CANELA –Resgatando, cuidando e reabilitando cavalos, Paulo Ricardo, o Paulo dos Cavalos, é responsável por uma das maiores iniciativas de apoio a causa animal na região, principalmente no cuidado exclusivo destes equinos. O empresário, dono da loja Espaço Gaúcho em Gramado, concedeu entrevista à Rádio Integração Digital na manhã desta quarta-feira (19), e falou sobre como e porque começou a lutar pelo resgate e reabilitação decavalos, contando um pouco da sua rotina e história com os cavalos.Acompanhe a entrevista na íntegra no site do jornal (www.leiafacil.com.br) na aba de podcast, ou na página do Facebook.
Amante da tradição gaúcha, Paulo faz o resgate e tratamento de cavalos há cerca de 15 anos em Canela e Gramado, ele conta que o primeiro resgate aconteceu após ele ver o animal malcuidado e sentir a necessidade de fazer algo a respeito. “O primeiro que resgatamos estava com o pênis bichado, podre. Tentei cuidar, eu chamei veterinário. O cavalo acabou morrendo e ali eu falei pra mim mesmo que não podia deixar, alguém tem que fazer (cuidar), que seja eu então, que gosto”, relata.
Apesar de ser um trabalho bonito e exemplar, o custo é alto. De acordo com ele, um resgate custa, mensalmente, com ração, veterinário, casqueamento, ferrageamento e arrendamento de baía, (se necessário), R$ 1 mil com cada cavalo. Para quem quiser ajudar, Paulo pede para que auxilie com insumos com os cavalos e não com dinheiro. “Vá à agropecuária, compre ração, quanto puder. Agradeço a todos”, enfatizou.
Atualmente os animais são resgatados e levados para um sítio, o Santuário Animal Espaço Gaúcho, no bairro São Luís. Na propriedade, Paulo conta com o auxílio de uma equipe de suporte, além da ajuda da Secretaria do Meio Ambiente.“Nosso objetivo é conscientizar, não é prejudicar ninguém”, sublinha Paulo.
Paulo comentou o costume de ‘escravizar’ os cavalos nas carroças e os problemas que isto acarreta. Ele conta que, em Canela, atualmente há 16 carroças existentes, e entre elas, somente em seis os cavalos são bem cuidados. “O problema é que, hoje o cavalo está servindo, mas quando o cavalo ficar velho a pessoa vai atrás de um mais novo, deixando o outro largado”, destaca ele. Paulo frisa que os cavalos não podem ser deixados em qualquer lugar por conta do Código de Posturas do município, que proíbe os cavalos dentro do perímetro urbano.
Um trabalho recente resgatou dois cavalos que estavam na rodovia RS-235, em frente aos Correios, em Canela. “Eram animais de gineteada, chucros. Eles destruíram o reboque, são cavalos muito selvagens e nervosos, acostumados a apanhar. Foi uma luta incessante. Isso é o que passamos todos os dias”, conta Paulo.
Nos últimos 30 dias, foram resgatados 23 cavalos, quase um por dia, além de uma vaca.De acordo com ele, é de extrema importância que o sistema de chipamento seja implantado na cidade, porque é comum não saber quem é o dono dos animais, o que causa grande transtorno após o resgate. O chipamento ajudaria na identificação do animal e do dono, facilitando a devolução, no caso de fugas.
Paulo comentou que os donos ficam bravos pelo recolhimento dos cavalos e faz um pedido. “Quero que as pessoas cuidem de seus cavalos, para que depois não reclamem que eu os recolhi. Depois que eu chegar, é como um guincho, não adianta mais chorar. O cavalo pode ser retirado com os documentos de posse ou exame, a matrícula do terreno onde o cavalo vai ser deixado, pra ver se não é área urbana, a Secretaria do Meio Ambiente está proibindo os animais no perímetro urbano. A pessoa que tem cavalo, (na área urbana), e ele escapar, se prepara que vai ter problema. Vai ter que comprovar que o cavalo não vai ficar na área urbana. Eu não inventei isso, é lei, não quero que fiquem bravos comigo. Só quero que tenham mais cuidado, está todo mundo largando seus cavalos e isso aumentou com a pandemia, nunca teve tantos animais soltos”, revelou.
Paulo pede também para quando as pessoas passarem por cavalos nas faixas, tentem tirá-los da rodovia para evitar acidentes. “Pare o veículo e toque o cavalo para dentro de um terreno. Faça alguma coisa”, orienta. Nos últimos 10 anos, na RS-235 de Canela até o Saiqui, 18 cavalos foram atropelados, conforme ele.
Texto: Leonardo Santos – [email protected]