Nesta semana avançaram as discussões envolvendo a instalação de uma Central Geradora Hidrelétrica (CGH) no Rio Paranhana. Em encontro realizado na sexta-feira (8), na Câmara de Vereadores de Três Coroas, o tema foi debatido por vereadores e representantes do poder executivo do município e também de Igrejinha e Canela, além da comunidade em geral. Na ocasião o projeto foi apresentado pelo engenheiro da empresa CGH Espírito Santo, empresa responsável pelos investimentos no empreendimento. A empresa tem sede em Canela e foi criada há seis meses.
Conforme o engenheiro Camille Nassar, que há um ano e meio trabalha em cima do projeto, no início a intenção era reativar a barragem de Laranjeiras, o que na época não foi possível por questões legais. A partir disso os investidores analisaram o potencial do rio, encontrando um local apontado como ideal para a construção de umanova hidrelétrica. Ele fica no trecho do Parque das Laranjeiras, dois mil metros abaixo da barragem desativada, necessitando de umacedência da áreapela Prefeitura de Canela.
O projeto atual foi criado com base neste local, prevendo junto à barragem uma passagem para botes de rafting, visando amenizar os impactos ao turismo de aventura em Três Coroas. Essa tem sido a principal reclamação do município, que busca impedir a construção da usina proposta no território canelense. Hoje o turismo de aventura, que inclui especialmente o rafting e a canoagem, representa grande parte da economia trescoroense. Empresários locais acreditam que a instalação de barragens no Rio Paranhana inviabilizaria a prática esportiva.
Em entrevista ao Jornal Integração, o engenheiro disse que a barragem terá 10 metros de altura e 70 metros de comprimento. A área alagada será de 3,8 hectares com volume total de 187 mil metros cúbicos de água. O investimento será de R$ 10 milhões, prevendo um faturamento mensal de R$ 840 mil. Do total faturado,quase um terço seriam impostos pagos ao Estado e uma parcela (equivalente a 26% dos tributos) retornaria ao Município. Levando em conta a projeção da empresa, Canela receberia mensalmente cerca de R$ 80 mil em royaltes. O potencial de geração de energia no local será de 2.8 megawatts.
Nassar afirma que as questões envolvendo a administração canelense estão todas resolvidas. Por outro lado, não houve diálogo com Três Coroas. “Com as exigências do estudo de viabilidade técnica fizemos tudo o que a Fepam exige.Juntamos toda a documentação e está pronta para darmos entrada, mas antes pretendo retomar as conversas com os dois prefeitos para saber se existe alguma proposta para nós. Não é uma brincadeira, o investidor não rasga dinheiro assim. Todo o processo está amparado na legislação ambiental”, salienta o engenheiro.
Barragem de Laranjeiras pode ser alternativa para resolver impasse
Mesmo com o estudo de viabilidade concluído e prestes a dar entrada com a documentação na Fepam, a CGH Espírito Santo acredita na possibilidade de um fato novo nos próximos dias. A utilização da barragem de Laranjeiras, pleiteada sem sucesso no início, entraria neste esquema. A empresa reconhece que pode reativar a estrutura existente e construir a outra barragem num trecho do rio abaixo dos dois parques de raftings, não afetando o turismo de aventura. Desta forma, compensaria o potencial energético do projeto atual (que seria descartado).
Para isso acontecer, a Prefeitura de Canela teria que reivindicar ao Governo do Estado uma nova concessão da Barragem de Laranjeiras, para depois permitir o uso à empresa. Pertinente salientar que a represa esteve sob posse do município há alguns anos, mas sem exploração retornou ao poder do governo estadual. Com a reativação de Laranjeiras e a construção de uma segunda barragem mais abaixo dos parques, já no território de Três Coroas, a usina se tornaria sustentável segundo a empresa.
“Entendemos a preocupação de Três Coroas, mas nós também buscamos o nosso ganha pão. Posso afirmar que a intenção do rafting não é ambientalista, mas sim financeira. Não adianta vir com discurso que vamos acabar com o meio ambiente.Estamos dispostos a sentar com quem manda, porque precisamos de auxílio. Se não der a gente parte para outra, mas precisamos finalizar a nossa ação. E segundo o que tenho de orientação, não temos nenhum problema judicial nem com legislação para nos instalarmos”, completa o engenheiro Camille Nassar.
Texto: Gustavo Bauer/JIH