Aquelas pessoas atingidas diretamente com as obras que seriam feitas com os recursos negados pela Câmara de Vereadores na segunda-feira, e que assistiram à sessão, saíram de lá garantindo que o assunto não estaria se encerrando ali, pois seria levado à campanha eleitoral, com reflexos nas urnas.
Contribuição de melhorias
Nem o argumento trazido à tribuna pelo vereador Volnei da Saúde, que acabou sendo o único da oposição a usar a palavra quando o assunto era os projetos, de que teriam que pagar pelo asfalto no bairro Vale do Pinheiros, fez os moradores mudar de ideia. De fato, quem não tem asfalto sabe melhor dimensionar a importância dele. Após pronto sempre tem uns que reclamam, mas de modo geral os proprietário preferem pagar e, além de usufruir, valorizar seus imóveis do que “comer” poeira (ou barro), a vida toda.
Empréstimo menor
Na minha visão, sim, o governo trouxe estes dois assuntos no último ano para criar um fatopolítico. Os dois projetos são polêmicos, dividem opiniões. É só ler as redes socais. Vender terrenos para doar ao Estado, sem sequer assumir também a manutenção permanente, não é unanimidade nem entre os usuários diretos. E buscar um empréstimo (R$ 35 milhões), onde só os juros implicariam R$ 3,5 milhões ao ano, em momento em que a Prefeitura não tem nem R$ 1,5 milhão para construir uma creche (Raio de Sol), nem em uma emergência, é preocupante.
Como estava prevista contrapartida de 10%, seriam, no primeiro ano, os R$ 3,5 milhões em juros e mais valor igual em contrapartida. Talvez tivesse o Governo buscando um valor menor, tipo os R$ 13 milhões para o Bairro Vale dos Pinheiros, pelo menos aquele bairro já poderia iniciar a caminhada rumo ao asfaltamento. Às vezes quem quer tudo não leva nada, foi o caso.
Caixa forte
Vou repetir o que já escrevi em outras ocasiões. A Prefeitura de Gramado precisa manter o poder de compra, de crédito forte para garantir a contrapartida quando tiver verba federal. Para cada um milhão que vem de Brasília, são necessários 200 mil de contrapartida. Logo, o argumento do Governo de que, no passado (julho de 2013) também foi tomado empréstimo, e que só agora está sendo pago, não contribui, ou não deveria, para o convencimento pelo voto favorável a novos empréstimos.
Todos os pronunciamentos e mesmo a aprovação do crédito pelo BNDES dão conta da capacidade de absorção da Prefeitura, mas também é fato que reiteradas vezes o Fedoca tem destacado o aperto do orçamento, a tal ponto de não ter um milhão e meio de folga para uma creche emergencial em razão da interdição de outra (Raio do Sol -Vila do Sol), submetendo os pais, por tempo indeterminado, à mudança de rotina, que implica em custos.
Emergências
O caixa forte permite reação rápida quando necessário. Uma questão que deve manter a luz amarela do gestor de Gramado sempre acesa é o aeroporto de Vila Oliva. Aquilo vai andar e em algum momento seremos chamados a fazer o acesso até a divisa, e aí, teremos condições de correr atrás de recursos, mesmo que, então pela importância turística, por empréstimo?
Importância das obras
Asfaltamento de ruas do bairro Vale dos Pinheiros, a ligação do Piratini ao Prinstrop, as estradas do Quilombo (faltam 5 km), do Caracol (3,5 km), da Linha XV, são obras que de fato nos fazem muita falta. Seriam muito bem vindas. Uma pena. Mas, esperamos que o próximo prefeito seja mais ágil na busca de recursos para este fim, ou estes fins. E lembrar que este colunistas, muitas vezes, ouviu, no passado, que determinado político, ou grupo, só pensava em asfalto.
Não anda
É fato, também, como novamente trouxe à tribuna na segunda-feira, o vereador Rafael Ronsoni, que as obras do município não andam. Ele numerou várias: a rua aqui do Bairro Jardim (Olavo Barreto Rosa); o acesso a Viação Férrea; a Borges de Medeiros; Da Várzea ao Quilombo (um quilômetro); o Posto de Saúde da Floresta; o trecho de asfalto da Linha Ávila; o Ginásio da Vila Olímpica, entre outras.
Sei do esforço do secretário Flávio Souza, que aliás estava na Câmara segunda-feira, mas fato é fato. A rua Ângelo Bisol, da São Pedro até a ‘Praça da Nazale’ (antiga Praça das Bandeiras), está ficando intransitável. Com R$ 300 milhões (já foram executados três orçamentos anuais na atual administração) de orçamento e não há uma obra pronta. E o vereador acrescentou: “com este time não vai conseguir concluir, executar uma obra”.
Politicamente falando
Pelo que se nota nas redes sociais, tem muitos que não gostaram do posicionamento dos vereadores Progressistas, mas há uma grande parte apoiando. A situação saiu da sessão convicta de que fará a reeleição do Fedoca, ou a sucessão, mas a oposição não sentiu um baque tão grande. Como eu disse no outro tópico, o assunto divide opiniões. A gritaria na Câmara não pode ser levada em conta, eis que orquestrada. Tanto a situação quanto a oposição mobilizaram as pessoas a irem lá.
Manifesto do Fedoca
Em vídeo publicado na rede social da Prefeitura, que republicamos no Face do JI, o Fedoca se manifestou sobre a decisão dos vereadores do Progressistas. Disse que é do jogo democrático etc., mas também fez duras críticas, uma ao fato de que primeiro negociaram a retirada de um dos imóveis e mesmo assim depois votaram contra “tudo vai servir de lição. A gente às vezes não está sabendo muito bem com quem está lidando. O que eu posso dizer é que quem se transforma num verme, não pode se queixar, depois, ao ser pisado. Este é o meu recado”.
E para encerrar, disse que tentará outro jeito. Logo, fica a curiosidade sobre esse “jeito”. “Eu lamento. Gramado vive um momento muito triste, muito melancólico. E eu espero que a gente se recupere porque o povo é vigoroso, o povo não vai se deixar vencer, o povo vai à luta e nós vamos de uma maneira ou outra tentar conseguir por outros meios, para isso a gente conta com vocês”. Será que tem um trunfo que apresentará aos gramadense e fará pelo mesmo parte destas obras? Tomara!