O presidente da Câmara, Felipe Caputo, voltou da licença médica e não economizou palavras. Desde que começou o entrevero em torno da fala do diretor de transporte da Saúde, Almir Júnior, na semana passada, Caputo mostrou que estava com o assunto engasgado.
“É inadmissível o que aconteceu aqui. Um servidor utilizando o espaço para desrespeitar os vereadores e prejudicar a harmonia entre Executivo e Legislativo.” E não ficou só na indignação: assinou a moção de repúdio, de autoria do vereador Cabo Antônio (MDB) e foi além. “Medidas, sim, serão tomadas pelo Executivo. Podem ter certeza.”
A fala dele foi clara, firme, direta. Não passou pano, não jogou para plateia. Botou os pingos nos is e assumiu o papel de liderança no meio da confusão.
O problema não foi criticar
Caputo contou que Almir pediu o espaço na Tribuna do Povo dizendo que queria explicar seu trabalho. “Eu achei que seria realmente falado, porque alguns vereadores daqui a pouco tinham dúvidas.” Só que o que veio não foi prestação de contas, foi ataque.
O problema não foi a crítica em si — até porque crítica faz parte do jogo democrático —, foi o tom, o momento e a forma. A Tribuna do Povo é pra cidadão, e ali ele estava representando o Executivo. Não tem como separar isso.
A fala pegou mal porque virou ataque institucional. E isso compromete algo que, em tese, é básico para uma cidade funcionar: o respeito entre os poderes.
Gralha nota 10
O vereador Leandro Gralha (MDB), que não falou sobre o assunto na semana passada, decidiu dar a sua visão e levantou uma ideia. Quem conhece o histórico dele sabe: já foi secretário da Saúde e sabe como funciona aquele departamento como poucos. É alguém que sabe o que tá dizendo porque viveu na prática.
A sugestão dele foi simples, mas certeira: que o diretor vá junto com os pacientes e faça o roteiro. Só assim vai entender de verdade o que é ser transportado pra tratamento fora da cidade. É uma fala que não foi feita pra bater, mas pra abrir os olhos.
Em vez de subir na tribuna pra responder crítica, talvez o melhor caminho seja escutar — de perto, dentro da van, no calor, na madrugada, nos retornos longos.
Crítica é saudável. Desrespeito não
Para finalizar esse assunto, o caso do diretor de transporte escancarou algo que vem se acumulando: a dificuldade de lidar com críticas. Em vez de transformar o diálogo em construção, tem gente que encara qualquer cobrança como afronta pessoal.
Caputo resumiu bem: “Pode não gostar de mim, pode não gostar dos vereadores, mas nós fomos eleitos para cumprir a nossa função, que é fiscalizar e cobrar.” E é isso. O servidor público não é obrigado a aplaudir vereador, mas precisa respeitar a estrutura democrática.
Quem está no Executivo tem que entender que ser criticado faz parte. O microfone da Câmara não é um palco de desabafo institucional. É um espaço sagrado de debate público. E isso precisa ser preservado.
Letreiro bonito, mas…

Outro assunto da sessão foi a revitalização dos letreiros de Canela. O vereador Lucas Dias (PSDB) elogiou o cuidado, disse que é importante manter esses símbolos da cidade bem tratados. E ele está certo. Cuidar da imagem da cidade é importante.
Mas tem um porém. E ele está no chão.
Quem anda pelo centro ou pelos bairros de Canela sabe o que é desviar de buraco. Não é só incômodo, é prejuízo, é insegurança. O letreiro pode estar bonito, mas as ruas estão esburacadas, a sensação que me traz é de maquiagem em cima de machucado.
Um buraco na Augusto Pestana (foto) do lado da rótula, por exemplo, já foi tapado várias vezes. E volta. E volta. E volta. Isso diz muito sobre como alguns problemas em Canela são tratados: com solução temporária, não com resolução de verdade. Não é um problema de agora. Convido vocês a refletir sobre, não adianta só o letreiro está bonito, há outras coisas que precisam ser observadas.
Rota Panorâmica e o medo de quem estuda
O vereador Roberto Danany (MDB) também falou sobre a visita do diretor da Defesa Civil Nacional à Rota Panorâmica. Disse que foi importante, mas que não acredita que os recursos cheguem antes do fim do ano. Avisou que, se estiver errado, sobe na tribuna para reconhecer.
Além disso, tocou num ponto delicado: o transporte universitário. Disse que há estudantes com receio de fazer a matrícula por não saberem se vão ter os 100% do subsídio garantido. É um medo real, principalmente para quem depende disso para continuar estudando.
A vereadora Graziela Hoffmann (PDT) explicou que o direito está garantido por lei, mas o governo anterior não teria deixado os recursos encaminhados. Trago mais informações nas próximas edições.