InícioSaúdeGramado e Canela“Minha vida estava girando em torno do cigarro”, relata ex-fumante

“Minha vida estava girando em torno do cigarro”, relata ex-fumante

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GRAMADO – Câncer nos pulmões, infarto, úlceras gástricas e até impotência sexual. São muitos os danos à saúde que o uso do cigarro pode causar, inclusive, em pessoas que não fumam, mas possuem um usuário na família e são expostos ao risco, que são chamados de fumantes passivos. No Brasil, de acordo com um estudo do Ministério da Saúde, realizado no ano passado, os fumantes correspondem a 9,1% da população, ou seja, cerca de 22 milhões de pessoas.

O Dia Mundial Sem Tabaco – 31 de maio – é a data destinada para combate ao tabagismo, doença que é causada pelo vício em nicotina. A substância pode ser encontrada em cigarros convencionais, de palha, charutos e no “queridinho” dos jovens: o vape ou cigarro eletrônico.

O médico pneumopediatra da Vigilância em Saúde, Joel Pedroso, relaciona o vício com problemas de estresse, que faz com que o cigarro vire um semeador de prazer e válvula de escape em momentos difíceis.

“A psicologia é da pessoa e o seu vício, onde ela depende dessa substância para superar estresse e situações de mal estar. O vício vai lhe trazer prazer e o físico vai precisar cada vez mais da nicotina e, se o fumante não utilizar, vai desenvolver a síndrome da abstinência”, informou.

Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de oito milhões de contribuintes são vítimas do tabagismo no Brasil, sendo que cerca de 1,2 milhão de pessoas são passivos.

Caminhada reúne ex-fumantes e servidores da Saúde contra o tabagismo

Para fomentar a conscientização e alertar sobre as doenças que o vício pode causar, a Secretaria da Saúde realizou uma carreata, saindo do Centro Municipal de Saúde até a Prefeitura de Gramado, percorrendo as principais ruas do município, na terça-feira (31). Os gritos de “parem de fumar” podiam ser ouvidos em boa parte da extensão da Borges de Medeiros e da Avenida das Hortênsias, onde alguns servidores e ex-fumantes, que fazem parte do grupo antitabaco, concentraram o coro.

Lá no meio da manifestação estava André dos Santos Trindade, que aos 59 anos, iniciou um novo desafio, o de parar de fumar. “Sou fumante desde os 15 anos. Em 2000 consegui parar e fiquei por 10 anos assim. Com um problema familiar, em 2010, não pensei duas vezes e voltei a fumar. Chegava a 20 cigarros por dia, o que é equivalente a uma carteira”, contou.

Seu André também relatou que procurou um médico para realizar exames de rotina, neste ano. De acordo com os resultados, o idoso estava bem, mesmo com o uso do tabaco diariamente, o que causou motivação para tomar a decisão de parar.

“Consultei em um pneumologista para fazer exames de rotina. O médico disse que estava tudo bem. Saí motivado a parar novamente de fumar. Senti que havia ganho uma nova chance, já que os exames estavam bons. Imediatamente, procurei o posto de saúde e comecei os encontros semanais anti-tabagismo”, sublinhou.Segundo ele, outro motivo para interromper o vício foi o nascimento da neta Maria Helena.

“Eu comecei a fumar nas festas”

A enfermeira Simone Costa, servidora da Saúde, extinguiu o cigarro da rotina há 10 anos. Ela conta como o vício começou e tomou conta de sua vida, ainda na juventude. “O cigarro foi apresentado na escola, quando eu tinha uns 15 anos. Eu comecei a fumar nas festas, um ou dois, na brincadeira. Na época, o cigarro não era tão mal visto. Era status e bonito quem fumava, mostrava uma pessoa mais independente. De um cigarro foi para dois e, na faculdade, começou a ser rotineiro. Começou a ser uma carteira, que durava dois dias. Com 20 anos, eu percebi que a minha vida estava girando em torno do cigarro. Eu cronometrava, acordava de manhã, fazia um café e tomava fumando, antes de ir pra faculdade”, relatou.

Um hiato ocorreu no período que Simone descobriu que estava grávida. Ela ficou toda a gestação e fase de amamentação sem fumar.“Parei os nove meses e quando amamentei. Logo que parei de amamentar, voltei a fumar. Sofri muito de ansiedade e angústia. Sentia muita falta do cigarro. Ele é uma válvula de escape, para o físico, emocional, tudo se coloca a culpa nele”, descreveu.

Em um belo dia, como a própria enfermeira adjetivou, há 10 anos, ela resolveu parar de utilizar a droga, devido as reclamações do filho, que já não queria abraçá-la. “De tanto que meu filho reclamava, ele não queria mais me abraçar. Dizia que estava com cheiro ruim, tinha vergonha. Cada vez que eu acendia um cigarro, na rua, ele se afastava. O que me levou a parar foi ele, meu filho, isso pesou muito”, salientou a mulher, acrescentando que, nas primeiras semanas, enfrentou o ganho de peso devido a ansiedade e a volta do paladar, danificado durante os anos em que fumava.

Atualmente, com 45 anos, Simone sente uma mudança na saúde e usufrui de uma qualidade de vida muito superior em relação à da época em que era fumante. “Eu divido a minha vida em antes e depois do cigarro. Hoje sou uma pessoa saudável, consigo caminhar, respirar e tenho qualidade de vida. Posso dizer que 10 anos depois é uma luta diária, ainda sonho que estou fumando, porém sei que, se colocar um na boca, eu volto a fumar. Mas não sinto a necessidade, minha vida está 100% melhor. Ele te exclui, graças a Deus, se acender um cigarro as pessoas ficam olhando”, comentou.

A diretora da Vigilância em Saúde, Flávia Oliveira, pede para que usuários que estão interessados em interromper o vício procurem a Secretaria da Saúde.

Cigarro eletrônico vira preocupação para a pasta

Outro agente derivado, que é mais perigoso que o cigarro convencional, é o vape. De acordo com Joel, a Vigilância está preocupada com a quantidade de jovens que estão utilizando este cigarro eletrônico, que pode causar danos permanentes à saúde.

“Já tivemos casos em escolas. Os jovens e adolescentes estão usando, pois pensam que não vicia e não faz mal a saúde. Pelo contrario, são piores que o tabaco convencional por ter cheiro e gosto. O aparelho necessita de uma vitamina (E) e o óleo, que esquenta para desenvolver essa queima. Este ai é o perigo, porque esse óleo, utilizado para produzir a combustão da fumaça, leva essas micropartículas para os pulmões e podem produzir uma enfermidade pulmonar muito grave, que pode levar a morte por insuficiência respiratória”, alertou.

A venda do produto é proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), desde 2009, mas é frequentemente visto na posse de jovens em ambientes festivos.

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