GIAN WAGNER – [email protected]
GRAMADO –A história do chocolate em Gramado, por incrível que pareça, não começou em Gramado. Foi em Bariloche, na Argentina, que o porto-alegrense Jayme Prawer (1926-2016) conheceu a fabricação de chocolate caseiro. Prawer era dentista por formação e na década de 1970 já possuía dois empreendimentos em Gramado, cidade pela qual se apaixonou aos 10 anos de idade.
Após a visita a Bariloche, ele deu mais um passo no empreendedorismo e no final de 1975 ativou a fábrica Prawer de chocolates. Pouco mais de dois meses depois, abriu a primeira loja. A fábrica pioneira existe até hoje e, junto com diversas outras que foram surgindo ao longo dos anos, assimilou o nome de Gramado ao bom chocolate artesanal, reconhecido neste ano pelo Governo Federal como a cidade Capital Nacional do Chocolate Artesanal. “É a formalização de algo que já constava na mente das pessoas”, avalia o secretário de Turismo, Rafael de Almeida. “É também um reconhecimento à visão empreendedora dos empresários gramadenses”.
O empresário Maurício Brock, que hoje está à frente da Prawer, fala da representatividade do título para o setor. “O título de Capital Nacional no Chocolate é mais do que merecido para Gramado, pois oferecemos uma experiência de turismo agregada ao chocolate, com fábricas, lojas e eventos capazes de despertar no visitante o desejo de viver o melhor da nossa cidade. Por isso, recebemos essa notícia com alegria e satisfação, pois ela representa a nossa história, a nossa origem como pioneiros na fabricação do chocolate artesanal no Brasil, iniciada há 45 anos.”
PARA OS NEGÓCIOS – O título concedido a Gramado é muito bem visto por lideranças do desenvolvimento turístico. O presidente da Visão (Agência de Desenvolvimento da Região das Hortênsias), Pedro Andreis, diz que “para a Achoco (Associação das Indústrias de Chocolate de Gramado), este certificado vai somar muito”. Segundo ele são 22 fábricas, entre grandes e pequenas, que empregam cerca de duas mil pessoas. “É muito significativo para Gramado, pois o chocolate gera emprego, gera impostos, gera riqueza, nos traz mídia”.
Eduardo Zarzonello, do Convention Bureau, também vê positividade no título para os negócios. “Temos uma economia que se pauta pelo turismo e que tem no chocolate um de seus produtos estrela. Este status faz com que nós avançamos degraus como destino mais qualificado e, por si só, mais desejado pelo turista que tem em mente que Gramado tem chocolate de ótima qualidade. Todos têm vontade de provar o chocolate artesanal de Gramado”.
APROVADO PELO SENADO – No dia 11 o Senado aprovou o título de Capital Nacional do Chocolate Artesanal a Gramado. O projeto é de autoria do deputado Jerônimo Goergen (PP-RS) e deve ser sancionado ainda neste mês. Também gaúcho, o senador Lasier Martins (Podemos-RS) foi o relator do projeto que foi uma iniciativa, também, do vereador LuiaBarbacovi (PP). “Essa é uma daquelas agradáveis e doces matérias, em que não se precisa de muito argumento. Quem vai a Gramado inevitavelmente compra chocolate artesanal. A cidade se caracterizou há anos pela produção de chocolate” disse Lasier. Na Câmara dos Deputados, Ubiratan Sanderson (PSL-RS) e Maria do Rosário (PT-RS) foram os relatores.
INICIATIVA DE LUIA
Sabendo do potencial de Gramado, o vereador LuiaBarbacovi (PP) teve a ideia de fazer o projeto de lei. Este, claro, precisava ser feito por um deputado federal. O vereador então se reuniu com Goergen, que foi quem apresentou o projeto. “Este é um produto típico da região serrana, que movimenta a economia local. A fama do chocolate artesanal de Gramado já cruzou as fronteiras do Rio Grande do Sul e hoje está presente em todo o país”, disse o deputado. Luia também acredita que o título vá fomentar ainda mais o mercado. “É uma iniciativa que vai agregar ainda mais a este produto que tem se transformado em carro chefe da nossa economia, no sentido de geração de emprego, renda e também na divulgação de Gramado e região”.