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Volta às aulas: Pais e professores comemoram retorno presencial

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CANELA/GRAMADO – Quando as aulas irão voltar? Será que é o momento? Os alunos irão aprender longe dos educandários? Estas são três das centenas de dúvidas que assombraram os alunos, pais e professores durante a suspensão das aulas presencias por conta da pandemia da Covid-19. A classe escolar enfrentou cerca de um ano de ensino por meio virtual que lançou a imediata necessidade de adaptação com aulas remotas impondo a urgência dos alunos possuírem aparelhos como computadores, smartphones ou tablets para assistirem as aulas.

Na última semana, o Governo do Estado publicou o Decreto 55.856 que adotou a bandeira vermelha e fez mudanças no Plano de Distanciamento Controlado, autorizando a retomada do ensino presencial. A reportagem do Jornal Integração conversou com pais, professores e diretores que contaram sobre o período com aulas remotas.

O professor da Escola Municipal de Ensino Fundamental Pedro Zucolotto, em Gramado, Fábio Selbach destacou que os docentes vivem em um paradoxo. Simultaneamente estão alegres pela volta e inseguros por ainda não terem recebido a imunização. Ele opina que as decisões tomadas pelos governos não são pela saúde, mas sim políticas, e pensa que a volta seria mais segura após a vacinação dos profissionais de educação. “Ao mesmo tempo em que sentimos alegria pela volta, pela aparente normalidade que a volta traz, estamos com sensação de insegurança uma vez que não recebemos nenhuma dose da vacina. Somos sujeitos da ciência e sabemos que os protocolos são importantes, mas não eliminam totalmente as chances de contágio. Ouvimos que a educação é prioridade, mas não somos prioritários no plano de vacinação. São decisões políticas, não de saúde que já chegam definidas de cima, sem a participação dos principais envolvidos. Particularmente penso que a volta seria mais segura para toda a comunidade escolar após a vacinação dos profissionais da educação”, sublinhou.

Tatiane Guerreiro e Andresa Chaves são mães de alunos que frequentam a Escola Pedro Zucolotto. Elas revelam que autorizaram os filhos a retornarem ao educandário e acreditam que o desenvolvimento das crianças, de modo geral, pode ser afetado por este período que ficaram afastadas do ambiente escolar. “Acho que o período parados, ou com aulas em casa, pode sim atrasar o aprendizado. Nós, pais, não temos preparo para educar como a escola e os professores. Ajudamos muito nas tarefas em casa, mas não é a mesma coisa”, declarou Tatiane. “Eles (professores) explicam e ensinam melhor do que nós. O desenvolvimento da criança não vai ser o mesmo (com as aulas remotas)”, acrescentou Andresa.

Ernesto Guerreiro, filho de Tatiane, é aluno do quarto ano e retornará somente na semana que vem, já que as turmas foram separadas em três grupos para facilitar o monitoramento e o cuidado com as crianças. Segundo Tatiane, ela estaria mais tranquila para o retorno caso os funcionários e docentes já tivessem sido vacinados. “Eles também têm família e deveriam ter prioridade para se vacinar. Assim ficaríamos mais tranquilos, pois com todos os cuidados devidos, as crianças precisam, sim, estudar. No momento estou desempregada, tenho como ficar com o meu filho em casa, mas acho que eles precisam retornar e pelo menos tentar. Vamos ver como vão se adaptar a volta às aulas”, projetou.

Andresa é mãe de Kelly Mayara e Ketlin Naiara, estudantes do quarto ano e pré,respectivamente. Ela contou que as meninas falam frequentemente em voltar para a escola e lamenta que 2020 foi um ano perdido para a sua filha mais velha, por conta do período longe dos professores. “As minhas filhas vão retornar. Com as duas em casa, não é fácil lidar com as atividades. Estive com a mais velha em casa o ano passado e já foi um ano perdido para o desenvolvimento dela. A Kelly, de 10 anos, e a Ketlin, de cinco anos, falam muito em voltar para escola, pois conseguem aprender mais com professores do que comigo”, destacou ela, que durante a parada, buscou as atividades das meninas no educandário.

Retorno exige uma readaptação

Fábio Selbach frisa que o retorno, assim como o período em casa, exigirá readaptação por parte dos pais, alunos e professores, justificando que a pandemia ainda está em estado crítico. “A pandemia lançou um desafio à comunidade escolar como nunca havíamos presenciado. A necessidade do ensino virtual chegou de repente, sem tempo pra adaptação para nenhum dos lados. Os professores utilizaram de poucos recursos e muita imaginação para que os alunos permanecessem assistidos ainda que à distância. Nosso trabalho depende do afeto, do contato, sentimos muita falta disso. Percebemos o tanto que esta falta influenciou no aprendizado de nossos alunos. A volta exigirá nova readaptação de todos. Temos esperança que a volta, mesmo nestas condições, produza benefícios ao aprendizado, mas também certo receio, uma vez que o contato com os alunos ainda terá restrições”, projeta o educador.

“O vírus é real, mas não podemos deixar de viver”

A reportagem conversou com a técnica de enfermagem, Deisi Aline dos Santos, funcionária do Hospital Arcanjo São Miguel há 10 anos. Ela é mãe de João Gabriel e Gustavo Santos, estudantes da rede estadual, nas escolas João Corrêa e Danton Corrêa da Silva, em Canela, que voltarão, com o aval da mãe, a frequentar os locais de ensino presencialmente.

Deisi acredita que este era o momento das aulas retornarem, justificando que o vírus, por enquanto, continuará em evidência, além de destacar que a humanidade precisa voltar a viver ‘normalmente’, com atenção aos cuidados como o isolamento social, uso de máscaras e higienização das mãos. “Estávamos acostumados com uma vida normal e, de repente, tudo parou, veio o isolamento, o medo de um vírus que ninguém conhecia, lavar as mãos e usar máscaras o tempo todo, só se pensava nisso. Nossos filhos ficaram com medo, nem conseguiam estudar. Me sinto segura em mandá-los, pois a Covid-19 continuará no nosso meio. O vírus é real e temos que nos conscientizar, mas não podemos deixar de viver. Devemos voltar a nossa vida ‘normal’, ter a rotina com o isolamento social. Vamos ter muitas pessoas depressivas tendo desencadeamento de síndrome do pânico, medos, então precisamos voltar a viver. O vírus afetou a todos, não só as crianças (com a suspensão das aulas), mas mais adiante veremos, verdadeiramente, o que afetou no desenvolvimento de nossas crianças”, desabafou.

As escolas estaduais estão voltando às atividades gradativamente e de forma escalonada. No caso dos filhos da técnica em enfermagem, que estão no primeiro e terceiro ano do Ensino Médio, as aulas deverão ocorrer a partir de segunda-feira (10).

Sobre as vacinas contra a Covid-19, Deisi, que faz parte de um dos grupos prioritários por ser profissional de saúde, optou por não receber o imunizante. A técnica em enfermagem frisa que as doses passaram por pouco tempo de estudo e não possuem 100% de eficácia. “Eu não fiz. Acho pouco tempo de estudo, ela não é 100%, ainda podemos pegar ou transmitir, então optei por não fazer”, revelou.

“Volta as aulas é uma dádiva para todos”

Na rede privada, com exceção da COOPEC, que regressou nesta segunda-feira (3), o Marista e a Escola Ninho retornaram as atividades ainda na semana passada. A Ninhoiniciou as atividades com alunos das séries iniciais até o 5º ano, na quarta (28), e do 6º ano do fundamental ao 3º do ensino médio as aulas começaram na segunda (3).

Já o Marista recomeçou na quarta-feira (28) com as aulas presenciais para alunos da educação infantil, 1º e 2º do fundamental. Os alunos do 3º ano do fundamental ao 3º ano do ensino médio retornaram na segunda (3). Na COOPEC a educação infantil e o 1º ano do fundamental começaram também no dia 3. Para os alunos do 2º ao 5º ano o retorno foi na quarta (5), enquanto que estudantes do 6º ao 9º ano e ensino médio regressarão somente na próxima segunda (10). O Colégio Cenecista não retornou o contato da reportagem.

A diretora da Escola Ninho, Rose MeryRazera, lamenta que, por conta da pandemia, os alunos tiveram prejuízos cognitivos e psicológicos e destaca que a volta às atividades é um refresco para todos que se preocupam com a educação. “Os alunos não tiveram prejuízos somente no cognitivo, o lado psicológico foi extremamente afetado. Crianças e jovens precisam ter contato, ter interação com outros da mesma faixa etária. Muitos tiveram e estão com problemas de autoestima, medos e depressão. O processo de recuperação destas enfermidades não será de um dia para outro, pode levar muito tempo”, comentou.

“A volta às aulas é um refresco, uma dádiva para todos que realmente se preocupam com a educação. Sabe-se que este retorno não é e não será fácil, pois envolve um conjunto de responsabilidades que devem ser cumpridas por pais, familiares, colaboradores, professores e alunos. O medo de ser contaminado está presente em todas as pessoas e somente será amenizado quando tivermos vacina para todos, torcemos para que os educadores sejam premiados”, sublinhou Rose.

Falando sobre o retorno, a diretora foi sucinta, mas após o recomeço está otimista. “Não tenho dúvida que todos se adaptarão nesta nova fase. Professores com alunos em tempo real presencialmente e on-line, novos aprendizados serão necessários, mas para quem tem vontade, meta e convicção, nada é impossível”, finalizou.

Texto: Leonardo Santos – [email protected]

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