MARTINA BELOTTO
GRAMADO – A construção de um Centro de Saúde no bairro Várzea Grande foi debatido durante audiência pública nesta terça-feira (23). Cerca de 200 pessoas trouxeram suas dúvidas e manifestações para o encontro. Agora, os projetos para recebimento de materiais e de mão de obra de empresas privadas e de alteração na destinação das terras passarão novamente pelas comissões do Legislativo antes de irem à votação.
Conforme o projeto elaborado pela arquiteta Débora Dall’Agnol, a edificação terá 2.429 m² e será distribuída em dois pavimentos, sendo o térreo com 1.216,00 m² e o subsolo com 1.213,00 m², que será destinado para garagem. O local será composto de recepção, sala de imunização, estacionamento, acesso aos portadores de necessidades especiais e idosos, farmácia, além de salas para enfermagem, mais de 20 consultórios, administrativo e ações básicas em saúde, como o Programa Estratégia de Saúde da Família.
O investimento é de aproximadamente R$ 3,9 milhões proveniente das empresas Gramado BV Resort e Incorporações, Gramado Parks Investimentos e Intermediações e Gramado Hydros Incorporações. O Executivo investirá na aquisição de novos equipamentos e melhorias na parte de estrutura. Com a construção do novo Centro de Saúde, os atendimentos dos dois atuais postos do bairro serão concentrados neste mesmo endereço, que fica em área pública, entre a rua Mestre Secreto e a rua A, ao lado do Supermercado Brombatti.
Conforme o vereador Professor Daniel (PT), presidente da comissão especial que conduziu a audiência pública, a participação da comunidade se torna fundamental visto que um dos projetos envolve uma matéria de cunho ambiental. “Parte do local é uma Área Livre de Uso Público (ALUP), que permite apenas praças, e o projeto quer transformar em uma Área Para Fins de Uso de Equipamentos (APEC), que possibilita escolas ou postos de saúde”, explica.
Com relação à discussão sobre o endereço, Daniel defende que o local possui boa localização e destaca o fato da área ser de propriedade da Prefeitura. “O Município não tem como investir para comprar um novo terreno. Nenhum lugar é unanimidade, qualquer local vai ter alguma divergência, mas ele é adequado, sim. Tem parecer do Meio Ambiente, do Conselho de Mobilidade Urbana, é um local bom”, aponta.
O vereador ainda comenta que o Centro de Saúde é uma oportunidade de ampliar atendimentos e de reduzir custos para a pasta responsável. “Somando os dois postos que o bairro tem atualmente nós temos 600 m². Com a nova obra, estaremos duplicando a capacidade de atendimento, além de concentrar todos os profissionais em um mesmo espaço. Fora que existe a possibilidade de ampliar mais um andar no futuro se precisar. Também vamos deixar de pagar R$ 150 mil por ano com aluguel das salas de um dos postos”, afirma.
Ele ainda destaca que, durante a audiência, grande parte dos participantes demonstrou aprovar o projeto. “No final eu fiz uma votação simbólica pedindo para levantar a mão quem estivesse a favor e tivemos uma ampla maioria positiva”, ressalta. Daniel também aproveitou para abrir publicamente seu voto sobre os projetos. “Eu irei votar a favor dos dois projetos. É a maior oportunidade que a Várzea Grande vai ter de qualificar seu espaço de saúde. Nós, como Câmara de Vereadores, temos que respeitar essa questão, essa escolha técnica feita por profissionais qualificados. Vamos unir esse local com a doação do valor e, com isso, vamos construir o melhor Centro de Saúde da região”, acrescenta.
Já o vereador Volnei da Saúde (Progressistas), que integra a Comissão de Infraestrutura, Turismo, Desenvolvimento e Bem-Estar Social, afirma que permanece com as mesmas dúvidas. Ele segue avaliando que a edificação é pequena para o tamanho do bairro. “Somando as localidades próximas, como Carahá, Quilombo, Moreira, Renânia, Serra Grande, o Centro de Saúde atenderá cerca de 40% da população de Gramado. Por isso, quero um posto de saúde do tamanho da Várzea Grande, que consiga atender todos os moradores da região. Com esse valor de doação, poderíamos fazer uma obra maior. Sou a favor da construção de um Centro de Saúde modelo”, opina.
O vereador Volnei, que também é morador da Serra Grande, ainda questiona o endereço do terreno. Ele acredita que o local pode ter interferências com a mobilidade urbana do bairro. Conforme ele, somando os funcionários dos dois postos de saúde atuais do bairro, são cerca de 60 pessoas. “Se o projeto prevê 42 vagas de estacionamento, só para os funcionários já não é suficiente. Nas redondezas não existe onde as pessoas colocarem seus carros. Minhas dúvidas com relação a esses aspectos ainda permanecem”, acrescenta.
Moradores do loteamento Heri Stahl manifestam pacificamente
Situado na Serra Grande, o loteamento Heri Stahl foi fundado há 15 anos. Desde sua fundação, os moradores sofrem com problemas relacionados à água potável, saneamento básico e eletricidade. Indignados com a situação, que se arrasta há anos, os moradores aproveitaram a ocasião da audiência para realizar uma manifestação pacífica com cartazes cobrando soluções. “Não foi um ato político e sim uma reivindicação pelos direitos da comunidade”, explica o representante do loteamento, Doglacir Sauereffig.
Ele, que reside há 11 anos na localidade, conta que a água sempre foi um problema recorrente. A rede da Corsan não chega ao loteamento. A água usada pelos moradores é de um poço artesiano e não passa por tratamento. Além disso, esse poço abastece outras localidades da Serra Grande, fazendo com que o Heri Stahl fique frequentemente sem água por ser localizado em uma região geográfica mais alta. “A rede da Corsan está a 1.800 metros de distância da rede que nós construímos para o loteamento. Desde dezembro eles mandam um caminhão pipa com água para um reservatório que fica a 2.500 metros de nós, mas a água também chega nas outras localidades antes”, comenta.
Em 2013, os moradores acionaram o Ministério Público para intervir no assunto. Desde então, tiveram inúmeras reuniões com Executivo, Legislativo e Corsan. “A situação é empurrada entre Prefeitura, o loteador e a Corsan, mas não resolvem nada”, desabafa. Após a manifestação, o Executivo procurou os moradores e ficou de agendar uma reunião para os próximos dias.