CANELA – Os melhores laçadores do estado se renderam ao talento e a precisão do pequeno Felipe Vargas, de 11 anos, que venceu as disputas do Braço de Ouro durante a 31ª Festa Campeira do Rio Grande do Sul (Fecars), realizada em Xangri-lá no último final de semana. O evento é realizado anualmente pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) e reúne os melhores laçadores do estado.
Além de ser o mais jovem laçador a se consagrar Braço de Ouro, esta é a primeira vez que um canelense conquista este troféu. Felipe, que é conhecido no mundo dos rodeios pelo apelido de Bombacha porque gosta de usar bombachas de favo, se deu bem nas disputas aqui da região representando o Piquete de Laçadores Lago Verde na categoria Laço Piá e garantiu presença na Fecars para defender a bandeira da 27ª Região Tradicionalista (Canela, São Francisco de Paula, Cambará do Sul, Gramado, Nova Petrópolis e Picada Café).
Felipe formou dupla com Matheus dos Reis Machado do Piquete Bandeira dos Fortes e juntos venceram a modalidade Laço Piá. Os vencedores de cada uma das 19 modalidades voltaram à cancha no final para disputar o Braço de Ouro, uma espécie de campeão dos campeões. Agora Felipe tem mais um compromisso expressivo, em julho terá que ir a Criciúma disputar o Laço Piá na Festa Campeira Nacional, que reunirá os vencedores de cada estado.
Para ser bom laçador, além de destreza é preciso começar cedinho e praticar bastante. Felipe tem tudo isso. Nasceu e se criou acompanhando o pai na lida de campo e nos rodeios e laça desde muito pequeno. Aos 3 anos de idade já disputava rodeios na modalidade Vaca Parada, inclusive, já nessa idade ganhou o primeiro troféu, sendo campeão em Terra de Areia.
No lombo do cavalo, correndo gado na cancha, Bombacha ganhou seu primeiro troféu aos 4 anos em Lajeado Grande. E dali nunca mais parou. Em 2014, ele e seu parceiro Matheus Machado ganharam as duplas na Força C do rodeio de Canela. Já em 2017, ao lado do pai, venceu o Laço Pai e Filho no disputadíssimo Rolantchê. A prateleira de troféus sempre recebe novos exemplares a cada rodeio que Felipe participa. Ser vencedor é parte de sua rotina.
Aluno do 5º ano na escola Barão do Rio Branco no Saiqui, Felipe se criou na lida campeira. É filho de Jonas Vargas e Leidi Camelo, e irmão do pequeno Diego, de três anos, que já segue o mesmo rumo. “Nós nascemos e nos criamos na lida”, resume o pai.
27ª RT
Esta é a primeira vez que um laçador de Canela vence o Braço de Ouro na Fecars. Pela 27ª RT, outros quatro já alcançaram esta façanha: Diogo Medeiros, Daniel Fonseca, Leandro Reis e Ariane Soares. Foram necessárias 24 armadas certeiras para Felipe vencer. “Já demorou mais, recentemente o MTG dificultou um pouco a disputa diminuindo o tamanho da cancha a cada volta. Normalmente o laçador tem até os 100 metros para colocar a armada. Aqui o Felipe ganhou quando já estava no limite dos 30 metros”, explicou Jonas Vargas, pai do Felipe.
José Araújo, que é de Canela e já foi coordenador da região e diretor campeiro do MTG, explica que a criação dessa dificuldade diminuindo a cancha é para apressar a disputa. “Hoje é muito parelho, os laçadores são muito bons. Se deixar, acho que ainda estariam lá disputando”, disse ontem à reportagem.Ao se tornar Braço de Ouro, Felipe agora poderá disputar o Braço de Diamante em todas as próximas edições da Fecars.
Os campos de cima da serra, berço de bons laçadores, já renderam recordes para a 27ª RT. Na Fecars a principal modalidade é o Laço Seleção, que é por equipes, e nas 31 edições da Fecars, a 27ª venceu cinco vezes, sendo a única das 30 regiões a alcançar este feito. “Há alguns anos era possível ser campeão com 42 armadas em 50, hoje não dá mais, tem que ser 50 de 50, tem que ter 100% de aproveitamento. Nós fizemos 48 de 50 nesse ano e ficamos em 4º. Hoje é muito parelho”, ponderou Araújo. Quem venceu essa modalidade nesta edição foi a 22ª RT (Três Coroas, Igrejinha, Taquara, Parobé e Rolante).
FOTO: Fernando Gusen/JIH