Tiago Manique
GRAMADO – Deu praia! Nas ondas da Terceirona Gaúcha, quem encerrou surfando na melhor onda foi o Centro Esportivo Gramadense (CEG). Jogando na tarde de domingo (8), em Tramandaí, o Trem da Serra, que precisava vencer o Real Sport por diferença de dois gols, cumpriu com a missão. Como havia perdido no primeiro jogo da decisão em Gramado, por 2 a 1, tudo foi resolvido no primeiro tempo.
Logo aos 10 minutos, o zagueiro Bazzan, filho do presidente Sandro, abriu o marcador. O gol da taça saiu ainda na primeira etapa. Aos 35 minutos, após receber excelente cruzamento do meia Maurício, o centroavante Kerlly, lá no alto, subiu mais que o sistema defensivo do Leão do Litoral e, de cabeça, fez 2 a 0. A ansiedade ia tomando conta dos torcedores do Gramadense que foram até Tramandaí e dos atletas, mas tudo foi finalizado com o apito final. Festa na praia e na serra. No campo e na arquibancada.
Festa familiar

Uma das grandes características do Gramadense, diferente da maior parte dos clubes, está no vínculo afetivo. Pela maioria dos atletas serem criados desde os projetos sociais no clube, as famílias dos atletas estão sempre ligadas à história do clube.
Clodomiro Fernandes é um desses que acompanhou o sonho do seu filho de se tornar atleta profissional, dando todo o suporte possível para os treinamentos e acompanhando as partidas. Ele é pai do meia Thobias. Na decisão do título, a família, que mora em Nova Petrópolis, foi até Tramandaí e Clodo, como é conhecido, profetizou o placar e quem faria um dos gols.

“Fomos para o jogo acreditando. Falei que um dos gols seria do Kerlly. Todos que entraram jogaram bem, e quem não entrou, assim como a comissão técnica, estavam todos jogando juntos. E o final foi muito emocionante, poder depois entrar em campo e abraçar meu filho. Com certeza, esse título é muito importante para o Thobias, para o clube e para toda a comunidade de Gramado”, descreveu.
Com 21 anos, Thobias começou no Gramadense aos 13. Neste período ainda de base, esteve no Juventude e no Grêmio. Retornou para Gramado, onde se profissionalizou no clube na disputa da Terceirona em 2022. Clodomiro recorda a importância desse processo de aprendizado no Gramadense para seu filho chegar até o atual estágio na carreira. “O Gramadense, com esse projeto social, é muito importante para a região, um dos únicos clubes que oportunizam para a gurizada sem custo algum. Isso é importante para quem sonha um dia ser profissional”, destacou.
Do Jardim para a taça
Mais um exemplo desse DNA de família que possui o clube está no atleta Igor. Aos 18 anos, com a lesão de parte da competição e Thobias, o garoto assumiu a titularidade. Literalmente como ‘gente grande’, não sentiu a pressão e assumiu a responsabilidade com maturidade. Fernanda de Oliveira, 34 anos, é a mãe do promissor atleta. Ela conta que o filho começou a atuar aos seis anos de idade, ainda no futsal do CER Jardim, e aos 8 anos trocou a quadra pelo campo, evoluindo dentro do Gramadense.

“Desde criança tudo era futebol para ele. Lembro com carinho dele brincando sozinho na sala de casa com seus jogadores que eram sapatos e potes todos posicionados, e o mais engraçado era que ele molhava o cabelo para dizer que estava suado de tanto jogar. Quando ele passou a jogar mais no campo, foi passando por cada categoria do time. Tudo era uma grande conquista para todos nós que fizemos de tudo para acompanhá-lo. Ao longo dos anos dentro do clube, conforme foi crescendo, a responsabilidade que sempre teve diante de tudo foi aumentando, passando por diversas categorias até chegar ao sub-17, onde foi capitão do time que foi vice-campeão do Gauchão em 2022. Desde então, passei a observar que o que ele almejava estava além. O trabalho continuou, muito treino e dedicação”, disse.

