REGIÃO – Há não muito tempo era comum os casos de dengue em regiões brasileiras com temperaturas mais elevadas, mas se tornou comum também a presença do mosquito transmissor e os casos da doença também em regiões mais frias, o que está sendo desafiador para as autoridades de saúde, que buscam adotar estratégias de combate, mas sem a conscientização e colaboração da população o trabalho passa a ser praticamente insignificante.
Os números são alarmantes e preocupam. Somente no início de 2024, em todo o Estado, já foram registrados mais de 4.400 casos em mais de 460 municípios. Em Canela, dois casos foram confirmados na manhã de ontem (22), pela Secretaria da Saúde, por meio do Departamento de Epidemiologia. Os dois casos são importados, já que os pacientes estavam em outros municípios onde há contágio da doença e voltaram com dengue. Os bairros das pessoas que tiveram diagnóstico positivo já receberam ações do Departamento de Vigilância Ambiental.
Já Gramado os dados assustam. Conforme a Vigilância Ambiental, com base em dados coletados quinta-feira, dose pacientes positivaram para a dengue. Diante deste cenário a Prefeitura adotou uma medida inovadora que integra programas dos governos estadual e federal: as ovitrampas – tecnologia para o monitoramento do mosquito transmissor por meio de armadilhas para atrair a fêmea do mosquito.
Durante esta semana, uma mobilização da equipe da Vigilância Ambiental ocorreu em diversos bairros para a colocação dos 88 equipamentos. O coordenador Regional de Saúde, Marcos Ferreira citou que até ontem, no Rio Grande do Sul, Gramado tem o maior número de colocação destas armadilhas e explicou a forma de funcionamento.
“É um pote onde colocamos 300 ml de água uma paleta de eucatex para a fêmea colocar os ovos. É colocado um atrativo, levedo de cerveja, que não é toxico. Mas pedimos e alertamos para as pessoas não mexer. A armadilha ficará nas casas por cinco dias, a equipe vai recolher, esperar e secar e contabilizar a quantidade de ovos”, explicou.
O coordenador da Vigilância Ambiental de Gramado, José Mário, explicou o procedimento adotado para colocação das armadilhas e destacou da necessidade da população colaborar em combater o mosquito transmissor. Também citou a forma adotada para colocação dos equipamentos.
“Nos dividimos em três equipes percorrendo todas as regiões da área urbana de Gramado, com servidores devidamente uniformizados e identificados. Instalamos as armadilhas em locais públicos, residências, comércios com a devida autorização dos moradores. Fizemos um mapeamento dos locais onde teve casos e de riscos”, detalhou.
Já o secretário de Saúde de Gramado, Jeferson Moschen, reforça que o engajamento da comunidade nas medidas de prevenção é fundamental para combater a dengue e preservar a saúde de todos. “Como poder público seguimos adotando estratégias e investindo no que de mais moderno e eficaz existe no mercado. Mesmo com todas as medidas adotadas até então, precisamos da colaboração da comunidade para conter o avanço do mosquito”, alerta Jeferson.
Recepção da comunidade
Durante o roteiro de visitas da equipe da Vigilância Ambiental, a residência de Noeli e Selvino da Cunha, 79 e 78 anos, respectivamente, localizada na rua Angélica Peteffi, bairro Mazzurana recebeu a armadilha. Tomando um chimarrão na varanda da área e em sua volta um belo jardim colorido e bem cuidado, a aposentada celebrou esta ação para dar mais tranquilidade para a família.
“Sinto mais segura e feliz com a colocação desta armadilha. É muito importante para nossa saúde, pois vejo muitas pessoas com esta doença. Estamos cuidando, não tem mais pratinhos com água. Tiramos as bromélias e limpamos tudo”, disse. Selvino também compartilhou o que disse sua esposa. “É muito bom as orientações e a armadilha, as pessoas tem que cuidar e vamos ficar de olho aqui em casa”, descreveu.
O comércio também está no roteiro de combater a dengue. No bairro Vila do Sol, a Agropecuária do Ronaldo recebeu o equipamento. O proprietário da empresa, Ronaldo Melo mencionou que além de destacar como positivo a colocação da ovitrampa, elogiou a forma como a equipe dos agentes ambiental estão atuando de orientar de forma educativa a população.
“O trabalho que é realizado pelo José Mário e equipe é produtivo e honesto. Eles explicam, orientam o que deve ser feito. Nos sentimos bem mais seguros e precisamos deste apoio e explicação. Hoje utilizamos um veneno que coloca na água e não prejudica as plantas, colocação de água sanitária. As pessoas devem primeiro orientar e explicar, não chegar e impor e multar, pois queremos fazer a maneira correta”, pontuou.
Os sintomas
Febre alta.
Dores no corpo,
Dor na cabeça
Dores nas articulações, além de outros sintomas, caracterizam essa enfermidade e podem aparecer até 15 dias após a picada.
Recomendações para prevenção:
Manter caixas, tonéis e barris de água bem tampados.
Acondicionar o lixo em sacos plásticos e manter a lixeira fechada.
Evitar descartar lixo em terrenos baldios.
Armazenar garrafas de vidro ou plástico com a boca para baixo.
Evitar acúmulo de água da chuva sobre a laje.
Preencher pratinhos ou vasos de planta com areia até a borda.
Caso guarde pneus velhos, retirar toda a água e mantê-los cobertos.
Limpar as calhas com frequência, evitando obstruções.
Lavar com água e sabão, pelo menos uma vez por semana, os recipientes usados para armazenar água.
Lavar com água e sabão, semanalmente, os vasos de plantas aquáticas e trocar a água desses vasos com frequência.
