Por Roberto Hunoff
Mercado interno e plantas localizadas no exterior sustentaram a expansão de 2,8% (Foto Divulgação/Banco de Dados)
A Marcopolo S.A. fechou o ano passado com crescimento de 2,8% em relação a 2018, apurando receita líquida de R$ 4,3 bilhões. No Brasil, a alta foi de 17,6%, para R$ 2,2 bilhões, representando 52,2% do valor. As operações localizadas no exterior geraram R$ 1,046 bilhão, elevação de 13,6%, enquanto as exportações recuaram 25,4%, para pouco mais de R$ 1 bilhão. A fabricante de carrocerias de ônibus apurou lucro líquido de R$ 212 milhões, avanço de 11,1%.
Os valores tiveram origem na venda de 15.747 ônibus, recuo de 1,3% em relação ao ano anterior. Do total, 10.532 foram absorvidos internamente, incremento de 2,9%, enquanto outros 2.881, recuo de 24,1%, tiveram o mercado externo como destino. As operações localizadas no exterior, nas quais a Marcopolo tem 100% do controle, somaram 2.452, incremento de 18,3%.
A fábrica do México entregou 1.404 unidades, em alta de 37,6%, enquanto a da África do Sul avançou 14%, com 329. A operação da China apresentou recuo de 30%, para 156 unidades, e a da Austrália, 5,4%, com 542. A diretoria ressalta, no entanto, que a operação australiana, mesmo com recuo, reverteu a condição de prejuízo do ano anterior. Na Argentina, as vendas da Metalsur ficaram limitadas a 50 unidades, consolidadas a partir do 3º trimestre do ano.
Segundo José Antonio Valiati, CFO e diretor de Relações com Investidores, apesar do desempenho crescente, o ano de 2019 foi marcado pela inconstância da demanda. Destaca que internamente o processo de recuperação de volumes foi arrefecido pela menor demanda de ônibus rodoviários, de maior valor agregado, e com entregas inferiores ao programa federal Caminho da Escola. No exterior, a demanda foi afetada por crises nos principais mercados sul-americanos e menores volumes vendidos para o continente africano.
A Marcopolo manteve a liderança de mercado brasileiro, com participação de 49,8%. No segmento de rodoviários, a participação foi de 67,9% e, nos micros, de 58,1%. Na linha de urbanos alcançou 39,6%, acima dos seus índices históricos. A Volare elevou em 7% a produção de miniônibus, somando 2.305 veículos.
Visão otimista para este ano
As perspectivas da diretoria para 2020 são de crescimento, com a continuidade da elevação de demanda no mercado interno, recuperação das exportações e resultados melhores em praticamente todas as operações internacionais. O entendimento é que, no Brasil, a taxa básica de juros em seu menor nível histórico e a confirmação do esperado crescimento econômico devem permitir o prosseguimento dos programas de renovação de frota em todos os segmentos.
A expectativa é que o crescimento do mercado interno se consolide a partir do segundo trimestre, respeitando a sazonalidade de volumes mais fracos no primeiro período do ano. Segmentos de urbanos e micros devem ser, na visão da fabricante, os que apresentarão maior crescimento, em função das eleições de outubro e da confirmação de adesões dos munícipios ao programa federal Caminho da Escola. Em licitação realizada em setembro de 2019, a Marcopolo habilitou-se a fornecer até 4,8 mil unidades em 2020, sendo 2 mil micros, 1,6 mil urbanos e 1,2 mil modelos Volare.
Também há confiança na recuperação das exportações, com a retomada dos negócios no continente africano, Argentina e Chile. De acordo com a empresa, o mercado argentino vem se destacando nesse início de 2020, tanto nas exportações a partir do Brasil como com maiores volumes produzidos localmente, na controlada Metalsur. As perspectivas também são otimistas para as demais operações internacionais, na África do Sul, México e Austrália. A preocupação é com operação chinesa da MAC, que ainda avalia o impacto do recente surto do vírus corona em seus negócios.
Nas coligadas, o destaque deverá novamente ser a colombiana Superpolo, na qual a Marcopolo tem 50% de participação. Em 2019, a operação contribuiu com 868 ônibus, incremento de 37%. A Marcopolo tem participação de 49% na fábrica da Índia, que produziu 5.194 ônibus, queda de 17%. Estes volumes não são contabilizados na totalização.
A companhia também espera melhores resultados da NFI Group Inc. Em 2019, a participação societária de 10,5% que a Marcopolo possui na fabricante canadense contribuiu com resultado de R$ 27,8 milhões, 62,4% inferior aos R$ 74 milhões de 2018. O otimismo deve-se às boas perspectivas para economia americana e normalização do processo de integração e verticalização de componentes.