contas de luz mais caras, o alerta trazido pelas bandeiras tarifárias serve para que os consumidores procurem economizar energia elétrica. Esse cálculo de valores extras das bandeiras é realizado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que verifica a necessidade de ligação das usinas termoelétricas e o custo associado a esse ligamento. Antes do sistema de bandeiras, o custo da geração de energia mais cara já era cobrado do consumidor, mas com um ano de atraso.
Quanto o reajuste interfere no valor da minha conta?
No mês de maio, por exemplo, a bandeira estava na cor amarela, o que indicou a taxa extra no consumo e, consequentemente, uma porcentagem a mais nas contas de luz. Já neste mês de junho a bandeira passou a ser verde, o que não resulta em valores extras para os consumidores. Conforme o histórico de bandeiras tarifárias da RGE, os meses de inverno costumam ser marcados pelas bandeiras vermelhas, devido à baixa quantidade de chuva. Em 2018, de junho a outubro a bandeira ficou vermelha, no patamar 2. Já em novembro a bandeira registrada foi a amarela e, em dezembro, foi a verde.
Desta forma, a conta de luz do consumidor fica mais cara conforme a bandeira do mês. Se determinada família mantém uma média de 500 kWh de consumo por mês, ela pagará R$ 7,50 a mais quando a bandeira estiver amarela. Quando a bandeira estiver vermelha, no patamar 1, ela pagará R$ 20 a mais. Já quando a bandeira marcar vermelho, no patamar 2, a taxa extra resultará em R$ 30 a mais naquele mês.
Para a moradora de Canela, Tâmara Iparraguirre, de 25 anos, os meses de inverno tornam as contas de luz ainda mais caras, o que representa uma grande parcela nos gastos da família. “É um dos gastos mais importantes, mas com o preço que está vamos ter que voltar à era do lampião ou vela. No inverno sempre aumenta mesmo, e fico preocupada pois não sabemos o quanto virá no próximo mês”, comenta ela, que reside no bairro São José com o marido e com dois filhos, um de nove meses e outro de cinco anos.
Tâmara conta que, geralmente, a conta de luz ficava em torno de R$ 200, mas no mês passado chegou a R$ 260. Diante disso, a família está buscando medidas para diminuir o consumo. “Já senti esse aumento, isso que nem usamos a estufa ainda. Em casa cuidamos para não deixar as luzes acesas e utilizar estufa apenas quando for muito necessário”, aponta.
Confira dicas para economizar energia elétrica
Para evitar surpresas com o preço da conta de luz, o consumidor pode tomar medidas práticas para economizar energia elétrica, principalmente nos períodos em que as bandeiras ficam nas cores amarela e vermelha.
Uso de lâmpadas fluorescentes ou de LED – Vale investir na substituição das lâmpadas incandescentes por fluorescentes ou de LED, além de aproveitar a iluminação natural.
Luzes apagadas em cômodos vazios – Outro hábito comum nas residências é deixar as luzes acesas em espaços que não estão sendo utilizados. O mesmo vale para os aparelhos eletrônicos que costumam ficar ligados enquanto não estão sendo utilizados, como a televisão.
Geladeira – Guardar alimentos quentes sem tampa e ficar abrindo a porta com certa frequência são duas práticas que fazem o eletrodoméstico precisar de mais eletricidade para funcionar. Você só deve deixar a porta aberta o tempo que for necessário, além de deixar espaço para ventilação na parte de trás e não utilizá-la para secar panos.
Chuveiro elétrico – Tomar banhos mais curtos, de até cinco minutos, e verificar as potências no seu chuveiro.
Ar condicionado – Não deixar portas e janelas abertas em ambientes com ar condicionado e manter os filtros limpos.