MARTINA BELOTTO
GRAMADO – Como já reforçam os slogans de campanhas, doar sangue é doar vida. Apesar de um consenso geral a respeito da importância da doação, o número de doadores ainda é baixo: apenas 1,8% da população doa sangue no Brasil. A taxa é menor que a meta estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 3%.
Com a intenção de conscientizar a comunidade e fomentar as doações na região, o Grupo Força Tarefa Serra Gaúcha, em parceria com o Banco de Sangue de Caxias do Sul, reuniu mais de 100 doadores em ação realizada ontem (15), no Hotel Laghetto Stilo Borges. Entre os participantes, grande maioria eram moradores de Gramado e Canela. O cadastro para participar da doação foi realizado previamente.
Residente de Canela, Ana Lúcia de Lima Rodrigues, de 28 anos, soube da ação na região e aproveitou a oportunidade para doar sangue pela primeira vez. “Facilita muito essa coleta aqui, fica mais perto pra gente. Eu sempre quis doar para poder ajudar outras pessoas, então fiquei muito feliz de participar desta vez, até porque meu tipo sanguíneo, que é O-, é uma tipagem muito requisitada”, comenta.
Doador há muitos anos, o aposentado Aldemiro Bento de Vargas, de 68 anos, conta que faz questão de participar de todas as ações de doação. “Já doei inúmeras vezes, não só aqui em Gramado, mas em outras cidades também. Participo sempre das campanhas de coleta. Tenho esse costume porque sei que estou ajudando outras pessoas”, relata.
Justamente com a intenção de ajudar outras pessoas que o Grupo Força Tarefa Serra Gaúcha teve a ideia de realizar a coleta em Gramado. Com seis integrantes, o grupo foca em ações solidárias. “Temos um registro de 14.500 pessoas ajudadas com as nossas atividades. Agora achamos de extrema importância a doação de sangue. Além de ajudar outras pessoas, o ato de solidariedade é uma coisa que não tem explicação”, avalia o voluntário Jorge Luís Moreira.
A parceria com o Banco de Sangue de Caxias do Sul surgiu porque, além de abastecer a cidade de Caxias, os estoques são fornecidos para outras 11 cidades da Serra, incluindo os hospitais de Gramado e Canela. Conforme explica Carolina Preussler, do Banco de Sangue, é necessário desenvolver parcerias para aumentar o armazenamento de bolsas. “Estamos precisando muito de doações, principalmente dos tipos O+ e O-, que são muito utilizados. Então é muito importante criar parcerias em todas as regiões em que atendemos. Doar faz bem para quem recebe e para quem doa também”, aponta.
Conforme a legislação brasileira, homens podem doar sangue quatro vezes no ano e mulheres podem doar três vezes. Apesar de muitas pessoas se interessarem pela doação, há alguns requisitos que, por vezes, impedem que o ato seja concretizado. Dados do Hemocentro de Brasília mostram que, em 2017, 24% das pessoas que tentaram doar sangue foram impedidas por diversos motivos, sendo os principais: anemia e histórico médico do candidato.
Na ação realizada ontem, por exemplo, os candidatos já haviam se inscrito previamente. Eles trouxeram uma ficha com seu histórico de saúde preenchida e passaram por avaliação de enfermeira, além de passar pela triagem hematológica, que testa os sinais vitais, o nível de hemoglobina (para saber se a pessoa está anêmica), pressão e temperatura.
O processo de doação dura em torno de 30 minutos, sendo que o tempo de coleta não deve ultrapassar 12 minutos, conforme preconiza a legislação. A quantidade de sangue coletada pode variar de acordo com o peso do doador, mas a média é de 450 ml. Desta forma, foram coletados cerca de 40 litros durante a ação de ontem. Geralmente a bolsa coletada pode salvar a vida de três pessoas.
Como ser um doador de sangue
Moradores da região podem dirigir-se ao Hemocentro de Caxias do Sul (rua Ernesto Alves, 2260) ou ao Banco de Sangue de Caxias do Sul (rua Garibaldi, 476). O Hemocentro fica aberto de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 17h (sem fechar ao meio dia), e aos sábados das 8h às 11h30. Já o Banco de Sangue funciona de segunda a sexta-feira, das 12h às 18h, e aos sábados, das 7h30 às 12h.
Para ser considerado apto a doar, a pessoa deve apresentar documento oficial de identidade com foto. É preciso ter idade entre 18 e 69 anos, 11 meses e 29 dias. A primeira doação deve ser antes dos 60 anos. Doadores com idade de 16 e 17 anos são aceitos mediante a autorização formal dos pais e/ou responsável legal, acompanhada de cópia da carteira de trabalho ou cópia da identidade do responsável. Para todos os casos, é necessário pesar mais de 50 kg.
Antes da doação, recomenda-se que o doador: esteja bem de saúde; esteja alimentado, evitando refeições pesadas (gordurosas) nas três horas que antecedem a doação; não tenha fumado duas horas antes da doação; não ingira bebida alcoólica nas 12 horas anteriores ao procedimento; tome dois copos de água e apresente receita médica ou o nome dos medicamentos que esteja em uso.
Alguns impedimentos classificados como temporários ou definitivos, podem interferir na hora de doar sangue. Os temporários são: febre; gripe; gravidez; período de 90 dias após um parto normal e de 180 dias após uma cesariana; uso de alguns medicamentos; adoção de comportamento de risco para doenças sexualmente transmissíveis; tatuagem e piercing colocados no último ano. Já os impedimentos definitivos são: hepatite após os 11 anos de idade; evidência clínica ou laboratorial das seguintes doenças transmissíveis pelo sangue: hepatites B e C, Aids (vírus HIV), vírus HTLV I e II, Doença de Chagas e malária.
De acordo com as normas vigente são inaptos os candidatos que:
● Tem ou teve um teste positivo para HIV
● Teve hepatite após os 11 anos
● Teve malária
● Tem doença de chagas
● Infecção por HBV (Hepatite B), HCV (Hepatite C), HIV E HTLV I/II
● Recebeu enxerto de duramater
● Teve algum tipo de câncer, incluindo leucemia
● Tem problema de coagulação de sangue
● É diabético com complicações vasculares (diabetes do tipo I e II insulino dependentes)
● Já teve elefantíase
● Já teve Hanseníase (lepra)
● Já teve brucelose
● Tem graves problemas de coração, pulmão, rins ou fígado
● Foi submetido à gastrectomia total
● Já teve tuberculose extra-pulmonar
● Já teve calazar (leishmaniose visceral)
● Foi submetido à pneumectomia
● Tem alguma doença que gere inimputabilidade jurídica
● Foi submetido à esplenectomia não decorrente de trauma
● Foi submetido a transplante de órgãos ou medula
● Tem doença auto-imune.
Em caso de dúvidas, entre em contato com o Banco de Sangue pelo telefone (54) 3027-8600 ou pelo whatsapp (54) 99113.4710. Para falar com o Hemocentro, ligue para (54) 3290-4536 ou (54) 3290-4580.
