Tiago Manique
REGIÃO – Comemorar, reivindicar e seguir atento aos direitos. Assim se resume o Dia do Trabalhador, na visão de Clério Sander, comemorado semana passada. Conhecido como Fofão, ele é presidente do Sindicato dos Empregados do Comércio de Canela, Gramado e região e esteve hoje, quarta-feira (30), na rádio Integração Digital falado sobre a situação atual do trabalhador, principalmente do setor que representa,
“Não é o dia do trabalho. É o dia do trabalhador”, enfatizou logo no início, destacando que a luta por direitos não pode se resumir a uma data comemorativa, mas deve ser diária e constante.
Em sua fala, Clério abordou desde questões estruturais como a carga horária excessiva, os baixos salários e a falta de reconhecimento, até temas emocionais e pessoais ausência forçada imposta pela jornada dupla de trabalho.
Entre os principais pontos levantados, Clério ressaltou a necessidade urgente de se debater a redução da jornada de trabalho de 6×1, que é atualmente para o 5×2, em razão da automatização crescente. “A tecnologia aumentou os lucros, mas diminuiu postos de trabalho. O mínimo que se espera é mais tempo para a família e para a vida”, defendeu.
Apesar dos desafios, o sindicato tem conquistado melhorias relevantes para a categoria. Entre elas, uma Colônia de Férias em Arroio do Sal que permite que trabalhadores tenham acesso ao lazer por um valor simbólico. Convênios médicos com consultas a preços acessíveis também estão entre os benefícios oferecidos aos associados.
Segundo Clério, o sindicato representa cerca de 4.500 trabalhadores formalmente associados, de um universo estimado em mais de 6.000 na região. Mas o dirigente alerta: muitos empregadores ainda resistem à associação de seus funcionários. “Com a reforma trabalhista, as homologações deixaram de ser obrigatoriamente feitas nos sindicatos, e isso tirou um canal de fiscalização importante”, alertou.
O sindicalista ainda comentou sobre os conflitos políticos que envolvem a classe trabalhadora. Reforçou que muitos parlamentares eleitos na região votam contra os interesses dos empregados, apesar de se beneficiarem de seus votos. “A política está em tudo — no preço do gás, do aluguel, no seu salário. O trabalhador precisa entender sua força”, comparou.
Entre críticas e sugestões, Clério defendeu o diálogo como ferramenta essencial para avanços. Em um ambiente considerado por eke de extremismos e desinformação, ele acredita que o caminho ainda é a conversa honesta. “Se não dá para conquistar 100%, vamos negociar os 50%. Mas é preciso sentar e falar”, enfatizou.
Enquanto isso, o sindicato Clério ressalta que o sindicato continua negociando melhores salários, e promovendo o bem-estar físico e mental dos comerciários. “Não fique só. Fique sócio”, concluiu, reforçando a importância da união de todos.
Quem o Sindicomerciário representa?
O Sindicato dos Empregados do Comércio de Canela, Gramado e região abrange trabalhadores de:
- Lojas em geral
- Supermercados e minimercados
- Farmácias
- Fruteiras
- Atacadistas
- Cooperativas do setor comercial
- Funerárias comerciais
Benefícios para associados
- Colônia de férias em Arroio do Sal (com custo simbólico de R$ 30 por até 5 dias)
- Convênios médicos: ginecologista, clínico geral, dentista, pediatra (consultas a partir de R$ 30)
- Atendimento psicológico acessível
- Auxílio jurídico e orientação sobre demissões e rescisões
Direitos em foco
- FGTS: Falta de depósito pode gerar rescisão indireta (o trabalhador pode sair e receber todos os direitos)
- Quinquênio (anuênio): Aumento salarial progressivo a partir do 5º ano na mesma empresa
Dicas do sindicato
- Nunca assine rescisão sem antes verificar os valores recebidos
- Em caso de dúvida, consulte o sindicato — mesmo após o encerramento do contrato
- Fortaleça a representação: “Não fique só. Fique sócio.”
Salário base de cada setor
Comércio varejista (roupas calçados eletrodomésticos mat.de construção): R$ 1.780
Gêneros alimentícios (Mercados, minimercados, fruteiras): R$ 1.760
Comércio atacadista (atacado, madeiras, álcool e bebidas, atacadistas em geral): R$ 1.747
Farmácias: R$ 1.755
Ocergs (cooperativas): R$ 1.862
Sincopeças (auto peças e revenda veículos usados): R$ 1.764
Sincodiv (concessionárias veículos novos): R$ 1.950
A entrevista completa pode ser acompanhada no Facebook do Jornal Integração: https://www.facebook.com/jornalintegracaohortensias/videos/3872560093004869