Coluna publicada no dia 03/06.
São estarrecedores os números de cidadãos que marcam, mas não comparecem às consultas nos postos de saúde, de Gramado, Canela, em todo o Brasil. Só em Gramado até fim de abril eram 3.897 não comparecimentos, ou ausências.
Apesar dos médicos
Tive um probleminha de saúde no joelho direito, fiquei correndo de um laboratório ao outro até que enfim estava tudo certo para fazer a ecografia. Foi quando descobriram que a receita era para o outro joelho. Tive de voltar ao médico e lá se foram mais alguns bons dias. Na ecografia não apareceu nada, então tinha de fazer uma ressonância. Até conseguir a nova consulta o joelho doía menos. Falei para o doutor da melhora e ele me saiu com essa: as pessoas curam, Cláudio, apesar dos médicos. Ele disse, espera mais uns dias e só faz a ressonância se achar necessário. O joelho curou sozinho.
Via sacra
Essa via sacra foi pelo particular, eu pagando consulta, exames, tudo. Imagina se fosse no público, pelo SUS. “As pessoas curam, apesar dos médicos”. O vereador Roberto Danani falou na Tribuna da Câmara de Canela, ontem à noite, que está demorando cerca de 25 dias para a consulta em Canela, após marcada. Ao seu entender, pelo menos 30% destes já melhoraram e até esqueceram da consulta. Esta é a realidade geral, não apenas deste município.
Desperdício
É realmente uma pena isso, tantos precisando e outros desperdiçando. Agora, o Poder Público precisa agir para mudar este quadro. Se a pessoa conseguir a consulta quando está assustada, passando mal, ela vai, isso é certo. Agora, se a pessoa já melhorou e está trabalhando, em que pese poderia e deveria avisar, o simples fato de não o fazer não significa que é um desleixado. Ele está apenas respondendo na mesma moeda. Serviço ruim, a recíproca é verdadeira. O mesmo vale para os exames. Se a retirada de remédios fosse marcada para alguns dias depois certamente também muitos não precisariam mais.
Coletivo
Ontem, presenciei mais uma daquelas cenas que são verdadeiras lições de vida. Um cidadão de 93 anos precisou ir reivindicar aos políticos seus direitos básicos. Quanto aos políticos—os vereadores de Gramado, no caso—confesso que até senti pena deles. É uma conta alta ter de ficar ali, calados, enquanto o idoso lhes oferecia um ‘livrinho’ (o Estatuto do Idoso). Sim, porque os vereadores não podem ajudar seu Adão Fernandes de Oliveira, que compareceu à sessão para utilizar a Tribuna do Povo e pedir mais linhas de ônibus. Ele está gastando R$ 30 dos R$ 50 que ganha por dia para ir ao Posto de Saúde, precisando recorrer ao Uber por falta de transporte coletivo.
Curioso é que Adão se declarou partidário do PP, partido que ajudou a fundar em Gramado nos anos 80 e hoje tem 07 dos 09 vereadores. E, é preciso lembrar, nos últimos 25 anos, o partido só não esteve no comando do Executivo por quatro anos—e quem está no Executivo é que deveria resolver essa questão. Citou Pedro Bala e Nestor Tissot como bons prefeitos, que, juntos, ao final desta gestão, terão completado 34 anos de mandato em um município que, ao fim de 2028, terá 74 anos de existência—e ainda assim, esse problema não foi resolvido. Os vereadores cumpriram seu papel: declararam-se parceiros, disseram que vão analisar a situação e deram declarações formais. Mas, de fato, estão apenas na torcida.
O transporte público coletivo passa por uma transformação inevitável. Há paliativos aqui e ali, mas uma solução definitiva parece cada vez mais distante. As pessoas valorizam sua liberdade e querem fazer suas próprias escolhas. Essa mudança de paradigma ainda vai causar impacto, mas, aos poucos, todos se acostumarão. É como a transição do jornal impresso para o digital—o mesmo processo.
Por curiosidade, está com os vereadores projeto para repasse de mais 440 mil à empresa que faz o transporte, como ajuda de custo, referente aos seus prejuízos de outubro e novembro do ano passado ainda. Outra coincidência é que sexta passada a empresa informou à prefeitura que está diminuindo ainda mais as linhas. Ah se seu Adão soubesse disso.
Adão também reclamou que os ônibus de estudantes passam, mas que não pode dar a carona. Isso é de se estudar, pois como disse seu Adão “nós não somos loucos nem nada”, então por que não fazer esse bem bolado??
Cabeças vão rolar
O vereador Gralha, de Canela, que estava quietinho nas últimas sessões por conta da investigação sobre o celular do HCC que ainda usava como se fosse seu, sem pagar a conta, voltou a falar ontem à noite. É grave o que ele fala sobre a Saúde. É preciso atentar. Ele já esteve lá. E, a pergunta que ele faz é emblemática; “Então para trabalhar no Hospital de Canela tem que ser mal funcionário?”. Também sobre o “monopólio” da ACM para os velórios (casas mortuárias), é preciso verificar.
Lei do retorno
Alguns políticos de Canela já estão acreditando mais do que nunca na lei do retorno. Parece maldição, mas está acontecendo.
Perguntinha
Que tipo de funcionário você escolheria para trabalhar no teu hospital?
