Esta semana foi turbulenta no meio político canelense. A participação do vereador Luciano Melo (MDB) em um seminário virtual provocou um debate interno em um grupo de whats da executiva do PDT. Mas a conversa vazou e caiu na mão do Luciano, que largou trechos durante a sessão da Câmara de Vereadores desta semana, inclusive, acusando o PDT de traição, armação e conspiração contra o MDB.
Na conversa pelo whats, os pedetistas tramavam denunciar ao Ministério Público a participação do edil no tal seminário. No fim das contas não houve nenhuma denúncia por parte do PDT, mas Luciano ficou duplamente enfurecido, primeiro por ter sido o pivô do debate, e segundo por relação partidária.
A exposição feita pegou maioria de surpresa. Esta coluna não tem espaço para tanto, por isso há uma matéria na página @@@ que explica mais detalhadamente o que aconteceu na Câmara.
Pacificação política
O que já sabíamos ficou escancarado nesta semana. A pacificação política em Canela é uma iniciativa praticada pelo prefeito Constantino Orsolin, é ideal dele, não do partido. No que dependesse do partido o campo já estaria em chamas há mais tempo.
O Constantino é um dos esteios do MDB em Canela, e o partido ignorou um recado que ele mesmo havia tornado público durante uma entrevista coletiva no dia 8 de janeiro deste ano. Naquela ocasião ele deixou claro que lutaria pela pacificação política a qualquer preço, mesmo que significasse sair do partido. Ele também afirmou que pretende manter a base governista pluripartidária e que chapa pura é a última opção.
Mais pacificação
E mais. Sobre este caso específico, também levo em consideração o que disse o prefeito na manhã desta terça-feira, durante uma videoconferência dele com secretários municipais e imprensa. Ele comentou que as conversas expostas por Luciano foram um fato da Câmara e que não atinge o governo, reconheceu que acabou afetando um dos seus secretários (Gilberto Tegner), mas que mantinha confiança nele. “Fiquei triste e abatido, mas a pacificação é mais forte que isso (…).Esse fato mexe muito com a fofocaiada, mas eu não vou tomar a atitude de tirar A ou B, o governo está bem”, avaliou.
A nota do MDB
O posicionamento do partido na noite de terça-feira foi duríssimo. Com frases como: “Fomos surpreendidos pela forma mesquinha e sorrateira que tramavam uma verdadeira, e baixa, conspiração contra a atual administração municipal”.
E mais: “No mínimo, o que se espera agora é que tenham a digna atitude de reconhecer o erro e assacadilha conspiratória, a verdadeira quebra da confiança, entregando seus cargos e externando pedido de desculpas públicas ao prefeito e à comunidade, os quais foram traídos por aqueles autores de tão leviano ato”.
É legítima a interpretação e o sentimento de traição do MDB. Mas com este posicionamento e com o que o prefeito havia dito em duas ocasiões, me pego olhando para duas linhas de raciocínio: ou o prefeito mentiu para a imprensa, ou o prefeito foi traído pelo próprio partido. E fico com a segunda opção.
E a troca de partido?
Em 8 de janeiro, o prefeito disse que se fosse preciso, em nome da pacificação política, ele até trocaria de partido. Agora ele não pode mais fazer isso por causa do calendário eleitoral, mas já pensou se essa boiada estoura um mês atrás?
Um X9 no PDT
O PDTmereceu a sacudida que levou. Não pelo teor da conversa, pois isso ocorre internamente em todos os partidos, mas por ter confiado em quem não devia. E dos cinco áudios apresentados por Luciano, num deles, o do vereador Jonas Bernardo, ficou evidente a possibilidade de um X9 (traidor).
“Mas era só o que faltava mesmo, nós no grupo da executiva debatendo sobre coisas do município e não poder debater porque se tem desconfiança de alguma pessoa. Mas se não deveria estar no grupo que tirem imediatamente”, disse. Ou seja, já internamente se discutia que alguém poderia vazar a conversa, como de fato aconteceu.
Se vazou, claro que foi proposital, talvez não em nome do PDT, mas por parte de alguém que está no time dos pedetistas que não engoliram o fato de o partido, na representação dos vereadores Ismael, Carlão e Jone, ter aprovado as contas de governo do Constantino Orsolin das gestões de 2009 e 2011.
Tolão permanece
Ainda durante a sessão, fiz contato com o secretário de Educação. Ele reconheceu que se envolveu na conversa e que ficou bastante abatido com o vazamento das conversas. Também compreende que trata-se de jogo político-partidário.“Vou cumprir meu trabalho até o momento que o prefeito achar que eu deva cumprir. Ele me chamou e minha conversa é com ele”, confirmou.
O resumo da ópera
O fato é que membros dos dois partidos, tanto PDT quanto o MDB, já estão com vontade de encerrar a parceria nesta gestão e focar na eleição. Mas como disse o prefeito, a pacificação que ele prega é mais forte que os anseios partidários. E foi ele próprio, o prefeito, quem convidou Tolão e o PDT a integrarem o governo.
Hoje, na Administração, o PDT tem o secretário de Educação e mais 19 CCs. E como foi o próprio prefeito quem os chamou, também é ele quem vai dispensar. O MDB pediu que o PDT se retirasse, mas ele permanece porque é o Constantino que manda no Paço.Em nível partidário, é tudo jogo político e o baile está só começando.
Integração regional
Ao pensar em integração regional, o que é bandeira desta coluna, esta é a melhor foto que vi nos últimos tempos. Nesta quarta-feira, o presidente da Câmara de Vereadores de Canela, Marcelo Savi (MDB), esteve reunido com a presidente do legislativo gramadense, Rosi Ecker Schmitt (PP). O motivo do encontro foi para traçar metas conjuntas para auxiliar as duas comunidades na retomada econômica. É aí que eu me refiro. Essa aproximação é muito importante e fundamental para o crescimento das duas cidades. Que esta seja a primeira de muitas.
Crédito – Eduardo Saueressig/Divulgação