REGIÃO – Ser mãe o sonho de muitas mulheres, de oportunizar e pegar no colo a criança e chamar de filho ou filha. Para muitas é o ciclo natural da vida, mas para Tatiane Cavallin, 37 anos, foi de muita luta e desafiadora esta missão.
Mesmo antes de saber que não conseguiriam ter filhos de forma biológica, a adoção sempre foi planejada pelo casal e, se tornou a forma de concretizar esse sonho. Mesmo sendo adoções tardias, conseguiu ser chamada de mãe pelas filhas Vitória, Kauane e Eduarda, hoje com 14,15 e 23 anos respectivamente.
O enredo desta história se fosse uma série ou novela se encaixaria para ser contada na TV. Tatiane e o esposo Luciano Pizoni, 48 anos, ingressaram na fila de adoção após habilitação na 2ª Vara da Comarca de Canela.
“Buscamos de forma biológica, não conseguimos e optamos pela adoção, aceitávamos até nove anos [idade] e conseguimos adotar a Vitória e a Kauane, como se fosse gêmeas, contou. As meninas, irmãs biológicas, foram adotadas em julho de 2015.
A rotina da família mudou drasticamente. Mas uma destas, passou a ser um dos sonhos de Tatiane que é ser chamada de ‘mãe’. Ela recorda a emoção, tanto para ela quanto as filhas do primeiro momento do Dia das Mães e das celebrações na escola. “Muito emocionante. Era tudo novo. Festas na escola era a realização de um sonho para mim e para elas de ter a mãe na platéia”, disse.
Mas os planos de aumentar a família não parou. Tatiane atuava na Casa Lar como voluntária e ingressou no Projeto Apadrinhar, onde a família estabelece vínculo com a criança ou adolescente, realizando visitas e também, o apadrinhado passe alguns finais de semana na casa da família. Por meio deste caminho, surgiu o amor por Eduarda, a Duda como é carinhosamente chamada a terceira filha do casal, que foi adotada em março de 2017, na época com 17 anos.
“Já tinha este carinho com a Duda, por causa do projeto Apadrinhar. Ela realizou algumas viagens com nós, passou finais de semana e tivemos este carinho e também criou este vínculo com as meninas [Vitória e Kauane]. Então após esta convivência, voltamos para o processo de habilitação de adoção e a adotamos, ganhei mais uma filha”, recorda-se.
De mãe para avó
Família formada, todos felizes. Mas faltava um ingrediente, foi quando Duda, a filha que chegou mais tardio ao lar celebrou a chegada da pequena Antonella, em 08 de fevereiro de 2021, fruto do relacionamento com o esposo Gabriel Felippetti, 25 anos.
Da luta na tentativa de ser mãe, agora também avó, Tatiane confidenciou que quando recebeu a notícia foi um misto de alegria com preocupação. “Estava em casa celewbarbdo um jantar de final de ano da empresa, quando tocou o telefone e a Duda deu a notícia de que eu seria avó, fiquei sem reação. Naquele momento não sabia se estava preparada, pois tinha pouco tempo de convivio familiar, mas ela [Duda] estava mais preparada que nós [pais]”, lembrou.
Tartiane confidenciou que como não teve esta convivência com criança de colo, segue aprendendo com a Duda e a neta.
“Nunca tive convívio direto com um bebê, ficava com receio. Após a chegada da Antonella, o início foi difícil para este amadurecimento, pois a pouco tempo eu era mãe e logo depois avó. A Duda nos ensinou muito, mostrando como fazer para cuidar de um bebê. Estou aprendendo muito com a minha filha e a neta”, pontuou.

Participação da família
Em todas as decisões de não dar seguimento na tentativa de ter filho biológico e a busca pela adoção, Tatiane mencionou da importância do diálogo com o esposo. Além disso destacou da necessidade das famílias de participarem ativamente da vida escolar dos filhos.
“Verifico bastante a diferença no ambiente familiar quando os pais estão juntos com os filhos na escola. Não abro mão de participar, minhas filhas quando tem alguma apresentação na escola, elas ficam procurando na platéia com os olhinhos onde estamos, se sentem acolhidas e isso é muito importante para a estrutura familiar”, avaliou.
“Tive o prazer de escolher os meus pais e são os melhores”
Duda recorda-se quando conheceu Tatiane em 2013. Na época ela estava no abrigo Casa Lar e sua mãe fazia serviços voluntários e desde então criou uma ligação, que desde a época é com se fosse de ‘mãe e filha’.
“Fomos criando um vinculo, mas nada era falado sobre ser minha mãe nem nada do tipo. Foi passando os anos e a Tati acabou adotando minhas duas irmãs mais novas e se afastou do abrigo. Sentia falta dela, logo depois foi criado o Projeto Apadrinhar e ela me pediu se queria passar os finais de semana na casa dela, depois dai nunca mais no separamos”, recorda-se.
Duda descreveu também a sensação de poder ter ‘escolhido’ os pais que tem e da inspiração que é ser filha da Tatiane. “Hoje digo sem dúvidas que nossa conexão é de outras vidas, dizem que pai e mãe não dá pra escolher mas graças a Deus tive o prazer de escolher os meus e são os melhores! Ela [Tatiane] me inspira a ser uma mãe melhor, a batalhar pelo o que eu quero, me mostra todo dia que sim, eu mereço também ser cuidada e amada. E é muito bom isso, ser mãe da Antonella. A melhor coisa que me aconteceu e ao mesmo tempo eu também sou filha, amar e ser amada, é sobre isso”, finalizou.

Texto: Tiago Manique – [email protected].