SÃO FRANCISCO DE PAULA – O ritmo Bugio e o Festival Musical Ronco do Bugio foram alçados a patrimônio cultural imaterial de São Francisco de Paula, por meio de dois projetos lei enviados pelo Executivo ao Legislativo, que visam proteger a história e a cultura desses elementos tão tradicionais em São Francisco de Paula.
A originalidade tanto do ritmo quanto do Festival foi resguardada deste reconhecimento patrimonial como um bem tipicamente serrano, sendo ambos elementos potencializadores que fazem com que a comunidade sinta-se orgulhosa ao alimentar e fortalecer a própria identidade do nosso povo.
Neste ano São Francisco de Paula promove a 29º edição do Ronco do Bugio que já tem atrações confirmadas. Israel da Sóis e Manotaço comandam o palco no dia 26, enquanto César Oliveira e Rogério Melo e Ytamar Gomes sobem ao palco dia 27. A entrada é franca.
O Festival selecionará 23 composições inéditas com o ritmo Bugio, sendo 10 para compositores ou intérpretes nascidos ou moradores de São Francisco de Paula, 10 composições para músicos de todo o Estado e três composições na categoria Instrumental de Gaita.
O ritmo Bugio
O ritmo do Bugio surgiu por meio do acordeom. Os gaiteiros serranos usavam o jogo de fole, recurso peculiar do acordeom, para destacar e caracterizar o ritmo, que muito se referencia no som marcado que os animais, bugios, produzem nas matas nativas da região dos Campos de Cima da Serra e das Matas dos Pinhais.
O Bugio pode ser considerado patrimônio cultural imaterial do nosso município já que está impregnado na nossa identidade. O gênero musical nos caracteriza como “São Chico – Terra do Bugio e dos grandes gaiteiros” e o reconhecimento popular e a memória social formalizam esse sentimento.
O registro histórico aponta que o primeiro Bugio registrado musicalmente, aconteceu em 1956, com “O Casamento da Doralice” com partitura e letra com composição de Os Irmãos Bertussi, músicos de renome da cultura gaúcha e nascidos no nosso território de São Francisco de Paula.
Festival Ronco do Bugio
O músico, poeta e historiador nascido em São Francisco de Paula, Léo de Souza Ribeiro é quem contextualiza a importância do Festival Ronco do Bugio. “O Festival acontece desde o ano de 1986 quando, sob uma lona de circo, em uma noite gélida no campo do Atlético, o evento aconteceu pela primeira vez.”
O Festival Ronco do Bugio possui características próprias em sua forma e conteúdo, pois é o único do Brasil onde apenas um ritmo é permitido, ou seja, o Bugio, numa maneira de preservação do compasso oriundo de nossa querência. Na América do Sul algo similar acontece somente na Argentina, em Corrientes, berço do ritmo Chamamé.