InícioGeralGramado e CanelaProdutores contabilizam perda total na produção

Produtores contabilizam perda total na produção

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Tiago Manique

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CANELA – Cada um tem uma história a ser contada mediante os estragos sofridos pelas chuvas intensas. A área rural foi uma das mais atingidas. Conforme a Prefeitura, dados informados pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), entre 26 de abril e 3 de maio de 2024, a região enfrentou precipitações extremas de 503,4 mm, mais que o triplo do volume normal para a época. Depois, uma pequena trégua, e as chuvas voltaram, com mais 326,6 mm, perfazendo 830 mm no período de 26 de abril a 16 de maio.

Os dados divulgados pela Emater contaram com visitas a propriedades rurais e outros fornecidos pela Secretaria Municipal de Obras, Serviços Urbanos e Agricultura, Sindicato dos Trabalhadores Rurais, dentre outros. As informações foram complementadas por dados do IBGE e Inmet, além de medições empíricas realizadas por comunidades locais.

“Os prejuízos ainda estão sendo contabilizados, uma vez que os efeitos das chuvas intensas persistem. Dada a magnitude do evento, algumas perdas ainda poderão evoluir, principalmente por causa da instabilidade do terreno em algumas áreas. “A dificuldade de acesso e as restrições de circulação também dificultaram muito a obtenção dos dados, mas já temos uma ideia do que tivemos quanto à produção agropecuária”, disse Alexandre Meneguzzo chefe do escritório da Emater de Canela.

Foto: Prefeitura de Canela/Divulgação – Imagem aérea mostra árvores caídas

“Tivemos que manter dois aviários com gerador”

Na Linha São Paulo, Márcia Boelter teve sua propriedade que faz divisa com a Canastra Alta atingida pelo temporal. Ela é proprietária de um aviário que não chegou a ser atingido diretamente, mas como ficou 16 dias sem energia elétrica teve o crescimento dos frangos prejudicadas. Além disso, devido ao acesso prejudicado por quedas de barreiras em estradas teve que reduzir a alimentação das aves.

“Ficamos sem luz e tivemos que manter dois aviários com gerador. A despesa foi grande com combustível. E devido ao acesso das estradas estar em péssimo estado, tínhamos dificuldade em buscar na cidade, assim como de rações, pois tivemos que reduzir a alimentação diária para conseguir manter. Vendemos alguns frangos com peso abaixo. Estamos passando ainda por dias conturbados, pois hoje ainda tinham moradores em localidades sem energia”, contou.

Foto: Divulgação – Propriedade possui dois galpões onde ficam as aves

“Perdi quase todo o pomar”

Com 25 hectares, parte desta área onde é o coração da propriedade de Adelar Bedin, foi praticamente destruído devido ao temporal. A principal fonte de renda da família, um pomar de 6 hectares, sobrou uma pequena parte de bergamota e a de laranja foi devastada. O produtor que faz parte da agricultura familiar conta que a maior parte da sua produção estava já contratada para fornecer a merenda escolar para as escolas municipais e estaduais de Canela.

Ele descreve um prejuízo de aproximadamente R$ 120 mil. A produção possui seguro por meio do Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf) e está em processo de revisão e contabilização dos prejuízos para buscar um ressarcimento. Em um período de 5 anos, esta é a segunda perda. “Em 2019, perdi minha produção por causa da seca, inclusive vocês [Jornal Integração] estiveram aqui na propriedade registrando e agora perdi tudo por causa da chuva”, disse.

A segunda fonte de renda da família são as verduras que também foram danificadas. Porém, a lavoura de alface assim que parar de chover será novamente cultivada para logo conseguir reativar a produção, já o pomar somente na safra de 2025. “Tenho uma lavoura que perdi também, mas vou agora plantar alface novamente assim que a chuvarada der uma trégua e tentar trabalhar com isso, fazer virar renda”, contou.

Para se deslocar até Canela, por problema na estrada devido à queda de barreias e deslizamentos, Adelar necessita se deslocar pelo Morro do Arame, segue até Gramado e acessa a rodovia pela Várzea Grande até chegar na área central de Canela.

“Na cidade eu estou indo, mas o que eu fazia de deslocamento em 15 minutos para ir do meu sítio na cidade está levando quase duas horas para chegar na cidade, sem contar o estrago nos carros pelas condições das estradas”, comentou.

Foto: Arquivo Pessoal – Adelar Bedin mostra a produção de bergamotas comprometida

“Neste momento o melhor remédio é o trabalho”

Moradora da localidade do Rancho Grande, Patrícia Macedo junto com sua mãe Tereza de Fátima Macedo de Oliveira, são proprietárias da agroindústria Casa das Massas. A dificuldade enfrentada por ela é duplicada diante dos estragos do temporal. Um destes, que o prédio de 80 metros quadrados em que fazia a sua produção, foi atingido por um barranco e desabou ficando completamente destruído. O prejuízo, segundo ela, foi de aproximadamente R$ 350 mil e que estava pagando ainda o financiamento da obra de seu empreendimento.

“Faltava apenas uma prestação para pagar o financiamento. Não tinha seguro. Queremos continuar, mas, não sei como será. Estamos aguardando se haverá algum tipo de fomento, linha de crédito, algo neste sentido”, descreveu.

Além disso, a localidade onde mora está no mapeamento das áreas de risco e frequenta o local somente durante o dia, quando não chove, para seguir produzindo na sua casa, mas durante a noite retorna para Canela onde provisoriamente está abrigada na casa de uma irmã. “Não sentimos segurança de ficar de noite, principalmente com previsão de chuva. Tem acesso, mas está precário”, contou.

A produção da agroindústria na maior parte é voltada para merenda nas escolas e vendas particulares. Devido ao prejuízo, Patrícia já pensa em expandir e buscar parcerias com parques temáticos em colocar uma tenda dentro destes empreendimentos para comercializar seus produtos. “Tenho pensado em buscar oportunidade em algum parque da cidade encontrar algumas parcerias para montar um sistema parecido com o que servimos na Festa Colonial. Vamos seguir em frente, pois neste momento, o trabalho é o melhor remédio nesta situação.

Foto: Patrícia Oliveira/Divulgação – Agroindústria ficou completamente destruída

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