CANELA – O pequeno povoado no interior do Rio Grande que virou uma das maiores atrações turísticas do país, batizado de Campestre Canella,completa 75 anos de emancipação política neste sábado (28). No princípio,Canela acolheu famílias de fazendeiros de cima da Serra, imigrantes alemães e italianos e seus descendentes, recebendo este nome devido a uma grande caneleira que ficava situada próxima de onde hoje se encontra a Praça Coronel João Corrêa. Esta árvore era o ponto de pousada e encontro de tropeiros que usavam a região como passagem, levando grandes quantidades de gado, couros e queijos que eram produzidos no centro do país, em direção ao Vale do Paranhana e capital.
O Coronel (que hoje dá nome a praça) formou o primeiro miolo urbano na região em 1903, além de ser o idealizador da construção de uma estrada de ferro que liga a cidade até Taquara (cujo território de Canela fazia parte), iniciando a obra por volta de 1913 sendo concluída em 1924. A arquitetura vista hoje que atrai diversos turistasé muito por conta dos imigrantes da época, sendo os primeiros moradores, trouxeram este cunho europeu a região.
O primeiro morador do chamado Campestre Canella foi Joaquim da Silva Esteves, casado com Rosa Maria do Amaral.Ele descobriu que o proprietário das terras, Henrique José do Amaral, que era seu cunhado, não tinha adocumentação oficial do território, a não ser os recibos de compra e venda, com isso, passou à frente e entrou com um pedido a Coroa Portuguesa, reivindicando o título de “Senhor do Campestre de Canella”.
O pedido acabou sendo atendido, conforme está no título de sesmaria de 30 de abril de 1821, ele teria quese instalar no campo, plantando e cultivando árvores frutíferas. Assim se tornando dono e primeiro residente de Canela. Joaquim acabou falecendo em 1843, deixando as terras a sua filha, Cândida Bella da Silva (fruto do casamento seguinte, com a irmã de sua ex-mulher que acabou falecendo).
A EMANCIPAÇÃO–No dia 2 de março de 1926, Canela foi catalogada pelo Ato nº 302 como 6º Distrito de Taquara, vindo a ser emancipada quase 20 anos depois. Liderado por Pedro Oscar Selbach, Nagibe da Rosa, Danton Corrêa da Silva, Pedro Sander e Attilio Zugno, o movimento emancipacionista tomou maior proporção a partir de 1942 e, em 28 de dezembro de 1944, a Lei Estadual nº 717 criou o município, que foi instalado quatro dias depois em 1º de janeiro de 1945, assumindo como primeiro prefeito nomeado o Sr. Nelson Schneider.
Nos primeiros três anos os prefeitos eram nomeados pelo então interventor do Estado, Oswaldo Cordeiro de Farias, porque não havia eleições para a escolha do posto no pleito municipal. A primeira eleição para prefeito no novo município só aconteceu dois anos depois, em 1947, participando os partidos PSD, PTB e PRP.
Nesta época votava-se para prefeito e para vice-prefeito e na legenda do partido. Na primeira eleição, Canela contava com oito sessões eleitorais e 1.559 votantes.Os requisitos para efetuar a emancipação eram de que o distrito possuísse no mínimo 300 casas e uma população de quatro mil pessoas, a emancipação correu normalmente, pois já haviam aproximadamente 1 mil casas e nove mil habitantes no território.
A ESTAÇÃO FÉRREA– O município possui uma estação ferroviária que ligava São Leopoldo a Canela. Essa estação foi instalada em 1922 e inaugurada em 14 de agosto de 1924, vindo a ser desativada juntamente com a ferrovia em 1963. A edificação foi transformada emum centro cultural sobre o trem, onde se encontra exposta uma locomotiva “Double Ender”, originária da Bélgica, a chamada “Le Meuse” ou Maria Fumaça, fabricada entre 1908 e 1910 e ligada a rede da VFRGS. O local recentemente foi revitalizadoe transformado em um espaço turístico com 40 salas comerciais, com restaurantes, lojas, bares e quiosques.
O PARQUE DO CARACOL– Formadopela mata atlântica o local que hoje estampa a bandeira da cidade,o parque recebe turistas de do mundo inteiro desde os anos 1950, mas muito antes dos visitantes, em 1824 se instalaram os primeiros imigrantes europeus que deram início s colonização da cidade. O parque também é palco das primeiras movimentações industriais na região, em 1913, foi criada a “Companhia Florestal Riograndense”, que adquiriu pinheiros e terras nas redondezas. Para a exploração dessas árvores foram instaladas cinco serrarias. Na época, foi contratado o prático em locação e instalações de serrarias, Helmut Schmitt, que mandou construir diversas estradas, até o Banhado Grande, Esteinho, Ferradura, Tubiana, etc, por conta da companhia florestalque foi a responsável por impulsionar a industrialização naquele tempo.
Principais fontes: Livros “Canela por muitas Razões” (Marcelo Wasem Veeck, Antônio Olmiro dos Reis e Pedro Oliveira), Raízes de Canela (Pedro Oliveira e Vera Lúcia Maciel Barroso).
Fotos: Leonardo Santos/JIH e Reprodução Internet